Como investir com a inflação alta?

Lucrar em momentos de crise é possível, mas é preciso investir em produtos adequados para cada período
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Existem diferentes tipos de inflação, isso quer dizer que existem diferentes causas na economia para o aumento dos preços que o consumidor paga.

E.la é uma velha conhecida dos brasileiros e, nos últimos tempos, anda bem em alta. Sim, eu estou falando da INFLAÇÃO, que basicamente consiste na elevação dos preços que pagamos por produtos e serviços. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulada em 12 meses (referência abril de 2021) é de 6,76%. Isso quer dizer que apenas no último ano esse foi o percentual do seu poder de compra que foi corroído pela inflação. 

Nos investimentos a lógica também é a mesma: a rentabilidade final das suas aplicações financeiras fica menor com o avanço da inflação. É por isso que o aumento dos preços ao consumidor é acompanhado de perto pelo mercado financeiro. Em tempos de inflação em alta, as decisões de investimentos precisam ser adaptadas para garantir proteção ao nosso patrimônio. 

Neste artigo, vou falar sobre produtos financeiros para quando a tendência inflacionária é de alta, como no momento atual. No Brasil e em outros países temos acompanhado o avanço da inflação e um balanceamento da carteira dos investidores para fazer frente à elevação nos preços. Nós, mulheres, sabemos bem como fazer esse balanceamento com o orçamento doméstico quando os preços dos produtos e serviços que consumimos avançam muito. Agora, precisamos aprender como também lucrar, apesar da escalada da inflação

Entenda a inflação

O IBGE é responsável por produzir e divulgar o IPCA desde 1980. O IPCA mostra a média da variação do custo de vida de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos. A maior variação em um mês que o IPCA já teve foi em março de 1990, quando chegou a 82,39%, segundo o próprio Instituto. 

OLHA SÓ: Fundos de Renda Fixa: diversificação no alicerce da independência financeira

Existem diferentes tipos de inflação, isso quer dizer que existem diferentes causas na economia para o aumento dos preços ao consumidor. Quando dentro do centro da meta do Banco Central, alguma inflação pode até ser aceitável para o crescimento econômico. O Boletim Focus do Banco Central desta segunda-feira (24) projeta o IPCA para o ano de 2021 em 5,24% e, para 2022, a perspectiva é de inflação em 3,67%. Também é verdade que existem medidas diferentes – e complementares – que podem ser tomadas para frear o avanço da inflação. A mais popular delas é o aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic.

Investindo de olho na inflação

Se a inflação corrói o nosso poder de compra e a rentabilidade líquida dos nossos investimentos, ela precisa ser levada em conta na hora de montar a nossa carteira de investimentos. O ideal é que você sempre deixe uma parte do seu patrimônio aplicado em produtos financeiros indexados à inflação. Lembra da importância de diversificar nossos investimentos? Aqui mais uma vez essa estratégia entra em ação. Deixando parte do seu patrimônio em ativos atrelados à inflação é possível compensar parcialmente as perdas inflacionárias da sua carteira. 

Quais são os produtos que podem te proteger da inflação?

Tesouro IPCA+: este talvez seja o produto financeiro mais acessível para quem deseja se proteger da inflação, já que é um título público do Governo Federal negociado na plataforma do Tesouro Direto a partir de R$ 30,00. O Tesouro IPCA+ combina uma rentabilidade fixa + a variação da inflação. Isso quer dizer que esse título irá pagar dentro do vencimento estipulado um % fixo de juros + a inflação acumulada até o seu vencimento. 

Você pode escolher opções com ou sem juros semestrais. A dica aqui é: se você está em fase de acumulação de patrimônio, prefira os títulos sem juros semestrais e obtenha uma rentabilidade melhor através do efeito dos juros compostos (juros sobre juros). Se você já passou da fase de acumulação e precisa de uma renda passiva com frequência, pode escolher os títulos com pagamento de juros semestrais. 

Fundos de inflação: existem fundos de renda fixa que investem em títulos públicos indexados à inflação. Mas qual é a diferença entre investir diretamente no Tesouro IPCA+ e em um fundo de inflação? A primeira é que você ganha flexibilidade para fazer o resgate dos seus recursos com menor risco de perdas financeiras. Enquanto no título você só ganha o combinado se ficar até o vencimento, nos fundos esse risco é diluído porque há muitos títulos dentro da carteira do fundo. 

Vale lembrar, no entanto, que nos fundos há cobrança de imposto de renda via come-cotas e taxa de administração. A flexibilidade com o resgate pode custar um pouco mais caro. Faça as contas com atenção. 

Debêntures: as debêntures são um título de dívida emitido por uma empresa que precisa de recursos para financiar suas atividades. Na prática, você empresta dinheiro para uma companhia e, em troca, ela te paga juros no prazo combinado. Algumas debêntures (não todas) são indexadas ao IPCA e, portanto, oferecem rentabilidade que irá acompanhar a inflação. 

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Na hora de escolher uma debênture, muita atenção ao risco de crédito da empresa emissora e verifique as garantias oferecidas por essa operação, já que apesar de ser um produto de renda fixa, as debêntures não são cobertas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Não se esqueça de adequar o seu planejamento financeiro ao vencimento do título. Dica: as debêntures de infraestrutura têm rentabilidade isenta de imposto de renda.

Fundos Imobiliários: os contratos de aluguel dos fundos imobiliários podem ser corrigidos pelo IPCA ou pelo IGP-M, que é referência em reajuste anual de aluguéis. Os fundos imobiliários também oferecem rendimento mensal isento de imposto de renda, uma ótima opção para quem deseja ter renda passiva e recorrente. Vale atenção à escolha do fundo que irá compor a sua carteira: verifique na lâmina como os contratos são corrigidos, bem como os imóveis que estão no portfólio, taxas cobradas e reputação do gestor antes de investir. 

Os fundos imobiliários são produtos de renda variável e negociados em Bolsa de Valores, então o preço das cotas pode oscilar bastante em curto prazo, por isso se você não tem muito apetite por riscos, melhor ir aos poucos. Você pode vender sua cota no fundo quando quiser, desde que encontre outra pessoa que queira comprar a sua participação no momento da negociação.

Como você pode observar, existem excelentes opções para proteger o nosso patrimônio da inflação e a diversificação é a palavra de ordem! Diversificando seus investimentos (mesmo que aos poucos), mas investindo todos os meses com disciplina, você terá uma carteira blindada contra os reveses da economia. Lembre-se sempre de analisar os prazos, taxas e riscos da operação. Mulheres que lucram não deixam de investir em momentos de crise, nós investimos nos produtos adequados a cada momento e que nos colocam mais perto da nossa independência financeira.

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