2021: um ano louco para a economia

Inflação, pandemia e risco fiscal dominaram o cenário econômico brasileiro ao longo dos últimos 12 meses
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O ano de 2021 foi uma espécie de continuidade do caos observado em 2020, e pode até mesmo ser comparado aos loucos anos da década de 1920, marcados por diversas lutas sociais – como o início do sufrágio feminino -, grandes evoluções tecnológicas, principalmente nas telecomunicações, e uma das maiores crises econômicas da história (1929). A pandemia de Covid-19 se arrastou ao longo dos últimos 12 meses, incluindo novas variantes e gerando grande preocupação.

No entanto, a crise sanitária não foi a única coisa que herdamos de 2020. Ainda teve a crise econômica, uma consequência das decisões tomadas no ano anterior. Quando diversos economistas alertaram que imprimir dinheiro ou abaixar a taxa Selic para 2% causaria inflação, o governo rapidamente argumentou que isso não aconteceria, uma vez que a população não estava consumindo o suficiente para provocar uma elevação nos preços. Em 2021, observamos exatamente o contrário: uma inflação acima de 10% no consolidado dos 12 meses.

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Apesar de tarde demais, o governo passou, então, a aumentar a taxa Selic – que terminou o ano no patamar de 9,25% -, numa tentativa de frear o consumo e, assim, conter a inflação. No entanto, o poder público já havia gastado demais e ainda bateu o pé para aprovar o Auxílio Brasil, programa de distribuição de renda que substituiu o antigo Bolsa Família, no valor de R$ 400 por mês – uma medida altamente contraditória por vários motivos, incluindo o fato de ter sido tomada a menos de um ano das eleições presidenciais de  2022.

Durante meses o país discutiu de onde sairia tanto dinheiro. Foi aí que a saga da PEC dos Precatórios entrou em cena. A medida, capaz de jogar para frente o pagamento das ações judiciais perdidas pelo governo, mudaria a forma de calcular o orçamento do próximo ano e abriria espaço para gastos de mais de R$ 100 bilhões – ou seja, contemplaria o plano de ajuda aos mais vulneráveis. Para os investidores, a alternativa encontrada era um péssimo sinal: como confiar em um país que muda suas regras de acordo com a vontade dos governantes?

Temos, no entanto, que celebrar as boas (e poucas) notícias. A descoberta e implementação da vacinação no Brasil fizeram com que o número de mortes pela doença caísse exponencialmente dia a dia. Além disso, as empresas brasileiras conseguiram apresentar resultados financeiros positivos ao longo do ano, dando sinais de que estão mais preparadas para lidar com os problemas econômicos do país e do mundo.

O ano foi, sem dúvida, uma loucura quando analisado do ponto de vista econômico. No entanto, podemos tirar lições valiosas de tempos difíceis. Em primeiro lugar, aprendemos que nunca há, de fato, uma segurança. Isso nos leva a aproveitar melhor os momentos de estabilidade para se preparar para os tempos de turbulência.

Além disso, aprendemos que informação e agilidade são fontes de poder. Quanto mais rápido entendermos as crises, qualquer que seja ela, mais rápido buscaremos soluções. Isso vale para a vacina, mas vale também para medidas econômicas capazes de levar o país de volta ao prumo. 

O desafio ainda não acabou. E em países como o Brasil, ele  pode demorar mais do que o esperado. Em 2022, ainda estaremos enfrentando a pandemia e os problemas internos do país. Mas tenho certeza absoluta que os dois últimos anos nos fizeram mais fortes e resilientes. Pensando no copo meio cheio, aprendemos que somos poderosas, capazes de encarar os problemas que se apresentam diante de nós. Claro que é impossível prever com grande exatidão o que acontecerá nos próximos 12 certeza, mas já sabemos que somos capazes de encarar o que vier.

Feliz ano novo!

Carol Proença é estudante de economia e especialista de investimentos certificada

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