Eleições 2022: como analisar as propostas dos candidatos?

Para definir nosso voto e cobrar no futuro, devemos estar atentas aos planos apregoados durante as campanhas
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A cada quatro anos, a população recebe a responsabilidade de definir quem vai governar o país. Essa escolha envolve, além do presidente da República, também aqueles que vão ocupar os cargos de governadores, deputados – federais e estaduais – e senadores, além de prefeitos e vereadores (em pleitos alternados).

Assim, depois do lançamento oficial das candidaturas, é hora de voltar nossa atenção aos planos de governo, ou seja, os projetos e soluções que cada candidato, em sua esfera de atuação, propõem para colocar em prática quando forem eleitos. Esses documentos são essenciais para que os eleitores consigam entender as políticas públicas que serão implementadas em cada uma das áreas e, assim, possam decidir com consciência os candidatos mais alinhados às suas necessidades e mais preparados para resolver os problemas que o Brasil enfrenta.

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Atualmente, as principais preocupações estão relacionadas às crises econômica e sanitária. Infelizmente, a pandemia de Covid-19 está durando muito mais do que o previsto, e não há nenhuma garantia de que, até 2023, quando o novo governo estreará,  ela tenha chegado ao fim. Por este motivo – além da epidemia de influenza, que também atingiu o território brasileiro em cheio no verão -, é necessário que os postulantes ao principal cargo do país tenham como prioridade a definição de uma equipe qualificada para assumir o Ministério da Saúde e de políticas públicas capazes de diminuir os impactos desta e de outras potenciais crises sanitárias.

Em seguida, temos a crise econômica nacional e internacional, boa parte dela ocasionada pela pandemia. Com impacto direto sobre o bolso – e o futuro – da população, o problema é complexo e passa por várias frentes no Brasil: criação de uma política eficiente de geração de empregos, queda – e controle – da inflação e diminuição do risco fiscal. Mais uma vez, propostas concretas e bem embasadas, além de uma equipe econômica afinada, são essenciais.

Uma das alternativas para criar novos postos de trabalho é apostar em obras públicas, como defendido pelo economista britânico John M. Keynes. Ao autorizar novos projetos ou retomar aqueles que estão parados, aumenta-se a quantidade de mão-de-obra necessária na construção civil, setor responsável por cerca de 7% do PIB nacional e por empregar 10% dos trabalhadores do país. Porém, este é um custo que dificilmente caberá no orçamento dos próximos anos, já que o governo precisou gastar uma quantia considerável de dinheiro nos últimos 24 meses por conta da pandemia. A proposta, portanto, só poderia ser viabilizada com o aumento de impostos – medida bastante impopular para quem está sonhando com um cargo em Brasília. 

Por outro lado, os candidatos poderiam propor medidas de incentivo ao empreendedorismo, principalmente às micro e pequenas empresas que, atualmente, respondem por 27% do PIB brasileiro e 52% dos empregos com carteira assinada. Esses estímulos poderiam ser disponibilizados na forma de redução de impostos, inclusive trabalhistas, aumento da oferta de linhas de crédito e na redução da burocracia que trava o crescimento e a abertura de novos negócios. 

Em relação à inflação, as principais propostas devem passar pela continuidade da elevação da Selic (para conter o  aumento dos preços) e pelo estímulo ao aumento da cadeia de produção (para aumentar a oferta). Já propostas relacionadas ao tabelamento de preços, algo implementado no passado e que se provou um verdadeiro fracasso econômico, não devem ser contempladas.

Por fim, um dos principais desafios dos candidatos é implementar suas propostas sem aumentar o risco fiscal. Nos últimos tempos, o governo tem gasto muito mais do que arrecada para dar conta da pandemia de Covid-19. Como já houve uma corrosão das finanças públicas, vale ficar de olho em alternativas capazes de gerar uma diminuição dos gastos do governo em áreas estratégicas – principalmente no que diz respeito às despesas da própria classe política. Além disso, sempre existe a possibilidade de estudar a privatização ou venda de parte do controle das estatais. Apesar de polêmicas, se bem embasada, essa alternativa pode provocar um poderoso reforço no caixa público. 

Nunca é demais lembrar que, durante as campanhas eleitorais, quando buscam seduzir os eleitores e conquistar seus votos, muitos candidatos lançam mão de propostas populistas, nome dado a medidas que parecem sedutoras,  mas são ineficientes e podem gerar graves consequências econômicas. Um exemplo recente foi a tentativa de criação do Auxílio Diesel, que surgiu para ajudar os caminhoneiros no final do ano passado. O problema da proposta é que o governo não tinha recursos suficientes para colocá-la em prática sem aumentar o rombo das finanças públicas, uma vez que seriam necessários R$ 3,6 bilhões segundo o Relatório de Acompanhamento Fiscal.. A consequência é que a medida não avançou um milímetro além do discurso do presidente Jair Bolsonaro.

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Para conseguir analisar de forma racional as propostas apresentadas, é interessante acompanhar as análises dos economistas, profissionais capazes de identificar a real viabilidade das mesmas e suas consequências. Além disso, só quem acompanha este cenário pode, futuramente, cobrar com propriedade. Definir quem vai governar o país nos próximos anos é uma grande responsabilidade. E escolher de forma consciente é o primeiro passo para exercer esse direito da melhor maneira possível. 

Carol Proença é estudante de economia e especialista de investimentos certificada

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