Os impactos da greve dos auditores fiscais na economia brasileira

Categoria reivindica reajustes salariais e bonificações, mas qualquer paralisação, total ou parcial, pode jogar o país numa crise ainda mais profunda
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Na manhã de ontem (18), os auditores fiscais e outros funcionários da Receita Federal anunciaram uma greve como forma de protesto pela falta de reajustes salariais. Com o intuito de conter os gastos, que subiram por causa da pandemia da Covid-19, o governo decretou, em 2020, o congelamento dos salários dos servidores públicos. Desde então, eles estão sem reajuste, que é feito pelo índice de inflação.

No entanto, não é apenas por salário que os auditores estão em greve. Eles também pleiteiam a regulação das bonificações – acordo que, segundo o sindicato, não foi cumprido pelo governo. Na outra ponta, no entanto, o risco fiscal assombra o país, fazendo com que se torne impossível o poder público atender aos pedidos da classe. Segundo o Ministério da Economia, cada 1% de reajuste (geral, não apenas aos auditores) geraria um impacto no orçamento de R$ 3 bilhões.

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E é claro que os auditores sabem disso. Porém, a revolta surgiu depois que o presidente Jair Bolsonaro declarou, em 8 de janeiro, que reservaria R$ 1,7 bilhão do orçamento de 2022 para o reajuste de funcionários da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Federal. A situação gerou desconforto nos servidores que não tiveram a mesma medida.

Mas, afinal, por que estou falando sobre os auditores fiscais?

Porque o auditores que gerem o nosso imposto de renda. Também são eles que liberam a circulação de diversos produtos, como os importados e exportados. No último dia 12, como maneira de demonstrar sua insatisfação, eles decidiram fazer vistorias minuciosas nas cargas. Essa iniciativa provocou uma fila de 200 caminhões na fronteira entre Paraguai e Brasil.

Por isso, se houver uma greve – geral ou parcial – dos auditores, a circulação de produtos será afetada, assim como aconteceu na greve dos caminhoneiros em 2018. Dessa forma, a demanda reprimida e da escassez pode ser uma piora da inflação, mal que afeta o Brasil há mais de um ano.

Assim como todas as formas de protesto são legítimas, a dos auditores segue a mesma lógica. No entanto, é necessário levar em consideração que, em meio a duas crises atuais – uma econômica e outra sanitária -, qualquer decisão precisa ser pensada com cautela, com vistas a evitar uma piora no cenário nacional.

Por outro lado, a discussão é bem mais profunda, já que a situação reflete uma falta de gestão das finanças do governo. Com isso, os auditores acabaram sendo afetados. Desde que a pandemia começou, o Brasil é o país latino-americano que mais gastou para combatê-la: R$ 633 bilhões. Isso não quer dizer, no entanto, que esse dinheiro foi bem empregado. Prova disso é a quantidade de cidadãos que contraíram a doença: 23,1 milhões, com mais de 621 mil óbitos. Este, no entanto, é assunto para a próxima coluna.

Carol Proença é estudante de economia e especialista de investimentos certificada

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