Entre Quênia e Tanzânia, senti totalmente o poder da comunicação

Precisamos nos comunicar de maneira clara e verdadeira e trocar vivências para crescer como pessoa
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Arquivo Pessoal
Gisele viajou para Uganda, Ruanda, Quênia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Namíbia, África do Sul e Moçambique durante o período no continente africano (Foto: Arquivo Pessoal)

Precisamos nos comunicar de maneira clara e verdadeira e trocar vivências para crescer como pessoa

Entre minhas aventuras mundo afora, sempre passo por experiências e encontro pessoas que me marcam muito. São momentos riquíssimos que vejo como grandes lições para mim e para outros também envolvidos. 

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Tenho muitas histórias curiosas durante o período em que viajei pela África. Além do trabalho voluntário, que já contei por aqui em outros textos, também tive algumas oportunidades de vivenciar a vida africana, suas raízes e curiosidades. 

Na boleia de um caminhão/ônibus, passei por Uganda, Ruanda, Quênia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Namíbia, África do Sul e Moçambique, sempre explorando muito a parte cultural e natural de cada um destes países.

Foi exatamente entre o Quênia e a Tanzânia que tive a oportunidade de me comunicar e quebrar tabus ao conseguir fazer com que os locais, que me viam como doente pelo fato de eu ser mulher, com mais de 30 anos, ainda solteira e sem filhos, passassem a entender que aquilo era uma opção minha e não uma doença.

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Gisele viajou na boleia do caminhão/ônibus por alguns países africanos (Foto: Arquivo Pessoal)

Durante uma parada para abastecer o caminhão com comida, meu grupo foi às compras e eu me empolguei com uma feirinha de artesanato que havia na frente de onde havíamos estacionado.

Enquanto eu admirava os produtos, tentava também conversar com os nativos. E foi em uma das barraquinhas que uma mulher de nome Lua, me deu a oportunidade de sentir na alma o poder da comunicação.

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Entre uma pergunta e outra, de onde eu era, o que estava fazendo por ali, ela percebeu que eu não estava acompanhada e me perguntou onde estavam meu marido e meus filhos. Respondi que não tinha nenhum dos dois. E aí veio mais uma vez o tratamento diferenciado… não de uma forma positiva, mas com a expressão de dó e resistência.

Ela me olhava desconfiada, com julgamento no olhar, sem entender direito o que pensar. Eu já estava chegando no meu limite com aquele assunto e reações. Não foi uma ou duas vezes que este “bloqueio” aconteceu e para falar a verdade, cheguei algumas vezes a me indagar sobre minhas próprias escolhas. Foi então que decidi enfrentar a situação e me comunicar 100%. Passar a minha verdade e minha visão sobre o assunto.

Expliquei a ela que não estava casada e/ou tinha filhos, porque eu ainda tinha muita sede de aprender e estar em todo lugar. Não estava preparada para dividir com alguém a Gisele que eu ainda estava descobrindo. Deixei claro que para casar e constituir família, eu queria estar realizada e pronta para poder dividir 100% da minha vida com meu futuro marido e filhos… assim como meus pais fizeram e fazem até hoje.

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Gisele durante a viagem de caminhão/ônibus pelo continente africano (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de meu desabafo, Lua, emocionada, pediu desculpa por ter me julgado e, logo em seguida, me disse que nunca tinha conhecido uma pessoa com um olhar tão feliz como o meu. Ela afirmou também que contaria para a filha, quando fizesse 15 anos e começasse a pensar no casamento, minha história e meus ideais, e que deixaria a menina escolher o caminho dela com relação a isso. Aquilo fez meu ano, minha viagem, e me trouxe muita paz!

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Tenho alguns pontos para destacar… Primeiro, sobre a atenção que me foi dada naquele momento. Para mim, enquanto falava, Lua me olhava fixamente, prestando atenção em tudo, estava realmente disposta a ouvir. E segundo, que ninguém é “adivinho” e consegue saber o que você pensa ou como você é. Precisamos nos comunicar de maneira clara e verdadeira e trocar vivências para crescer como pessoa. A comunicação que tive com ela, naquele momento, foi algo inusitado para nós duas.

Eu não tenho como saber se ela realmente contou para a filha, depois de tantos anos sobre nossa conversa. Lembro que na época, a filha da Lua tinha, aproximadamente, sete anos. Mas não tenho dúvidas que ela comentou com alguma mulher, amiga, com alguém da família, sobre aquele assunto. Este momento que tivemos juntas, partiu de uma troca de informação. Eu contei minha verdade e ela se abriu para me entender e respeitar. E nós duas saímos de lá impactadas uma pela outra.

Eu sinto que consegui plantar uma sementinha, naquelas lindas mulheres e pessoas incríveis. Elas podem ter se identificado com a minha vontade de viver, de aprender e quem sabe, eu consegui despertar o interesse delas em explorar diferentes atitudes e pensamentos que elas nunca imaginaram.

 Agora uma dica… viaje sempre que puder, para qualquer um dos lugares pelo mundo.

Gisele Abrahão é uma viajante do mundo, empreendedora consciente, criadora do prêmio Impactos Positivos e idealizadora da plataforma Lugares pelo Mundo.

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