Ter mais dinheiro significa ser mais feliz?

Estudo realizado com ganhadores da loteria mostram que, depois de algum tempo, o prazer com o prêmio já não faz diferença
avatar Cris Mancini

Na estreia do meu espaço aqui na Elas Que Lucrem, quero trazer o assunto mais central da economia: o capital, que, de forma geral, é o nome técnico que damos ao dinheiro, e sua relação com a felicidade ao redor do mundo. Considero esse início fundamental para, inclusive, abordarmos outros assuntos futuramente.

Existe uma área da economia chamada “economia da felicidade” que busca responder, com dados, se o dinheiro traz, de fato, felicidade. Meu intuito é apresentar o que os dados mostraram ao longo dos anos e abrir para as opiniões que, sabemos, serão diferentes.

Um dos estudos realizados por Philip Brickman, Dan Coates e Janoff-Bulman com ganhadores da loteria mostram que, depois de algum tempo, a felicidade com o prêmio já não fazia diferença para eles.

Em 2010, Angus Deaton e Daniel Kahneman, ambos ganhadores do Nobel da economia, concluíram que US$ 75 mil por ano seriam suficientes para suprir todas as necessidades de uma família nos Estados Unidos (o estudo foi realizado lá). Dessa forma, acima dessa quantia, a felicidade pararia de “existir”. Isso não aconteceu: a felicidade continuou existindo. 

LEIA MAIS

Por meio dos estudos realizados pelo Escritório Nacional de Estatísticas do Reino Unido concluiu-se que o bem-estar, a satisfação pessoal e a felicidade são maiores quando a riqueza da família é maior – e não quando a renda pessoal é maior. Curiosamente, outros tipos de riqueza, como a posse de bens (automóveis e joias, por exemplo), não estão tão relacionados com a felicidade. O estudo desconsidera fatores como idade, sexo, etnia e estado de saúde. O relatório afirma que é possível que o dinheiro traga a felicidade, assim como a felicidade pode ser a responsável por trazer o dinheiro. Além disso, a pesquisa foi realizada durante uma crise econômica. Dessa forma, a relação entre riqueza e felicidade poderia ser diferente em outras situações.

Já para Eugenio Proto, professor de economia da Universidade de Warwick, no Reino Unido, a felicidade vem antes do dinheiro. Segundo ele, a personalidade de cada um tem relação direta com a capacidade de ser feliz a partir dele. O economista investigou a relação entre a renda e o bem-estar de pessoas que têm maior risco à depressão ou sensibilidade a sentimentos como raiva. Nesses casos, mais dinheiro não necessariamente faz com que alguém se sinta mais feliz, mas sim, na maioria das vezes, faz com que se sinta mais independente financeiramente.

Países com renda mais alta têm maiores “taxas de felicidade”, mas o crescimento não é proporcional ao aumento da renda. Mesmo com mais riqueza, o nível de felicidade permanece estagnado.

De acordo com o “World Happiness Report”, o Brasil está na 38ª posição no ranking mundial da felicidade, que contempla 146 países. O primeiro é a Finlândia. Recentemente divulgado, o estudo foi elaborado durante a pandemia de Covid-19, e mostra que o nível de riqueza de uma nação está relacionado à independência financeira e à sua relação com o dinheiro – e não somente ao que e quanto se consome e ao que e quanto se produz.

Cristiane Mancini é economista, mestre e docente de economia, especializada em análises macro e setoriais.

O conteúdo expresso nos artigos assinados são de responsabilidade exclusiva das autoras e podem não refletir a opinião da Elas Que Lucrem e de suas suas editoras

Fique por dentro de todas as novidades da EQL

Assine a EQL News e tenha acesso à newsletter da mulher independente emocional e financeiramente

Baixe gratuitamente a Planilha de Gastos Conscientes

Conheça a plataforma de educação financeira e emocional EQL Educar. Assine já!

Compartilhar a matéria:

×