Contei em alguns outros posts aqui na coluna Lugares Pelo Mundo sobre alguns lugares que visitei durante um período de mochilão que fiz pela África. Antes de montar meu roteiro e preparar essa viagem, já tinha uma certeza na escolha dos países e Botsuana foi uma das minhas primeiras decisões.
E isso se deu por querer conhecer lugares e culturas que realmente não tinha tido muito contato. O objetivo era conhecer um destino do zero deixando com que cada detalhe transformasse minha experiência em algo natural. E foi uma escolha que acertei e acabei me surpreendendo a cada momento.
Um dos primeiros locais que visitamos foi um safári e fizemos um passeio de barco pelo Parque Nacional de Chobe, que é apelidado como “a terra dos gigantes”, por abrigar grandes manadas de elefantes africanos. Mas também é um lugar de uma das faunas mais diversas do país. Durante nosso passeio, vimos belíssimas paisagens, rodeadas de animais e pudemos testemunhar um pôr do sol com cores vibrantes em vermelho, uma cena realmente marcante.
Logo depois seguimos para Maun, uma pequena cidade perto do Delta do Okavango. Chegamos a uma das “margens” do Delta e nos encontramos com os guias que iam nos levar em uma mokoro (pequena canoa de madeira). Depois de uma hora e meia de trajeto, chegamos ao local onde iríamos acampar por dois dias/noites. Enquanto estávamos lá, aproveitamos ao máximo os arredores. Fomos nadar, desfrutamos de várias caminhadas, tivemos aulas de mokoro e, durante a noite, ficamos ao lado da fogueira conversando e conhecendo os moradores que cantavam para nós.
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No segundo dia à tarde, percebi que alguns suprimentos do nosso acampamento tinham acabado e ainda precisaríamos ficar por mais uma noite. Pedi a um dos guias, que chamava KT, para nos levar para uma aldeia próxima para que pudéssemos nos abastecer. Tive a sorte de ter o melhor guia que poderia aparecer. O TK era um jovem nativo com muita paixão pelo seu país e pelo seu trabalho e uma vontade incrível de tornar a experiência dos visitantes inesquecível. Ele estava pronto para ajudar em qualquer situação.
Como tínhamos pouco tempo antes de escurecer, ele literalmente “voou” o mokoro pelos canais e nos levou em apenas 30 minutos – mesma rota que havíamos feito em uma hora e meia no dia anterior. Chegando na aldeia, eu sentei em um dos comércios que tinha e comecei a conversar com as pessoas de lá. Como levamos pouco dinheiro, tivemos que barganhar alguns itens na base da pechincha.
E isso levou bastante tempo, tanto que o dia já havia virado noite e ainda tínhamos um percurso extenso até o acampamento. Foi aqui que a confiança que citei no título entra na história. O Tk disse que era muito perigoso navegar de mokoro no período noturno, por ter pouca visão do caminho e estarmos cercados de vida selvagem. Mas nós precisávamos voltar com os suprimentos.
Ele me disse para confiar nele e que conseguiríamos ir com calma. Estávamos eu e ele no mokoro, quando jogamos um pouco de luz na água, havia inúmeros reflexos de olhos de hipopótamos brilhando pela superfície da água. Foi um dos momentos mais assustadores e intensos que já havia passado. Não sei se você já ouviu falar em ataques de hipopótamos na África, mas é um dos animais mais perigosos e agressivos com os humanos.
Era ele e eu no mokoro numa tensão imensa.A todo momento sabíamos que algo ruim poderia acontecer, qualquer esbarrão em um deles poderia gerar algo inimaginável. A única coisa que eu consegui fazer era dar ao TK a certeza de que eu confiava nele para aquela travessia (por olhares, palavras e postura confiante). E isso pareceu dar a força que ele precisava naquela ocasião.
Ao chegar em terra firme dei um abraço forte e demorado no TK, agradecendo a ele por sua força, coragem e precisão. Revivendo essa lembrança em minha cabeça, entendo que parece um pouco assustador o fato que minha vida correu sérios riscos naquele momento e que confiei tudo que tinha no empenho e conhecimento de uma pessoa que fui apresentada um dia antes. Mas a experiência foi tão intensa que me serviu como mais uma linda lição para vida: confie mais em pessoas e instintos! Mesmo anos depois, me recordo com muito carinho de TK e sinto gratidão pela oportunidade de viver momentos como aquele.
Agora uma dica… viaje sempre que puder, para qualquer um dos lugares pelo mundo.
Gisele Abrahão é uma viajante do mundo, empreendedora consciente, criadora do prêmio Impactos Positivos e idealizadora da plataforma Lugares pelo Mundo.
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