Botsuana me ensinou que confiar acalma a alma

Aprendi uma lição para a vida: confie mais em pessoas e instintos
avatar Gisele Abrahao
Gisele faz travessia de mokoro - pequena canoa de madeira
Travessia de mokoro para chegar ao acampamento (Foto: Arquivo Pessoal)

Contei em alguns outros posts aqui na coluna Lugares Pelo Mundo sobre alguns lugares que visitei durante um período de mochilão que fiz pela África. Antes de montar meu roteiro e preparar essa viagem, já tinha uma certeza na escolha dos países e Botsuana foi uma das minhas primeiras decisões. 

E isso se deu por querer conhecer lugares e culturas que realmente não tinha tido muito contato. O objetivo era conhecer um destino do zero deixando com que cada detalhe transformasse minha experiência em algo natural. E foi uma escolha que acertei e acabei me surpreendendo a cada momento.

Um dos primeiros locais que visitamos foi um safári e fizemos um passeio de barco pelo Parque Nacional de Chobe, que é apelidado como “a terra dos gigantes”, por abrigar grandes manadas de elefantes africanos. Mas também é um lugar de uma das faunas mais diversas do país. Durante nosso passeio, vimos belíssimas paisagens, rodeadas de animais e pudemos testemunhar um pôr do sol com cores vibrantes em vermelho, uma cena realmente marcante.

elefantes no Parque Nacional Chobe
Elefantes no Parque Nacional Chobe (Foto: Reprodução)

Logo depois seguimos para Maun, uma pequena cidade perto do Delta do Okavango. Chegamos a uma das “margens” do Delta e nos encontramos com os guias que iam nos levar em uma mokoro (pequena canoa de madeira). Depois de uma hora e meia de trajeto, chegamos ao local onde iríamos acampar por dois dias/noites. Enquanto estávamos lá, aproveitamos ao máximo os arredores. Fomos nadar, desfrutamos de várias caminhadas, tivemos aulas de mokoro e, durante a noite, ficamos ao lado da fogueira conversando e conhecendo os moradores que cantavam para nós.

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No segundo dia à tarde, percebi que alguns suprimentos do nosso acampamento tinham acabado e ainda precisaríamos ficar por mais uma noite. Pedi a um dos guias, que chamava KT, para nos levar para uma aldeia próxima para que pudéssemos nos abastecer. Tive a sorte de ter o melhor guia que poderia aparecer. O TK era um jovem nativo com muita paixão pelo seu país e pelo seu trabalho e uma vontade incrível de tornar a experiência dos visitantes inesquecível. Ele estava pronto para ajudar em qualquer situação. 

Como tínhamos pouco tempo antes de escurecer, ele literalmente “voou” o mokoro pelos canais e nos levou em apenas 30 minutos – mesma rota que havíamos feito em uma hora e meia no dia anterior. Chegando na aldeia, eu sentei em um dos comércios que tinha e comecei a conversar com as pessoas de lá. Como levamos pouco dinheiro, tivemos que barganhar alguns itens na base da pechincha. 

E isso levou bastante tempo, tanto que o dia já havia virado noite e ainda tínhamos um percurso extenso até o acampamento. Foi aqui que a confiança que citei no título entra na história. O Tk disse que era muito perigoso navegar de mokoro no período noturno, por ter pouca visão do caminho e estarmos cercados de vida selvagem. Mas nós precisávamos voltar com os suprimentos.

margem do Delta de Okavango
O mokoro é uma pequena canoa de madeira usada para a travessia em Botsuana (Foto: Arquivo Pessoal)

Ele me disse para confiar nele e que conseguiríamos ir com calma. Estávamos eu e ele no mokoro, quando jogamos um pouco de luz na água, havia inúmeros reflexos de olhos de hipopótamos brilhando pela superfície da água. Foi um dos momentos mais assustadores e intensos que já havia passado. Não sei se você já ouviu falar em ataques de hipopótamos na África, mas é um dos animais mais perigosos e agressivos com os humanos. 

Era ele e eu no mokoro numa tensão imensa.A todo momento sabíamos que algo ruim poderia acontecer, qualquer esbarrão em um deles poderia gerar algo inimaginável. A única coisa que eu consegui fazer era dar ao TK a certeza de que eu confiava nele para aquela travessia (por olhares, palavras e postura confiante). E isso pareceu dar a força que ele precisava naquela ocasião.

Ao chegar em terra firme dei um abraço forte e demorado no TK, agradecendo a ele por sua força, coragem e precisão. Revivendo essa lembrança em minha cabeça, entendo que parece um pouco assustador o fato que minha vida correu sérios riscos naquele momento e que confiei tudo que tinha no empenho e conhecimento de uma pessoa que fui apresentada um dia antes. Mas a experiência foi tão intensa que me serviu como mais uma linda lição para vida: confie mais em pessoas e instintos! Mesmo anos depois, me recordo com muito carinho de TK e sinto gratidão pela oportunidade de viver momentos como aquele.

Agora uma dica… viaje sempre que puder, para qualquer um dos lugares pelo mundo.

Gisele Abrahão é uma viajante do mundo, empreendedora consciente, criadora do prêmio Impactos Positivos e idealizadora da plataforma Lugares pelo Mundo.

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