Como a temida inflação se comportará em 2022

Ao que tudo indica, o aumento dos preços continuará ao longo do ano, apesar das medidas de aumento de juros para conter o consumo
avatar Cris Mancini

O mundo enfrenta um período de desequilíbrio de preços após a pandemia de Covid-19 e, por agora, também em decorrência do conflito entre a Ucrânia e Rússia. Embora as altas de preços sejam algo bastante conhecido no Brasil (mas não exclusivo dele), não é fácil de se acostumar com a deterioração das condições de vida e da lenta retomada econômica.

Mas, afinal de contas, o que vem a ser a inflação? É o aumento de preços de forma contínua e generalizada, ou seja, não de um único produto ou serviço e de forma isolada. Atenção! Somente no Brasil são mais de 13 indicadores para mensurar a inflação (mas este é tema para outro artigo).

E por que para os brasileiros – e para os demais países na América Latina, principalmente – essa alta gera desconforto e relembra períodos difíceis da história econômica? Porque com a inflação vem a perda do poder aquisitivo, a redução da capacidade de compra/consumo, o desestímulo aos investimentos (inclusive para a criação de empregos) e a diminuição das margens de lucros, entre vários outros prejuízos.

A questão central é que, por conta da inflação, há a perda de valor da moeda, ou seja, com a mesma quantidade de “moedas” se compra menos produtos e serviços – ou seja, é preciso mais “moedas” para comprar o mesmo que se comprava anteriormente.

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Quando os aumentos dos preços são, por assim dizer, ainda mais altos, chamamos de hiperinflação – situação em que a perda do poder aquisitivo faz com que os residentes do país afetado abandonem a moeda local e passem a utilizar outra. Foi o que aconteceu na Argentina. Os argentinos preferem receber reais ou dólares em vez de pesos.

Mas há também situações totalmente opostas, como o que chamamos de deflação ou, como alguns apelidam, “boa inflação”. É o caso da Suíça, por exemplo, onde o que existe, na verdade, é uma queda transitória de preços causada por uma moeda muito valorizada e pela redução dos preços das commodities (que não é algo permanente).

Outro exemplo de deflação acontece no Japão, que enfrentava sucessivas quedas de preços desde os anos 1990. O nome que se dá a isso é processo deflacionário crônico. Atualmente, o país já não enfrenta mais essa situação e registra índices de 0,8%, segundo a Confederação Sindical Japonesa, a maior alta em 26 anos.

Mas é importante ressaltar que a inflação, quando equilibrada, é algo benéfico. O decréscimo de preços continuado pode trazer prejuízos. Mais uma vez o Japão pode ser usado de exemplo. Os japoneses, muitas vezes, deixaram de comprar determinados produtos porque sabiam que eles poderiam estar mais baratos no dia seguinte. Com isso, os produtores ficavam com estoques cheios, arcavam com os custos e, consequentemente, perdiam sua capacidade de investir, de contratar novos funcionários, de reajustar os salários…

Diante de realidades tão diferentes pelo mundo, o que esperar?

A inflação desequilibrada permanecerá em 2022. No Brasil, os preços altos são influenciados por todo o contexto global do conflito entre a Rússia e Ucrânia – maiores produtores globais de trigo, milho e gás – e, também, por questões estruturais e conjunturais internas: cotações crescentes de commodities, câmbio valorizado em 2020/2021, redução acelerada dos juros nos últimos dois anos. Para conter a inflação, uma das medidas é, justamente, o aumento da taxa de juros, algo que já estamos observando, e que consequentemente inibe o consumo das famílias. Só nos resta esperar que as perdas não permaneçam tão drásticas.

Cristiane Mancini é economista, mestre e docente de economia, especializada em análises macro e setoriais.

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