Conheça o primeiro banco de imagens dedicado a retratar a real imagem da mulher preta brasileira

Idealizado por Joana Mendes, a iniciativa foi desenvolvida integralmente por mulheres
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Segundo levantamento feito pelo IBGE, o percentual da população brasileira autodeclarada negra (pretos e pardos) chegou a 56,2% em 2019. Entretanto, ainda que em maior número, tal camada da sociedade ainda enfrenta desafios relacionados à desigualdade socioeconômica e acesso a espaços como universidades, cargos de liderança e classes sociais mais altas.

O reforço das diferenças não para por aí. No sentido deste fluxo, a população negra ainda é sub-representada em campanhas publicitárias, anúncios, peças e banners, sejam eles físicos ou virtuais.

Foi com este incômodo de fazer parte de uma parcela da população com alta participação mas pouco levada em consideração até na hora de consumir, que a publicitária Joana Mendes (foto) criou a iniciativa Young, Gifted and Black (YGB), um banco de fotos totalmente dedicado a fornecer a real imagem da mulher negra brasileira.

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Isso porque, para Joana, a questão vai além da sub-representação de mulheres negras em peças publicitárias. Ela também está atrelada ao estereótipo levado em consideração quando existe uma figura preta o roteiro: neste caso, ela é sempre retratada como a mulata tipo exportação, aquela velha ideia da passista de samba, ou a personificação da tia Nastácia, a cozinheira, herança que remonta o perfil da ama de leite no período escravocrata brasileiro.

Sobre a herança e a imagem, Joana comentou em um texto de sua autoria para a plataforma Draft que “esse projeto não é só sobre colocar as mulheres negras como modelos, como um corpo. Porque isso a sociedade já considera a gente: a mulata tipo exportação, a ama de leite. Esse lugar já foi posto pela escravidão e pelo racismo”. Diz ela que conclui: “eu queria que as mulheres negras mostrassem toda a sua potência. Que, sim, pode vir pelo corpo, mas pode ser muito mais. Pode vir do lugar de respeito que a sociedade dá aos brancos: o talento, a subjetividade, o olhar”.

O YGB antes de ser concretizado foi gestado por meio de um financiamento coletivo, que forneceu recursos para o pontapé inicial do projeto. No total, Joana conseguiu arrecadar R$ 13.764 em um mês de campanha e o produto da captação foi a formulação do site para o projeto e mais de 120 fotos já disponíveis para uso.

O projeto fotográfico, por completo, é feito somente por mulheres pretas, do desenvolvimento da plataforma, às modelos e fotógrafas, e ainda conta com apoio financeiro para ser alimentado. As contribuições podem ser feitas diretamente ou por meio da compra de produtos como canecas e cartões postais comercializados na plataforma Loja YGB.

As imagens do banco YGB são comercializadas em diferentes tamanhos e por valores que partem de zero a US$ 375.

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