Maria das Lições e Missões

A professora fala sobre sua trajetória profissional, conquistas pessoais e relacionamento com a primeira neta
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Maria das Lições e Missões
Maria Priscila Bacellar Monteiro, 57 anos, nasceu em São Paulo e cresceu em um apartamento na Rua Augusta

Este perfil faz parte da reportagem especial “Maria, Maria: um retrato sociocultural da mulher brasileira”. Para acessar a série completa, clique aqui

Maria Priscila, 57 anos, professora

O trabalho na área da educação é uma das grandes conquistas de Maria Priscila. A mestra em educação matemática e especialista em formação de professores de matemática conta como a profissão contribuiu para o relacionamento com os filhos e agora com a primeira neta, Iara, de seis anos. Durante quinze anos foi professora de educação infantil, e a sensibilidade, o diálogo e a escuta eram partes essenciais de seu trabalho.

Maria Priscila Bacellar Monteiro, 57 anos, nasceu em São Paulo e cresceu em um apartamento na Rua Augusta. Saiu da cidade duas vezes e, após o fim do primeiro casamento, voltou para o centro da metrópole, onde vive até hoje. Casada há trinta anos, Priscila tem três filhos: Iraquitan e Lucas, da primeira união, e Arthur do casamento atual.

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De oito irmãos, seis são mulheres. A mãe era religiosa e todos os filhos receberam nomes ligados ao catolicismo: Ana Maria, Maria Inês, Maria Beatriz, Maria Zélia, Maria Priscila, Maria Tereza, Pedro Eugênio e Paulo que, por pedido do pai Moacyr, não recebeu nome composto. “Minha mãe que gostava de nomes duplos, acho que para chamar quando estivesse brava”, brinca.

Os pais sempre viveram na região central de São Paulo, a família vivia bem financeiramente, mas não tinha dinheiro sobrando e, aos dezesseis anos, ela começou a trabalhar. Celina Maria, a mãe de Priscila, era professora e todos os filhos tinham bolsa de estudos em colégios da rede privada. O interesse de Priscila pela profissão nasceu quando ainda era adolescente: “Meu interesse pela educação surgiu na escola. Lá tinha uma creche e na hora do intervalo eu sempre ia brincar com as crianças”, comenta.

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Na época de seu colegial, atual ensino médio, havia a opção de cursar o ensino técnico nas escolas e o magistério foi sua escolha. “Nessa época, eu tinha quinze anos e fui para uma escola, era como um estágio. Naquele tempo o curso superior não era exigido e era muito comum ver professores que não tinham nem o magistério. Eu fazia magistério e rapidamente fui contratada, passei a ser professora e aos dezesseis anos já tinha uma turma de alunos”.

“Minha neta é um amor incondicional, a gente é muito ligada, é uma relação muito diferente e eu acabo ficando só com as bonitezas da vida.”

Um projeto para saúde e educação, feito pelo Arcebispo de Olinda em 1979, levou a professora para Pernambuco, na época ela dava aulas para turmas de alfabetização em uma comunidade carente de Recife. No trajeto até a escola, sempre via duas crianças sozinhas, uma menina e um menino de um e dois anos. A mãe levava essas crianças para pedir esmolas nas ruas da cidade. Priscila acabou se aproximando da família e, todos os dias, buscava os irmãos e os levava para a escola, os dois brincavam enquanto ela lecionava. Depois de um tempo, o menino foi morar com Priscila, a mãe biológica estava com problemas e pediu ajuda para professora.

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Foram quatro anos morando na capital de Pernambuco e, após engravidar, Priscila decidiu voltar para São Paulo porque ela e seu ex-marido, Pedro Luís, queriam ter o bebê na cidade. Adotar Iraquitan, que já estava a quase dois anos sob os cuidados da professora, também tornou-se um desejo dos dois. A mãe biológica do garoto aceitou o pedido de adoção e a guarda judicial ficou com o casal. “Naquele tempo ainda não existia o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que é uma lei super importante do ponto de vista da defesa do menor, então eu não pude adotar formalmente. Quando saiu o ECA, eu entrei com processo de adoção e eu e o ex-marido adotamos”, comenta.

Após o nascimento de Lucas, em São Paulo, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, Pedro Luís era de lá. O casamento durou, aproximadamente, quatro anos e, com o fim da relação, Priscila voltou com os filhos para o centro de São Paulo. O terceiro filho, Arthur, fruto de seu segundo casamento, nasceu e cresceu na cidade. São quase trinta anos de união com José, o atual esposo. “Ter uma família harmônica é uma grande conquista. Neste momento de isolamento, conviver bem dentro de um apartamento, me parece, atualmente, minha maior conquista”, diverte-se.

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Sua trajetória profissional é extensa. Priscila já passou por diversas experiências na área da educação e, além do magistério, formou-se em pedagogia, fez mestrado em educação matemática e se especializou na formação de professores em matemática. Trabalhou para o Ministério da Educação (MEC) e, durante seu período de colaboração, foi convidada para fazer o Referencial de Educação Infantil – Parâmetros Curriculares, além de assessorar escolas da rede pública.

Foram mais de dez anos lecionando para crianças da educação infantil, mas a incompatibilidade de horários fez a professora escolher os alunos de graduação e pós-graduação. Atualmente Priscila dá aulas para o ensino superior, é assessora da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e também faz a assessoria de alguns colégios da rede privada. Desde os dezesseis anos ela trilha sua carreira e nos dias de hoje não é diferente. A rotina de trabalho ainda é intensa e mesmo com o isolamento social causado pela Covid-19, a professora não para. O trabalho é uma parte importante de sua história mas, para Priscila, sua maior conquista é a família.

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A profissão tem grande importância na vida da professora e o trabalho na área da educação é um contribuinte para o bom relacionamento com a neta. Iara é o xodó da família, a filha de Iraquitan trouxe um novo sentido à vida da avó babona. Depois de três filhos homens, a neta de Priscila chegou para trazer um brilho diferente. “Minha neta é um amor incondicional, a gente é muito ligada, é uma relação muito diferente e eu acabo ficando só com as bonitezas da vida. Quando dizem que avó estraga é porque avó mima e escuta a criança. Eu tenho tempo de ouvir os argumentos dela e de conversar com ela”. Priscila e Iara moram em cidades diferentes mas, sempre que possível, estão juntas.

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