Conheça Marie Curie, primeira mulher a ganhar o prêmio Nobel duas vezes 

A cientista foi eleita a mulher mais influente da história da humanidade e é responsável por muitas descobertas importantes na área da radiação
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Marie Curie foi pioneira da ciência e vencedora de dois prêmios Nobel

Há 87 anos, no dia 4 de julho de 1934, aos 66 anos, a polonesa Marie Curie falecia na cidade de Passy, na França. Ela é considera a mulher mais influente de todos os tempos pelas suas descobertas científicas. Talvez você ainda não a conheça, mas Marie Curie foi a primeira mulher a receber um prêmio Nobel e a única a ser condecorada duas vezes em áreas diferentes (Química e Física), além de ter sido a primeira professora mulher da Universidade de Sorbonne, na França.

Mesmo em uma época em que a ciência era dominada pelos homens, a cientista é a grande responsável pela descoberta da radioatividade e de novos elementos químicos.

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Marie Curie nasceu como Maria Salomea Skłodowska na Varsóvia, capital da Polônia, no dia 7 de novembro de 1867, em uma época em que a cidade era parte do Império Russo. Ela era a mais nova de cinco filhos do casal de professores Bronisława Boguska e Władysław Skłodowski.

A infância de Marie não foi fácil. Em 1870, a sua mãe contraiu tuberculose e faleceu oito anos depois, no mesmo ano em que a sua irmã mais velha morreu de tifo e seu pai foi despedido do emprego. 

Como sempre foi encorajada pela família a estudar, Marie conseguiu concluir os estudos aos 15 anos, um ano antes do habitual, e ganhou uma medalha de ouro pelo seu desempenho. Na Polônia, país em que ela vivia, não havia mais oportunidades para uma mulher estudar, além do colégio. A Universidade de Varsóvia não aceitava mulheres.

Em 1894, já tinha obtido o grau de bacharel nas duas disciplinas, e foi nessa mesma época que conheceu Pierre Curie, também cientista e professor, com quem se casou 

Ela decidiu se mudar para Paris, na França, onde continuou seus estudos, deu aulas particulares e foi governanta para juntar dinheiro. Em 1893, ela finalizou a graduação em Física e Matemática pela Universidade de Sorbonne. Quando Marie se registrou na Sorbonne, em Paris, ela trocou seu nome de Maria para “Marie” com o intuito de parecer mais francesa.

Depois de formada, foi a primeira classificada para o mestrado em Física e, no ano seguinte, a segunda para o mestrado em Matemática. Um ano depois, em 1894, conheceu o professor de Física Pierre Curie, com quem se casou em 1895.

Mesmo com dificuldades financeiras, o casal se dedicou aos estudos sobre radioatividade. Eles conseguiram uma autorização e montaram um pequeno laboratório em um porão da Universidade de Sorbonne.

Prêmio Nobel

Em 1903, Marie Curie defendeu sua tese com o tema “Pesquisa de substâncias radioativas”, que foi considerada pela banca como a maior contribuição científica de uma tese de doutorado até então. Em seu trabalho, ela conseguiu provar que o óxido de urânio é um mineral capaz de eliminar a radiação armazenada nos átomos. No mesmo ano, ela dividiu o prêmio Nobel com Antoine Henry Becquerel e o seu marido, Pierre Curie.

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Na mesma época, Marie ganhou a Medalha Navy, uma honraria dada pela Real Sociedade de Londres pelo reconhecimento das descobertas da pesquisadora. Essa foi a primeira medalha a ser concedida para uma pesquisadora do sexo feminino.

Com tantas descobertas e contribuições, em 1904, Pierre foi nomeado professor da Sorbonne e Marie assumiu o cargo de assistente-chefe do laboratório dirigido por seu marido. Mas em 1906 ele morreu após ser atropelado. No mesmo ano, Marie foi indicada para substituí-lo e se tornou se a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Sorbonne.

Entre as principais pesquisas que Marie continuou a realizar está o “radiógrafo”, um equipamento para a realização de radiografias que foi utilizado durante a Primeira Guerra Mundial. Curie conseguiu instalar 200 estações de tratamento radiológico nas zonas de combate da França e Bélgica.

Marie também descobriu dois novos elementos químicos: o polônio (batizado em homenagem ao seu país de origem) e o rádio. Em 1911, ela foi laureada com o Nobel de Química pela descobertas do rádio e do polônio. 

Ela também se dedicou na divulgação da “Curieterapia” (uso de isótopos radioativos para o tratamento de câncer) e à criação do Instituto do Radium em Paris. Também influenciou a criação de institutos semelhantes em outros países, como Inglaterra, Estados Unidos e Brasil.

Irène Joliot-Curie, a filha mais velha de Marie e Pierre Curie escolheu uma carreira no campo da ciência, chegando a seguir os passos da mãe e ganhar um Prêmio Nobel de Química junto do marido Fréderic Joliot-Curie.

Ela esteve no Brasil em 1926

Foto da visita de Curie a Belo Horizonte em agosto de 1926

A pesquisadora visitou o Brasil em agosto de 1926 para participar de uma convenção em Belo Horizonte, onde visitou o Instituto de Radium. Ela doou duas agulhas de rádio voltadas para o tratamento do câncer. Atualmente, a instituição chama-se Hospital Borges da Costa e é um ambulatório para pacientes com câncer.

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Marie e sua filha Irène Joliot-Curie também realizaram conferências e experimentos na então Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Na época, a cientista ministrou um curso sobre o elemento rádio na instituição.

Morte

Por ter tido muita de exposição à radiação durante as pesquisas, Marie Curie começou a ficar com a saúde debilitada. Os seus órgãos vitais foram comprometidos e ela teve anemia aplástica, uma doença extremamente rara e ela faleceu em 1934. Marie foi sepultada junto com o Pierre Curie em Paris.

Apesar de ter sido impedida de estudar por ser mulher e sofrido com dificuldades financeiras, Marie obteve reconhecimento por suas contribuições ainda em vida. Seus estudos sobre a radioatividade ainda são objetos de pesquisa até hoje nas universidades.

Os registros dos seus estudos não podem ser tocados até os dias atuais sem uma roupa específica. Isso porque ainda têm alta radioatividade devido ao ambiente de trabalho em que estavam expostos.

Os Curie receberam outra honra em 1944 com a descoberta do 96º elemento na Tabela Periódica. O elemento foi denominado “cúrio” em homenagem ao sobrenome do casal.

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