Bolha da internet, Bill Gates, e-commerce: a trajetória de duas décadas de Stella Guillaumon na tecnologia

Executiva ocupa, atualmente, a posição de diretora geral de growth para América Latina na Adobe
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Stella é diretora geral de growth da Adobe Commerce para América Latina (Foto: Divulgação)

Apesar de no registro de nascimento constar Recife, em Pernambuco, como a cidade natal, foi em Uberaba, no interior de Minas Gerais, que a diretora geral de growth da Adobe Commerce para América Latina, Stella Guillaumon, 44 anos, passou a infância e a adolescência. Acostumada com mudanças de estado por conta do trabalho do pai, ela já tinha em mente, desde muito jovem, onde queria criar novas raízes. Aos 17 anos, decidiu cursar administração na Universidade Presbiteriana Mackenzie e mudou-se para a cidade de São Paulo. 

Logo nos primeiros semestres do curso, Stella já teve o primeiro contato com o mercado de trabalho. Ela descobriu que na faculdade havia uma empresa júnior, responsável por conduzir projetos desenvolvidos pelos próprios alunos da graduação por meio da união entre o mercado de trabalho e as instituições acadêmicas. “Na época, eu aproveitei bastante e fiz muitas coisas. Fui diretora de projeto e comecei a ter uma relação com o mercado de trabalho. Sinto que foi o meu primeiro passo”, lembra.

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Mas foi no último semestre que Stella teve o seu primeiro contato com a área na qual trabalha até hoje: a tecnologia. “Comecei o primeiro estágio na Philips, mas sentia que, se quisesse fazer carreira no setor, precisava melhorar o meu inglês. Por isso, pouco tempo depois, me mudei por um ano para o Canadá, com dinheiro apenas para os primeiros meses. Quando acabou minha reserva financeira, trabalhei e fiz de tudo um pouco”, diz.

Com a graduação completa e o inglês afiado, Stella retornou ao Brasil – e não demorou a conseguir um emprego. Ela conta que era início dos anos 2000 e a web estava começando a explodir.

A executiva entrou na Arremate.com, uma empresa de leilões online, na qual pode vivenciar a grande bolha da internet com projetos muito desafiadores. Entre 1995 e 2000, o fenômeno da bolha foi caracterizado por uma forte alta das ações das novas empresas de tecnologia da informação e comunicação baseadas na internet.

“Foi quando eu entrei na Microsoft, em 2002, para fazer advertising, numa época em que a gente dizia para os anunciantes apostarem no online. Mas era engraçado, ninguém conhecia aquilo, mesmo que mostrássemos as pesquisas sobre a importância do digital”, explica.

Na gigante de desenvolvimento de softwares, Stella passou por vários cargos ao longo de 14 anos, mas sempre atuou na área comercial, de desenvolvimento e gerenciamento de negócios. E foi na liderança que se encontrou. 

Com o trabalho bem feito, o reconhecimento logo chegou. Orgulhosa de sua trajetória, ela detalha um dos dias mais especiais de sua carreira, quando recebeu o prêmio global de Manager of the Year das mãos do próprio Bill Gates, fundador da companhia.

“A Microsoft sempre foi uma empresa que olhou muito para o estilo de gerenciamento e liderança. Todo ano, as equipes podem inscrever os líderes para esse prêmio. Primeiro eu fui selecionada como ganhadora da votação regional e depois da global, na qual todos os funcionários podiam votar. A premiação foi em Seattle, nos Estados Unidos. Fico muito feliz porque foi a minha equipe que me colocou lá, sinto que fiz um bom trabalho ao olhar para trás e analisar a minha trajetória. Eu amo liderar e fazer a diferença na vida das pessoas”, conta. 

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Setor aquecido

Com mais de 20 anos de carreira no mercado da tecnologia e há mais de três anos na liderança da Adobe Commerce para América Latina, Stella avalia que o setor nunca esteve tão aquecido. Mas pondera que ainda falta mão de obra qualificada no Brasil. Durante a pandemia, ela diz que a fuga de profissionais para empresas estrangeiras piorou o cenário. “Como não importava o local de trabalho, muitas companhias de fora do país contrataram brasileiros qualificados, pagando em dólar, em euro e com a promessa de levá-los para morar fora.”

Ela vê com bons olhos as iniciativas das empresas privadas de proporcionar cursos e programas para capacitar pessoas nas diversas áreas da tecnologia, mas considera que o cenário só vai mudar se for trabalhado desde a infância, principalmente nas escolas e nas famílias. 

“As meninas são ensinadas desde pequenas a brincarem só com bonecas. Para os meninos, os pais dão os jogos, o que contribui para ampliar o contato com números e com a lógica desde muito cedo. Elas também precisam de estímulo para gostar da área de exatas. Não existe razão para termos poucas mulheres na tecnologia. É preciso mais representatividade nas empresas. A sociedade não é só composta por homens. Se fala muito disso, mas os resultados ainda são pequenos”, diz.

Como mulher e com experiência em cargos de liderança, Stella conta que, a cada novo salto na carreira, menos mulheres estavam ao seu lado na tomada de decisões. “É impossível passar por uma jornada profissional e não enfrentar uma situação delicada apenas por pertencer ao gênero feminino. No meu caso, estar em reuniões só com homens é parte da minha rotina. A liderança na tecnologia ainda é muito masculina”, conta. 

Digitalização das vendas

Em home office desde o início da pandemia de Covid-19, a diretora gerencia equipes no Brasil, Chile, Colômbia e México. “As empresas de tecnologia, de uma maneira geral, conseguem escalar os seus negócios com pouca gente. Minha equipe tem quase 70 pessoas. Sabemos que a pandemia trouxe muitos desafios. Eu, por exemplo, não conheço pessoalmente quase ninguém. Apesar de termos bons resultados, acho que nada substitui o estar junto, tomar um café ou até almoçar. Somos seres sociáveis, então ao mesmo tempo que a tecnologia ajudou muito nessa transformação toda, também acho que precisamos da relação humana. O maior desafio, sem essa interação, é trabalhar a cultura da empresa e criar o espírito de equipe.”

A executiva explica que a crise sanitária também acelerou o processo de digitalização das vendas. “Vimos o e-commerce se tornar o canal prioritário para marcas sobreviverem à crise”, diz. A Adobe Commerce comercializa, principalmente, tecnologia para quem está por trás das lojas. “É uma ferramenta de vendas multicanal para clientes B2B e B2C em uma só plataforma. Do catálogo ao pagamento e processamento.”

Para ela, a tendência é que a presença da tecnologia nos negócios aumente nos próximos anos. “O consumidor mudou e por isso as empresas estão mudando. Não tem como você conhecer o seu cliente sem os dados. A única maneira de fazer isso de forma escalável é com tecnologia.”

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