Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino: 13 mulheres dão conselhos valiosos para quem sonha em ter um negócio

Dicas vão da formação de uma rede de apoio e muito estudo até o cuidado com os números
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Cleusa Maria da Silva é a fundadora da Sodiê Doce, franquia de bolos artesanais (Foto: Divulgação)

Há sete anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu que dedicaria uma data para incentivar e valorizar as mulheres que optaram por se tornar suas próprias chefes. Desde então, o dia 19 de novembro é marcado pela celebração do Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino. 

Estabelecida pela ONU Mulheres, a ocasião procura pautar debates envolvendo a diversidade de gênero em diferentes espaços da sociedade. Entre eles, as cadeiras de lideranças empresariais, os cargos da vida política e as falas de empoderamento econômico. 

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No Brasil, a data é ainda mais representativa.. Desde 2019, o país ocupa a sétima posição no ranking de nações com o maior número de mulheres empreendedoras do mundo, de acordo com o último levantamento do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Atualmente, elas são 30 milhões, o equivalente a 48,7% do mercado nacional, segundo a mesma pesquisa.

Durante a pandemia, as empreendedoras andaram na contramão das tendências negativas do mercado e chegaram a crescer até 40%, de acordo com dados da Rede Mulher Empreendedora. Mas, se de um lado a estimativa mostra o aumento da independência entre o grupo, por outro ela reflete um problema grave relacionado à desigualdade de gênero. De todos os trabalhadores demitidos durante o último ano, 65,6% eram do gênero feminino, como mostra um levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) publicado pelo Governo Federal em 2020. Uma vez fora do mercado de trabalho formal, a única opção para muitas profissionais foi recorrer ao próprio negócio. 

Apesar desse contexto nem sempre favorável, elas são reconhecidas pelo bom gerenciamento de crises e por suas habilidades interpessoais, como mostra um estudo realizado pela revista norte-americana “Harvard Business Review” no início deste ano. Segundo a pesquisa, que avaliou 454 homens e 366 mulheres entre março e junho de 2020, as líderes são capazes de aumentar o engajamento das equipes e transmitir maior confiança para os colaboradores diante de adversidades. 

Por fim, elas são várias em uma só. São mães, filhas, esposas, amigas e colegas que fazem a roda do mercado girar com sua determinação. À frente de suas empresas, as empreendedoras brasileiras enfrentam preconceitos e obstáculos que tornam a sua jornada ainda mais vitoriosa. 

Pensando nesse cenário, a Elas Que Lucrem conversou com 13 empreendedoras que concordaram em dividir suas principais dicas para inspirar mulheres que também estão planejando ter seu próprio negócio. Veja, a seguir, quem são elas e suas valiosas lições:

Camila Miglhorini, da Mr. Fit, franquia de fast-food saudável

Camila é a criadora do Mr.Fit (Foto: Divulgação)

“Acredite e tenha orgulho de você, se não fizer isso, ninguém vai fazer. Para muitas de nós mulheres, exercitar isso não é fácil, já que ainda estamos longe de viver em um mundo ideal no que diz respeito à equidade de gênero. Então, projetar um senso de identidade forte e corajoso é fundamental quando alguma mulher quer empreender. É essa a ideologia que devemos agarrar diariamente para podermos confiar nas nossas decisões e deixar de lado o medo de cometer erros, nos levantando quantas vezes for necessário.”

Cleusa Maria da Silva, da Sodiê Doce, franquia de bolos artesanais

Cleusa foi a idealizadora da franquia (Foto: Divulgação)

“Há duas regras básicas para quem deseja abrir o próprio negócio: acreditar na força do trabalho, na qualidade da marca e, consequentemente, dos produtos que são oferecidos. Saber driblar as adversidades é outro ponto da vida do empresário. Durante a pandemia do novo coronavírus, por exemplo, ajudamos os franqueados por meio da isenção de taxas, algo que acaba revertido para o bem da empresa. O lado social também é importante.  Todos esses ingredientes são fundamentais no empreendedorismo. E fica a dica: é preciso ‘abraçar’ todas as oportunidades de crescimento, não apenas nas regiões brasileiras, como no mundo inteiro.” 

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Dani Junco, da B2Mamy, grupo de educação digital voltado para mães

Dani é a CEO da aceleradora (Foto: Divulgação)

“Existem duas dicas fundamentais que eu sempre dou para mulheres que não sabem por onde começar seu próprio negócio. A primeira é: esteja conectada com os números. Costumo dizer para ser gentil com as pessoas e agressiva com os números. É preciso saber usá-los a seu favor, para não deixar que eles a derrubem. A segunda é: conecte-se a uma comunidade. Para fazermos algo novo, tudo fica muito mais fácil quando não estamos sozinhas, tanto para as conexões e networking, quanto para capacitação e aprendizado de conteúdos.” 

Erika Monteiro, do Carefy, software de acompanhamento de internação hospitalar

Erika fundou o Carefy (Foto: Divulgação)

“Como mulheres e empreendedoras, é evidente que temos desafios específicos durante o processo. Nesse sentido, hoje podemos nos inspirar em grandes empresárias que são referência em diversos setores no Brasil. Além disso, é importante fazer conexões em busca de uma rede de apoio que ajude a enfrentar os desafios específicos dessa jornada.  No começo pode parecer difícil, porém, com o passar do tempo, torna-se algo natural. Nós, mulheres, nos solidarizamos umas com as outras e é essencial manter essa troca de experiências para crescermos juntas. Também é essencial criar um time que seja complementar e diverso, capaz de nos trazer uma visão com uma perspectiva diferente do nosso negócio e setor. Por fim, lembre-se sempre que devemos nos apaixonar pelo problema e não pela solução, principalmente no começo do negócio.” 

Fabiola Overrath, do Educbank, fintech de crédito escolar 

Fabiola é uma das cofundadoras da fintech (Foto: Divulgação)

“Como saber qual o próximo passo na carreira? Ouvi bastante esse questionamento durante minha experiência com recrutamento de jovens e o único conselho que consegui dar foi: faça uma lista sobre as experiências que você gostaria de passar na vida. Uma escolha de carreira não deixa de ser uma escolha de vida. Ou seja, pode ser desde uma viagem ao Nepal, escrever um livro ou até solucionar um problema do mundo. No meu caso, empreender foi uma decisão por construir um lugar e uma cultura onde as pessoas tivessem prazer de trabalhar e pudessem compartilhar de um propósito em comum: ampliar o acesso à educação de qualidade no Brasil (e quem sabe no mundo). É importante ressaltar que nem sempre a escolha de empreender é óbvia e planejada. Eu mesma só sabia o que não queria mais e percebi que precisava criar um lugar com o qual me identificasse. Portanto, não acredite que a vontade de empreender vai bater na sua porta. Se você se identificou com parte disso tudo, acho que a sua vontade já está aí.”

Jordana Souza, da VOLL, gestora tecnológica de transporte corporativo

Jordana idealizou a VOLL (Foto: Divulgação)

“Abrace a sua ideia e comece com o que você tem. Depois, busque capacitação e estude o mercado no qual vai atuar. Existem três atividades fundamentais para que uma empresa dê certo: ter produto, vender e cuidar das finanças. É humanamente impossível fazer isso sozinha, então busque sócios que a complementam nessas atividades. Após a validação da ideia, busque investimento não somente no âmbito financeiro, mas em todo o contexto que os fundos podem complementar, como mentorias e network. Por fim, acredite, acredite e não desista. Vá! Com medo, mas vá!” 

Luciana Piquet, do Spa Express, microfranquia do segmento de beleza

Luciana é a mulher atrás da SPA Express (Foto: Divulgação)

“Quando eu criei o SPA Express, aos 23 anos, tinha uma vontade muito grande de realizar o que eu planejava. Eu não pensava apenas em como ganhar dinheiro, mas me entusiasmava com pequenas conquistas e queria ver a coisa acontecer, tanto que trabalhei por quatro anos sem tirar absolutamente nada do negócio. Portanto, o conselho que eu dou é: organize-se e execute! Se você quer empreender, pesquise o mercado, identifique qual negócio combina com seu estilo de vida, defina um limite de investimento, procure saber as reais chances de payback, construa cenários pessimistas, realistas e otimistas, e tenha planos estratégicos para todos eles. Estude, siga seu feeling, apaixone-se por uma ideia ou marca, escute opiniões apenas de pessoas confiáveis e tenha uma certeza na sua cabeça: um novo negócio é como um novo filho. Precisa de atenção, dedicação, amor e investimento de tempo e dinheiro! Não é uma tarefa fácil, mas precisa ser prazerosa.”

Mari Maria, do Mari Maria MakeUp, empresa de maquiagem e beleza

A blogueira lançou sua própria linha de maquiagem (Foto: Tetsuya)

“Primeiro, não tenha medo do que as pessoas vão falar. Em seguida, acredite no que você quer e escolha uma boa equipe – ela vai ajudar muito nessa trajetória. Mas comece: melhor do que o perfeito é o feito. Não fique insegura, só corra atrás e execute.”

Marianna Juc, do Educbank, fintech de crédito escolar 

Marianna é a outra cofundadora da Educbank (Foto: Divulgação)

“Não deixe que a ideia romântica de empreender a domine. Olhando de fora pode parecer fácil, mas só quem já experimentou sabe o quão difícil é inspirar, liderar e empreender. O sucesso é relativo, e nenhum negócio bem-sucedido acontece do dia para a noite. Toda operação exige esforço, e se o seu trabalho está  dando muito trabalho, você está no caminho certo. Seja resiliente enquanto isso não ultrapassar os seus limites e valores. Não se compare e lembre-se: ética e caráter são inegociáveis.”

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Marília Rocca, do Grupo Hinode, empresa de cosméticos e itens de higiene pessoal

Marília é a CEO do Grupo Hinode (Foto: Reprodução/ LinkedIn)

“A minha dica é que as empreendedoras estudem e se especializem. Cada curso, cada treinamento, cada tempo que elas dedicarem para se capacitar, aumentará suas chances de ser bem-sucedida. Não dá mais para empreender na base do ‘futebol arte’. Dou como exemplo o nosso Programa Pérolas, programa da Hinode voltado para a capacitação de mulheres. Ele já qualificou mais de 415 mil consultoras e, entre as formadas, constatou-se um aumento na rentabilidade em até 36% e um aumento de 141% na atividade do negócio. Isso prova mais uma vez que investir na educação é necessário.” 

Renata Franco, do Pinguim App, plataforma de conexão de turistas 

Renata é a criadora do aplicativo (Foto: Divulgação)

“Empreender é realmente fascinante. Tentar realizar um sonho com suas ‘próprias mãos’ é muito desafiador e prazeroso, mas requer também muita dedicação, disciplina, resiliência, planejamento e muito, muito trabalho. Empreendo desde meus 24 anos e aprendi que o mais divertido para uma empreendedora é a jornada – colocar de pé uma ideia. Aprendi também que é fundamental escolhermos as pessoas certas para estarem ao nosso lado, figuras que, de alguma forma, compartilham do mesmo sonho, mas que nos complementam. Além disso, um bom planejamento, feito com base em pesquisas e custos próximos da realidade, é muito importante. Muitas vezes, a ideia é ótima, mas é inviável economicamente falando. Então esse estudo inicial pode poupar tempo e dinheiro. A partir daí, considero que a palavra-chave seja resiliência. Por mais que tudo esteja dando certo, sempre haverá dificuldades que não foram previstas, tanto internas quanto externas. Saber resolver todos os possíveis problemas com tranquilidade e equilíbrio é o segredo do sucesso. No fim, a jornada de um empreendedor será sempre de muito aprendizado!”

Roberta Vasconcellos, do BeerOrCoffee, plataforma de conexão de coworkings

Roberta é a criadora da plataforma (Foto: Divulgação)

“Empreender é um desafio para todos, independentemente do gênero. Uma das coisas que aprendi e gostaria que alguém tivesse me contado antes foi: devemos ser a mesma pessoa que somos na vida pessoal e profissional. Cada ser é único e levar essa individualidade para o universo profissional faz com que a pessoa brilhe. É muito importante se manter fiel aos valores para ser sua melhor versão. Além disso, é fundamental ter uma mentalidade de que tudo é um aprendizado infinito e de que todos que cruzam o nosso caminho possuem algo para nos ensinar. Acho que as pessoas não deveriam se pressionar tanto. Todos devem se permitir e acolher suas qualidades, defeitos e vulnerabilidades. Um outro ponto é contar com uma forte rede de apoio ao seu redor e saber pedir ajuda quando necessário. Às vezes, achamos que devemos fazer tudo sozinhas, mas é muito importante lembrar de pedir ajuda. Por fim, eu acho que é preciso ter a consciência de não negligenciar a nossa intuição. Uma vez, um amigo me disse que intuição é experiência acumulada. Claro que a gente pode e deve escutar a razão, mas, ao mesmo tempo, devemos seguir nosso coração. É nesse momento que nos alinhamos com nosso propósito e valores e, assim, tomamos decisões que fazem a diferença no negócio e naquilo que queremos construir. Quando a intenção é verdadeira, o esforço, a dedicação e o comprometimento valem a pena.” 

Sônia Ramos, da Casa de Bolos, rede de confeitaria

Sônia é a fundadora da rede de bolos (Foto: Divulgação)

“Para uma mulher que almeja empreender, eu diria que é preciso sonhar para realizar e, sobretudo, ter muita fé e um propósito bem definido. Tenha sempre em mente o porquê de estar realizando aquela atividade e qual o impacto gerado por meio do seu esforço diário. Com estes ingredientes, não haverá nada que possa desencorajá-la na busca de seus objetivos. A Casa de Bolos, por exemplo, é um sonho que se realizou e foi preciso muito trabalho e perseverança para conquistar o sucesso.”

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