Quem vê as mídias sociais de Mari Maria lotadas de tutoriais e seguidores, não imagina que a empreendedora de 28 anos começou sua carreira no mercado de beleza por causa do bullying.
Perseguida pelos colegas da escola devido às sardas, a brasiliense usava a base e o corretivo da mãe para esconder os pontinhos no rosto. Característica que hoje, assim como a cabeleira ruiva, é sua marca registrada na internet. “Os dias em que eu passava maquiagem eram bons porque eu sabia que ninguém mexeria comigo”, relata. O hábito rapidamente se transformou em paixão e, na sequência, em negócio: a Mari Maria MakeUp.
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A trajetória da blogueira começou em 2014. Na época, ela já maquiava as amigas e conhecidas, mas o que a fez ingressar nas redes sociais de modo profissional foi uma sugestão do marido. “Ele via que eu me montava toda só para tirar foto e postar, então sugeriu que eu começasse a gravar e se ofereceu para editar os vídeos”, conta. Mesmo insegura, achando que “ninguém fosse assistir àquilo”, Mari deu sequência às gravações e criou seu canal no YouTube. Não demorou para que suas técnicas, que mudavam a aparência da pele em poucos minutos, viralizassem, fazendo com que ela alcançasse os primeiros dos atuais 9,8 milhões de inscritos.
Sonho de infância
A partir de então, foram três anos até que seu primeiro produto, um pincel de aplicação de base, chegasse ao mercado. “Parecia um sonho distante, mas eu queria muito fazer.” O item, pensado para proporcionar uma boa cobertura, teve sua tecnologia patenteada no exterior e esgotou em alguns dias após o lançamento. “Quando trabalhamos com a maquiagem, testamos muita coisa e misturamos outras tantas. Então, logo surgiram algumas ideias de como seria juntar os produtos X e Y, ou de como seria um produto perfeito”, conta.
Foi seguindo esse desejo de atender às próprias demandas que a empresária oficializou a criação da marca e levou ao mercado sua primeira coleção completa de maquiagem em 2019. Como não poderia deixar de ser, um dos itens era a “base-corretivo”, a Velvet Skin. “Era como se eu pegasse aquele sonho da Mari criança, que usava as coisas da mãe, transformasse em realidade e falasse: ‘Toma, aqui está’”, diz. O item bombou nas redes sociais pela proposta pioneira e se consolidou como o maior sucesso da Mari Maria Makeup até hoje. Algumas resenhas do item na internet chegaram a bater 1,4 milhão de visualizações.
Para ela, o lançamento foi um divisor de águas na carreira. Além de ver sua fábrica e equipe crescer exponencialmente desde então, a empreendedora teve a chance de acompanhar a reação das fãs e seguidoras com suas criações. “Esse é um dos diferenciais de ser uma youtuber com uma marca própria”, comenta. “As pessoas não querem mais comprar algo que elas não conhecem, não sabem da história e não sentem proximidade. Comigo, elas não só me vêm usando meus produtos todos os dias, mas também sabem que eu estou ali, dando a cara a tapa para rebater algum eventual problema.”
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Mercado internacional
Grávida do segundo filho, Mari adianta que não deve parar no próximo ano por causa da maternidade. Uma das metas da empreendedora é, até 2022, dobrar a quantidade de itens na sua linha. “Será um ano de muita produção”, diz. Além disso, ela também planeja levar a marca para o exterior, colocando suas criações ao lado de sucessos internacionais. “É um projeto especial no qual já estamos trabalhando há alguns meses”, revela.
Enquanto isso, as consumidoras brasileiras poderão desfrutar de mais uma coleção da Mari Maria MakeUp, dessa vez inspirada na Grécia. A novidade chegará ao mercado ainda este mês e é composta por duas paletas, uma de iluminadores e outra de sombras. Variedade que, para ela, é uma das características marcantes em território nacional. “A brasileira é muito vaidosa, mas até pelo tamanho do país as necessidades são muito diferentes. Precisamos pensar em produtos que funcionem para todos tipos e cores de pele, clima e por aí vai.”
Ironicamente, esse ritmo acelerado de lançamentos é acompanhado de um momento diferente para a autoestima de Mari. Enquanto faz sucesso exibindo suas transformações – um dos seus últimos reels somou 46 milhões de views – ela foi percebendo que precisava de cada vez menos camadas de base para se sentir bonita e confiante. “Nos últimos tempos, comecei a ver que tudo bem se eu não tampasse todas as minhas sardas, eu continuava gostando do que via no espelho.”
Mais do que vender maquiagem, ela afirma que quer vender transformação. Ao mesmo tempo em que pensa nas clientes como amigas que ajudava a maquiar na adolescência, deseja que seu público seja capaz de sentir o impacto da mudança de autoestima de dentro para fora. “Sempre tem quem diga que isso é futilidade, mas eles não podem estar mais errados. Maquiagem é amor e autocuidado.”
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