De mergulho com tubarões à travessia em rio de lava: quem é Karina Oliani, a médica que transformou suas experiências em NFTs

Especializada em resgate em áreas remotas, a paulistana também é apresentadora e dona de diversos recordes em modalidades de esportes radicais
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Karina Oliani aprendeu a nadar com dois anos e conquistou seu certificado de mergulhadora aos 12 (Foto: Divulgação)

Com apenas dois anos, Karina Oliani aprendeu a nadar. Seus pais, que gostavam muito de viajar, acharam que seria uma boa ideia matricular as três filhas na natação desde cedo, então não foi nenhuma surpresa quando a pequena Karina começou a dar suas primeiras braçadas no mar – tão bem quanto os primeiros passos em terra firme. No entanto, por mais que o ato de aprender a nadar tão jovem fosse esperado pela família, ninguém imaginava que ela amaria tanto a água. Diferente de suas irmãs, a paulistana, nascida e criada na capital, começou a demonstrar uma vontade muito grande de estar perto do oceano. 

Aos 12 anos, após cursos e vivências embaixo d’água, Karina foi certificada como mergulhadora. Seu primeiro emprego, ainda na adolescência, foi como dive master, uma espécie de assistente dos instrutores. A experiência funcionou como um período de adaptação para que ela, finalmente, se tornasse uma instrutora oficial. Desde então, mergulha sempre que pode. Durante esta entrevista, ela revelou que seu amor pelo oceano a levou a se mudar para Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, em uma casa de frente para o mar. “Estou grávida e minha filha vai nascer aqui. Isso é muito significativo para mim”, destaca. 

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E foi graças às suas aventuras no mar que Karina se aproximou do mundo dos NFTs. Em 2016, ela fez uma sessão de fotos em um santuário de tubarões nas Bahamas, com o objetivo de alertar sobre o perigo de extinção da espécie. Por ter um enorme acervo de imagens de mergulho, chamou a atenção da NFMarket, agência especializada em desenvolvimento e gestão de projetos em NFTs, que decidiu convidá-la para lançar uma coleção de conteúdos digitais. Batizado de Ocean Collection, o lançamento envolve 13 imagens exclusivas das experiências da paulistana no mar. 

Parte do lucro com a iniciativa será revertido para projetos relacionados à preservação dos oceanos. “Ainda estamos conversando, mas provavelmente vamos destinar 20% do nosso lucro para algumas iniciativas, como o plantio de corais e a limpeza dos mares”, explica ela. “A ideia é invadir esse novo mundo digital com um propósito por trás. Depois dessa coleção, quero lançar outras com focos diferentes.” É preciso tomar cuidado com apenas um detalhe: se todas as experiências de Karina virarem coleções, ela provavelmente vai se apoderar de todo o mercado de imagens NFTs. 

Brincadeiras à parte, a verdade é que o oceano não é a única paixão de Karina – uma omissão de fatos no início do texto pode ter gerado essa impressão. Aos dois anos, quando aprendeu a nadar, ela também começou a surpreender os pais com brincadeiras arriscadas, escalando móveis e árvores. Aos 12, quando ganhou o certificado de mergulhadora, também pulou de paraquedas pela primeira vez. Já aos 17, enquanto trabalhava como instrutora de mergulho e se consagrava como recordista em apneia no Brasil, tornou-se bicampeã brasileira de wakeboard – esporte aquático onde o praticante é rebocado por um barco. 

Tudo isso foi feito antes de a vida adulta chegar. Hoje, aos 40 anos, ela já conta com um currículo ainda mais extenso, o que justifica o interesse da NFMarket em suas experiências. “Criamos a empresa em 2020, observando o sucesso dos NFTs no exterior. A Karina é uma grande atleta, que tem materiais visuais muito bonitos, por isso pensamos em uma coleção dela. Além disso, é importante trazermos mais mulheres para este mercado, já que o mundo cripto é muito masculinizado”, explica Thiago Valadares, sócio-diretor da empresa. Com o boom do metaverso previsto para os próximos anos, a tendência é que os NFTs ganhem ainda mais força. 

O NFT, sigla de token não-fungível, do inglês, é basicamente uma obra digital única, que não pode ser substituída por outra e é 100% original. O token NFT funciona como uma assinatura ou certificado de autenticidade de uma foto ou obra de arte. Sendo assim, são ativos digitais únicos que podem ser comercializados, e cada transação é permanentemente registrada com a tecnologia blockchain. De certa forma, a aquisição de uma imagem NFT vira um investimento, já que o ativo pode valorizar ao longo do tempo e o comprador pode revender por um valor maior – é a mesma lógica do mercado de fotos, pinturas ou selos raros e colecionáveis de forma física. 

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Batizado de Ocean Collection, o lançamento envolve 13 imagens exclusivas das experiências de Karina Oliani no mar (Foto: Divulgação)

Ainda muito recente na realidade brasileira, o conceito é, muitas vezes, difícil até de explicar, mas Karina acredita que este seja o momento certo para explorar a tecnologia. Em sua trajetória, ela nunca teve medo de arriscar – seja na hora de atravessar um rio de lava ou de investir em uma área pouco explorada da medicina no Brasil. Os NFTs, neste caso, são apenas mais um capítulo em sua vida. 

SEM MEDO DO NOVO 

Já com o título de bicampeã brasileira de wakeboard, aos 18 anos Karina decidiu se aventurar por um ambiente ainda inóspito em sua vida: o mundo universitário. Como estudante de medicina, no entanto, ela não parou de praticar esportes radicais. Na realidade, logo nos primeiros semestres da graduação pensou em uma forma de unir a medicina e a paixão por aventura. “Queria me especializar em emergência e resgate em áreas remotas. Pensando nisso, fiz até um curso de pilotagem de helicóptero, que durou seis meses”, lembra. “Depois, fui para os Estados Unidos para realmente conseguir minha especialização, já que o Brasil não estava desenvolvido nesse campo.” 

Foram três anos de estudos nos Estados Unidos, que fizeram de Karina a primeira médica brasileira com especialidade em resgate de áreas remotas. Quando voltou para sua terra natal, em 2011, decidiu fundar a Associação Brasileira de Medicina de Áreas Remotas e Esportes de Aventura (ABMAR). “Comecei a incentivar essa atuação médica no Brasil e a acompanhar expedições”, conta. Mas, na época, não mais como a atleta que escalava montanhas, mas como a médica que prestava socorro. 

Aos finais de semana a rotina era um pouco diferente. Karina escalava, mergulhava, voava e fazia o que fosse necessário para dar o seu melhor em uma terceira via de carreira, surgida durante a faculdade de medicina: a de apresentadora de TV. “Quando fui campeã de wakeboard, dei várias entrevistas para a televisão. Em uma delas, para o SporTV, as pessoas elogiaram a forma como eu lidei com as câmeras. Como eu tinha muitas histórias ligadas aos esportes radicais, alguns meses depois da entrevista me chamaram para apresentar um programa sobre o assunto”, conta. 

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Frente às câmeras, Karina apresentou o programa “Rolé de Verão” por cerca de quatro anos – de 2005 a 2008 -, conciliando a vida de apresentadora com os estudos de medicina.  Em 2009, já formada e morando nos Estados Unidos, decidiu deixar a televisão e abrir a sua própria produtora. “Com uma empresa própria, eu podia ter mais controle dos meus horários e demandas. Comecei a produzir séries e matérias especiais e vender para diferentes clientes.” Com isso, a médica estreou em canais como Discovery, Record, Globo, Multishow e Canal Off. “Além disso, como fiquei conhecida na área, às vezes sou chamada para participar de trabalhos de outras produtoras.” 

No mercado de entretenimento, Karina teve ainda mais chance de desbravar o mundo. Conheceu 110 países, tornou-se a única brasileira a escalar o Monte Everest pelas duas faces – norte e sul – e entrou para o Guinness Book como a primeira pessoa a fazer uma travessia sobre o maior lago de lava do planeta, no vulcão ativo Erta Ale, na região de Afar, na Etiópia. “Falaram que era impossível, mas eu fui lá e fiz”, brinca. 

Ao longo dos anos, a médica acabou deixando a presidência da ABMAR para focar nas expedições e no trabalho voluntário. “Desde a faculdade, eu sempre reservei 30 dias do meu ano para me voluntariar como médica em locais necessitados. Com o passar do tempo, amigos da área começaram a perguntar se podiam me acompanhar nessas viagens. Foi quando eu tive a ideia de fundar o Instituto Dharma, que organiza ações humanitárias no Brasil e no exterior”, conta.

“O voluntariado, assim como as palestras para contar a minha história, surgiram na minha vida naturalmente. Eu não tinha pretensão, mas aconteceu. Com as ações humanitárias, eu consigo devolver para o mundo um pouco do que ele me oferece. Já com as palestras, motivo outras mulheres para que elas saibam que podem ser e fazer o que quiserem”, explica. 

Com um misto de medicina, entretenimento, aventura e esportes, Karina moldou sua carreira sem medo de arriscar e conhecer novos caminhos. É com a mesma visão que ela enxerga o futuro da internet e seus novos objetivos de vida. “O impossível a gente só demora um pouco mais para realizar”, diz, com bom humor. Após um breve resumo de sua trajetória movimentada, já ofegante de tanta história para contar, ela revela que a maior aventura de sua vida está prestes a começar: a maternidade. Quem sabe essa se torne, futuramente, sua coleção de NFTs mais especial?

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