Assistente virtual: um raio-x da profissão que promete liberdade e autonomia para as mulheres

Considerada uma das carreiras do futuro, atuação oferece flexibilidade de horários e salário acima da média
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Camile Just é assistente virtual desde 2015 (Foto: Reprodução/Instagram)

Foi graças ao desejo de passar mais tempo ao lado da filha de 10 anos que Camile Just, fundadora da escola digital Como Ser Assistente Virtual, pediu demissão em 2015. Na época, ela era gerente de vendas em um shopping e passava até 10 horas do dia longe de casa. “Eu só sabia que queria ser uma mãe mais presente, então comecei a pesquisar sobre trabalhos que me trouxessem flexibilidade de horário e espaço”, conta. Ao consultar sites do exterior, ela se deparou com o que parecia ser a profissão perfeita: assistente virtual.

Considerada recente no Brasil, a ocupação contempla algumas das qualidades mais desejadas do mercado de trabalho: home office, autonomia e salários acima da média.  “Também existe o lado do reconhecimento, já que você ajudará as pessoas fazendo algo que gosta”, diz Camile. Outra vantagem é que a formação acadêmica não é condição essencial para quem quer ou precisa colocar a mão na massa rapidamente, já que é possível encontrar demandas por serviços de diferentes níveis. “Tenho desde alunas recém-formadas no Ensino Médio até mulheres com MBAs e vivência corporativa”, completa. 

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Em suma, as assistentes virtuais são uma espécie de secretárias ou ajudantes que atuam de forma remota prestando serviços de diferentes finalidades para clientes, que podem ser empresas ou empreendedores.  De modo geral, o trabalho é multifuncional e pode englobar áreas variadas, como administração, marketing, finanças, secretariado e atendimento ao cliente, entre outras.

De acordo com Camile, a procura por profissionais desse tipo chegou a crescer 80% durante a pandemia de Covid-19. E, antes disso, em 2019, a atuação chegou a ser considerada pela consultoria de carreira Robert Half como uma das profissões do futuro. 

O que faz uma assistente virtual?

Karen é CEO da Agência PAV (Foto: Divulgação)

A resposta é: quase tudo. A mentora Karen Piasentim, CEO da Agência PAV, especialista no mercado de assistentes virtuais, explica que determinar os serviços que serão – ou não – executados é uma tarefa das próprias profissionais. “Quem está começando precisa levar em consideração as experiências anteriores, as habilidades profissionais e os gostos pessoais”, destaca. 

Dessa forma, explica, é natural que alguém que já tenha trabalhado em bancos ou com contabilidade acabe se aproximando de serviços financeiros, enquanto outras pessoas vão preferir atividades relacionadas a texto, como redação de artigos e e-mails. “É importante pensar naquilo que as pessoas pediam a você como favor e que, agora, você pode cobrar para fazer”, afirma. 

Outras potenciais atividades incluem, ainda, agendamento de consultas, gerenciamento de sites, organização de projetos e até comunicação via WhatsApp. “Tudo vai depender do perfil da profissional”, completa. No caso de Priscila Spina, fundadora do programa de capacitação Profissão Assistente Virtual, o trabalho começou com demandas simples de uma cliente que tinha dificuldade com alguns recursos digitais. “Meu primeiro trabalho foi criar um site, decupar alguns vídeos no YouTube e subir um ebook na plataforma Hotmart”, conta. “Percebi que ela precisava de ajuda com muitas dessas coisas, mas que não podia pagar uma funcionária, então ofereci meu serviço de assistente”, lembra. 

Essa relação com pouco vínculo entre o contratante e a profissional é o que pode tornar o trabalho mais interessante para ambas as partes, ressalta Priscila. Isso permite, por exemplo, que a assistente atenda vários clientes simultaneamente, além de não ser necessário cumprir uma jornada de oito horas de trabalho. Já do ponto de vista do empregador, o serviço acaba saindo mais barato, já que não é necessário pagar benefícios, além de possibilitar contratações sazonais. Mesmo assim, para garantir o mínimo de segurança, as partes costumam assinar contratos semestrais de serviços. 

Exatamente por isso, Karen alerta: não é possível encontrar um “emprego” de assistente virtual. O que acontece é que esse tipo de profissional acaba se tornando um empreendedor, cujos serviços são os próprios produtos, assim como acontece com os freelancers. “Lagar a CLT para se tornar independente assusta a maioria das mulheres, mas também é uma forma de ganhar mais dinheiro”, explica. 

Priscila Spina é fundadora do programa de capacitação Profissão Assistente Virtual (Foto: Divulgação)

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De acordo com Camile, cada assistente costuma atender de quatro a seis clientes por vez, o que, no total, pode resultar em salários de R$ 800 a R$ 7.000. No entanto, esse está longe de ser o limite: com mais experiência, é possível multiplicar os rendimentos. “Costumo dizer que existe um plano de carreira nessa área. Então, se começar a aparecer mais clientes do que você pode atender, está na hora de contratar outras assistentes e formar uma equipe, delegando suas tarefas. Com o tempo, também dá para oferecer consultoria para empresas e agências, o que aumentará o valor cobrado.”

Como se tornar uma assistente?

O primeiro passo, segundo as especialistas, é estabelecer uma área de atuação. Depois disso, vale a pena procurar alguma capacitação, mesmo que ela não seja obrigatória na hora de arrumar um trabalho.

“O que esses cursos fazem é ensinar uma série de coisas que a assistente virtual precisa saber sobre a profissão e o mercado, além de habilidades úteis para a execução das tarefas”, afirma Priscila, que hoje ministra as aulas ao lado de Karen, no portal do Profissão Assistente Virtual.Outra opção ainda é o Como Ser Assistente Virtual, plataforma criada por Camile em 2017 que hoje já soma mais de 10 mil alunos. “Abordo desde o autoconhecimento até a construção de um modelo de negócio que permita essa atuação de forma autônoma”, explica ela. 

Em seguida, ressaltam, é hora de oferecer os serviços para potenciais clientes. “Quase todo mundo precisa de uma assistente virtual hoje em dia, só que alguns ainda não sabem disso”, afirma a CEO da PAV. No mercado, os principais contratantes costumam ser pequenos empreendedores, ou seja, pessoas com alta demanda e uma equipe limitada de funcionários. “De qualquer forma, é preciso apostar em um bom networking e, literalmente, bater na porta das pessoas e explicar no que você pode ajudar. Às vezes, uma loja da sua rua não tem redes sociais e está disposta a pagar uma determinada quantia para que você cuide disso. É assim que começa”, explica Priscila. Outras opções ainda incluem plataformas como a 99Freelas e a Workana, que fazem a ponte entre os profissionais e quem está à procura do serviço. 

Durante a procura por trabalho, no entanto, vale ficar de olho em possíveis armadilhas online. Devido à alta demanda, ressalta Camile, já é possível perceber o aumento de anúncios falsos, como os famosos click baits. “Posso dizer que 99% dos links oferecendo serviço para assistentes virtuais em sites aleatórios são enganação. Nesses casos, normalmente eles pedem uma quantia mensal para encontrar clientes, mas não é assim que funciona”, afirma. 

Mulheres são maioria absoluta 

Entre as três especialistas, o discurso em relação aos benefícios para a maternidade e a carreira que a posição oferece é unânime. Mães e assistentes virtuais, elas consideram a liberdade o fator mais atraente para o público feminino, já que permite que as mulheres conciliem a família e o trabalho com mais facilidade. 

“Se eu pudesse falar alguma coisa para todas as mães do mundo, seria para que elas empreendessem e vendessem seus serviços como assistentes virtuais. Esqueçam isso de pedir dinheiro para o marido na hora de comprar um shampoo ou qualquer outra coisa para você. Não pode ser assim, a mulher tem que conseguir trabalhar depois de ter filho”, diz Priscila. 

Entre os alunos do Profissão Assistente Virtual, apenas 12% são homens – e boa parte deles é de profissionais que querem usar seu conhecimento para fundar agências, e não para exercer a profissão. “Além disso, por ser um trabalho que exige o cumprimento de  várias tarefas simultâneas, as mulheres costumam se dar melhor”, completa Karen. 

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