De óculos a chocolates: como Chantal Kopenhagen gerencia suas duas paixões

Empreendedora deixou um emprego na Globo para fundar a GoldKo, marca de produtos sem adição de açúcar, e atuar como consultora do setor ótico
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Chantal é cofundadora da GoldKo, marca de chocolates zero açúcar criada em 2016, e consultora especializada no segmento ótico (Foto: Divulgação)

Chantal Kopenhagen tem duas paixões: óculos e chocolate. Para os chocólatras de plantão, a segunda fica óbvia no sobrenome da empresária – o que realmente não é uma coincidência, já que ela faz parte da família fundadora da Kopenhagen, que vendeu a empresa em 1996. A obsessão por óculos, no entanto, não parece, à primeira vista, combinar com a famosa sobremesa feita de cacau. Não para nós. “Por incrível que pareça, esses meus dois mundos são interligados”, revela.

Cofundadora da GoldKo, marca de chocolates zero açúcar criada em 2016, e consultora especializada no segmento ótico – com atendimento a marcas e pessoas que querem ousar nos acessórios -, Chantal aprendeu, na prática, que a maneira como nos relacionamos com o consumo de chocolates e com o uso de óculos é muito parecida. “Usamos o acessório porque precisamos, mas raramente pensamos sobre a importância de algo que fica, literalmente, no meio do nosso rosto. Muitas mulheres me mandam mensagem falando sobre a baixa autoestima por conta da obrigatoriedade de usá-lo, mas isso só acontece porque nós não falamos sobre o assunto”, explica. 

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“Quanto ao chocolate, quase todo mundo ama, mas come com culpa, pensando nos malefícios do alimento. Será que em vez de passar por isso, não dá pra achar uma solução tão gostosa quanto? A lógica para os óculos é a mesma: não dá pra encontrar o modelo ideal?”, pergunta.  Com base nesses questionamentos, Chantal uniu suas duas paixões.

“Em 2014, eu estava procurando armações de óculos diferentonas em um dos maiores shoppings de São Paulo, mas não encontrei. Descobri, então, que era um mercado pouco explorado. Ninguém falava sobre designs diferenciados. No mesmo ano, também percebi que o setor de chocolates só oferecia uma opção aos consumidores, obrigados a escolher entre opções saudáveis e opções que lhe davam prazer. Nos dois casos, faltava informação.” 

Na época, Chantal trabalhava como executiva de produção na Rede Globo, mas decidiu levar suas inquietações adiante. A  ideia era provocar uma revolução nos dois setores. Como consultora, começou a levar a diversidade para a indústria de óculos. Já como cofundadora da GoldKo – empresa que dirige junto de seu pai e seu irmão -, o objetivo exigia um esforço extra: criar um chocolate zero açúcar para quem ama a iguaria. “Não queríamos uma marca light. Não é porque um chocolate é zero açúcar que ele precisa ser excludente. Na realidade, ele é 100% inclusivo. A ideia era repensar todo esse mercado.” Para isso, foi preciso uma dedicação de dois anos em laboratórios de testagem. 

“Nós somos uma família que ama esse setor. Comemos chocolate antes de tomar leite”, brinca Chantal. “A culpa que as pessoas carregam ao comer o alimento é por conta da quantidade de açúcar que ele leva, que realmente não faz bem à saúde. O cacau, em si, é muito saudável. Então, nosso desafio era tirar o açúcar e manter o sabor e a textura intactos: doce e cremoso, como gostamos.” 

Para a família, que provou diversas receitas até encontrar a ideal, a meta era colocar o produto na boca e sentir que ele não perdia para as versões com açúcar. É claro que a empresária não revela a fórmula mágica, mas o fato é que, em 2016, a degustação foi aprovada e a marca – finalmente – foi fundada, apresentando ao mercado uma nova proposta. 

PRÓXIMO ROUND: COMO SER OUVIDA  

Após o lançamento da GoldKo para o mundo, um novo desafio tomou conta do dia a dia da  marca: como convencer as pessoas de que um chocolate sem açúcar não é uma opção apenas para pessoas de dieta? Para Chantal, responsável pela área de comunicação, o segredo foi buscar maneiras de se destacar para que o discurso da marca fosse ouvido. “Eu andava pelas gôndolas do supermercado com uma planilha na mão, marcando quais eram as cores mais usadas nas embalagens disponíveis. Precisávamos criar uma identidade visual única, que não se relacionasse com nenhuma outra.” 

A partir de muito estudo, as cores escolhidas foram azul celeste e laranja – em algumas embalagens, o verde também aparece. “Nunca prestei tanta atenção nas prateleiras dos mercados”, lembra ela. A atenção redobrada, no entanto, deu resultado. Logo no primeiro ano, a GoldKo teve boa aceitação do público, abrindo espaço para o lançamento de outros produtos e a expansão do portfólio. Além do chocolate ao leite, foram produzidas versões com marshmallows, tabletes e apostas sazonais, como panetones e ovos de páscoa. 

Com crescimento orgânico, a marca foi se popularizando em meio ao consumidor paulistano, que encontrava os chocolates nos estabelecimentos da cidade. Em 2020, com o aumento das conversas sobre alimentação saudável por conta da pandemia de Covid-19, a empresa passou por um boom ainda maior, o que gerou novas conquistas. Em 2021, bem no dia em que o governador de São Paulo João Doria flexibilizou os horários de funcionamento dos centros comerciais, a primeira loja física da GoldKo foi inaugurada, no Shopping Eldorado. “Foi uma loucura: a emoção de estar abrindo um espaço próprio e o medo de que tudo fechasse novamente por conta de uma nova onda”, recorda. 

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(Foto: Divulgação)

Após mais de quatro anos de preparação para o momento, Chantal estava pronta para se dedicar 100% ao empreendimento e fazer dar certo. A empresária foi responsável por abrir e fechar a loja todos os dias nos primeiros oito meses de funcionamento. Tudo isso para que pudesse estar presente no dia a dia, falando com os clientes sobre a essência da marca. “A loja é uma frente minha. É meu centro de pesquisa, onde eu bato ponto junto com o time de vendas e converso com os consumidores.” 

Afinal, mais do que um espaço de compras, o espaço conta com uma cafeteria própria, onde a empreendedora consegue explicar, em detalhes, o conceito da marca. “A ideia é que o cliente tenha uma imersão nesse mundo zero açúcar e entenda que essa pode ser uma experiência gostosa”, conta. “Os consumidores chegam e pedem açúcar para o café. É nessa hora que eu explico que podemos usar outras opções para isso, como o chocolate ao leite ou o marshmallow que produzimos. Caso eles não queiram, temos adoçante também. É engraçado perceber a emoção das pessoas quando ouvem isso. Primeiro, elas ficam desconfiadas, mas depois gostam da experiência.” 

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Para Chantal, esses momentos são enriquecedores. “O melhor mesmo, na realidade, é quando crianças entram na loja pedindo pelos chocolates. Elas não entendem o conceito de zero açúcar. Jamais pediriam o produto se não fosse gostoso. É nessas horas que eu percebo que alcancei meu objetivo.” Com um público consumidor cada vez mais fiel e espaço próprio, a empresária já se mostra pronta para novos desafios, começando pela recém-inaugurada fábrica da empresa, em Varginha, Minas Gerais. 

Com um investimento de R$ 15 milhões e capacidade produtiva de 100 toneladas por mês, a fábrica é um passo importante para o crescimento da marca pelo Brasil. Junto de um centro de distribuição 100% climatizado, a ideia é dar suporte para que a GoldKo se torne um modelo de franquias e se espalhe pelo país. “Começamos em São Paulo, mas agora queremos internalizar a nossa produção e crescer com agilidade no processo”, explica. “Temos 20 lançamentos programados para este ano, então precisamos nos movimentar. Precisamos ser ouvidos por mais gente.” 

ÓCULOS E CHOCOLATES

Com quase 32 mil seguidores no Instagram, Chantal está conseguindo espaço para falar sobre a importância do uso de óculos e a gostosura de chocolates sem açúcar. Na descrição, ela se declara como palestrante e especialista em eyewear – uma trajetória que começou em paralelo com a criação da GoldKo. “Na época, eu já tinha cinco óculos, o que é bastante para uma pessoa normal”, brinca. “Mas queria comprar outro para surpreender meus colegas de trabalho e não achei. Chegando em casa, também não encontrei nenhum blog que falasse sobre o assunto. Foi aí que eu decidi começar a postar fotos usando meus acessórios, em posts chamados ‘óculos do dia’, uma referência aos looks do dia.” 

Havia apenas um problema nessa proposta: Chantal tinha só cinco modelos. “No sexto dia, minha carreira nessa área acabaria”, diz, entre risadas. “Então, eu comecei a pesquisar outras marcas e designers ao redor do mundo para produzir conteúdo extra. De repente, as pessoas do setor começaram a conversar comigo, enquanto os internautas entravam em contato para desabafar sobre a insegurança na hora de usar óculos. Era isso que faltava: conteúdo sobre o assunto”, revela. Para ela, que se sente empoderada com o uso de óculos desde a infância, o espaço de confiança que criou na internet é um grande orgulho. 

“As pessoas não pensam muito sobre os óculos. Elas apenas usam como se fosse mais um acessório, mas ele pode ser muito mais do que isso. Quando a gente se aprofunda no assunto, entende o que está consumindo. É assim com qualquer produto. Óculos ou chocolate”, finaliza.

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