Elas apoiam: 11 mulheres que impulsionam o protagonismo feminino

De investidoras a empresárias, elas colaboram para o fim da desigualdade de gênero no mercado de trabalho e no empreendedorismo
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No Brasil, os números mostram que as mulheres ainda configuram um perfil desigual e marginalizado em relação ao mercado de trabalho. No primeiro ano da pandemia de Covid-19, elas chegaram a ser 96% dos profissionais demitidos, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho. Nesse mesmo período, apenas 45,8% das vagas de trabalho eram ocupadas por pessoas do gênero feminino, a menor porcentagem desde 1990, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Em vista desse cenário, grande parte das mulheres acabam optando pelo empreendedorismo como forma de garantir renda. Atualmente, o país já conta com 10,1 milhões de proprietárias de negócios, conforme levantamento divulgado ontem (7) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Apesar de ser uma alternativa que confere maior autonomia às mulheres, em 55% dos casos a decisão de empreender acaba sendo tomada por necessidade, aponta o Sebrae. 

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Somada a essa circunstância, aquelas que optam por empreender também enfrentam mais barreiras do que seus paralelos masculinos – principalmente com a  falta de investimento. O Banco Mundial estima que apenas 8% dos fundos de venture capital ou private equity na América Latina tenham mulheres como líderes. A fundadora da rede de investidoras-anjo Sororitê, Erica Fridman, destaca, ainda, que essa questão pode estar relacionada à falta de participação feminina no mercado financeiro, tema que também tange a desigualdade de gênero. “Minha hipótese para essa disparidade é que temos poucas mulheres participando da tomada de decisão sobre investimento, venture capital e private equity. A baixa representatividade feminina entre aqueles que tomam conta do capital acaba refletindo numa diversidade menor em quem recebe o dinheiro”, afirma. 

Para Dani Junco, CEO da hub de inovação B2Mamy, a inserção das mulheres no mercado de trabalho, seja como colaboradora ou empreendedora, deve ser avaliada como um problema de toda a sociedade. “Que a iniciativa privada faça a sua parte na hora da contratação dos seus times, olhando para inclusão e diversidade de modo real – e não só para ficar bonito em eventos”, afirma. A maternidade, explica ela, é um dos principais desafios em relação ao bem-estar profissional desse grupo. “Enquanto os homens não arcarem com a responsabilidade de tempo, dinheiro e afeto de maneira igual as mulheres, teremos esse gap. E, enquanto as empresas enxergarem como problema – e não como potência – o que somos depois de sermos mães, ficará ainda mais desafiador”, completa. 

De modo semelhante, a falta de acolhimento por parte das grandes empresas e companhias também é apontada pela investidora-anjo Camila Farani como uma questão que dificulta a ascensão profissional das mulheres. “Não adianta contratar se elas não se sentirem, de fato, parte daquilo. Da mesma forma, as oportunidades de ascensão na carreira devem ser uma realidade. Toda estrutura da empresa precisa ser preparada para que, de fato, tenhamos mais inclusão e diversidade”, diz. Além disso, com a melhoria desse cenário, não só as colaboradoras devem sair ganhando, explica ela. “É uma questão de justiça social, mas também de olhar para os resultados que essa pluralidade pode trazer. Times inclusivos costumam ter mais engajamento, resiliência e uma capacidade maior de responder às mudanças constantes do mercado”, afirma. 

Assim, com o aumento da presença feminina em todos os setores do ecossistema de trabalho, a tendência é que a representatividade se converta em mais geração de oportunidades e, consequentemente, de independência para elas. “Já é comprovado que startups que têm, pelo menos, uma fundadora mulher contratam em média 2,5 vezes mais mulheres. Ou seja, ao impulsionarmos uma mulher, estamos fomentando todo o ecossistema”, conclui Erica. 

Impulsionar outras mulheres é mais do que estimular o mercado nacional: é colocar a sororidade em prática. Veja, a seguir, 11 profissionais que aceleram o desenvolvimento feminino:

Ana Fontes

Ana Fontes (Foto: Luciana Prezia)

Filha de um pescador e uma lavradora, Ana Lúcia Fontes é uma das principais lideranças do empreendedorismo feminino brasileiro. Formada em publicidade, a alagoana deixou a profissão para trabalhar com algo que a aproximasse das duas filhas, dando assim origem a Rede Mulher Empreendedora (RME). 

Criado em 2010, o projeto é fruto de um sentimento de indignação da executiva. Selecionada para participar de um programa de aceleração da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Fundação Goldman Sachs, Ana se chocou ao saber que, de 1.000 inscritas, só 35 mulheres tinham sido aprovadas para o curso. Inconformada, ela passou a replicar o conteúdo de empreendedorismo que aprendia nas salas de aula em um blog, que mais tarde se transformaria na Rede Mulher Empreendedora. 

Hoje, a plataforma já reúne mais de 750 mil participantes, entre pequenas e grandes líderes de negócios. Entre os serviços oferecidos pela RME estão parcerias de divulgação, curadoria de conteúdo, consultorias, patrocínio de eventos, elaboração de programas de capacitação, eventos, projetos especiais, propaganda e community manager. Em 2020, durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19, a rede chegou a captar R$ 40 milhões para promover iniciativas de geração de renda para mulheres. 

Camila Farani

Camila Farani (Foto: Divulgação)

Eleita uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela plataforma Bloomberg Línea em 2021, Camila Farani é uma das principais investidoras-anjo do Brasil. Atualmente, a fundadora da G2 Capital e apresentadora do “Shark Tank Brasil” é responsável por investir cerca de R$ 35 milhões em startups e empresas em fase inicial. 

Pautada na representatividade de gênero, Camila instituiu um braço específico para a causa na G2 Capital, garantindo a participação de negócios liderados por mulheres em seu extenso portfólio de investimentos. Em 2020, a apresentadora também fundou o “Ela Vence”, plataforma voltada ao desenvolvimento de lideranças femininas no país. A expectativa é que até o fim do ano, mais de 1,1 milhão de pessoas sejam impactadas pelo programa. 

Além disso, desde 2014 Camila é cofundadora do Mulheres Investidoras Anjo (MIA), organização que busca fomentar a participação feminina no mercado de investimentos. “Precisamos de mais mulheres como investidoras, membros de conselhos de administração e líderes de empresas, para que elas possam fazer parte dessa transformação da cultura e, ao mesmo tempo, inspirar as novas gerações a entenderem que aquele pode, sim, ser o lugar delas também”, destaca.

Dani Junco

Dani Junco (Foto: Divulgação)

Maternidade ou carreira? Para Dani Junco, fundadora e CEO da B2Mamy, essa pergunta não faz sentido – as mulheres podem e devem conciliar esses dois universos sem culpa ou desgaste. Por isso, em 2016, ela resolveu empreender e fundar um hub de inovação que ajuda mulheres e mães a se tornarem livres economicamente. 

Para atingir esse objetivo, a startup conta com ações como “B2Mamy Start”, “B2Mamy Aceleração”, “Ela é CTO” e “Womby”. Ao todo, as iniciativas contemplam capacitações voltadas à área de inovação, tecnologia e empreendedorismo, além de conexões com a comunidade e programas de aceleração de negócios. 

Até agora, já são quase 50 mil mulheres impactadas pela iniciativa. “Ter metade da população do mundo sem gerar renda não é bom para ninguém. Poder trabalhar capacitando, conectando e transformando essas carreiras é de extrema importância para a economia e para famílias inteiras”, destaca Dani. 

Erica Fridman e Flávia Mello

Erica Fridman e Flávia Mello (Foto: Divulgação)

Segundo o dicionário da Academia Brasileira de Letras, sororidade significa “sentimento de irmandade, empatia, solidariedade e união entre as mulheres”. O conceito foi a inspiração para batizar a Sororitê, rede de investidoras-anjo fundada por Erica Fridman e Flávia Mello. 

Criado em 2021, o grupo concentra seus investimentos em negócios em estágio inicial (pre-seed), todos eles fundados por mulheres. Segundo as criadoras, essa é uma forma de apoiar e incentivar o empreendedorismo feminino, já que grande parte das redes de investidores é formada por homens – o que aumenta o desafio das sócias. 

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No último ano, a Sororitê investiu R$ 1,5 milhão em cinco startups de liderança feminina, reunindo mais de 50 investidoras-anjo. Para Erica, esse movimento não deve ser benéfico apenas para as empreendedoras, mas para a construção de um ecossistema profissional mais diverso em relação aos gêneros. “Eu gostaria que as minhas filhas tivessem mais exemplos de mulheres com carreiras de sucesso, mulheres que conseguiram conciliar a maternidade e a vida pessoal com a vida profissional.  Por isso a importância de impulsionar essas carreiras e oferecer o suporte adequado para que todas possam estar no mercado de trabalho”, afirma. 

Lara Lemann e Mônica Saggioro

Lara Lemann e Mônica Saggioro (Foto: Divulgação)

Fundadoras do MAYA Capital, fundo de investimento de risco por trás de startups como Gupy e Alice, Lara Lemann e Mônica Saggioro também são as idealizadoras do Female Force. O programa apoia o desenvolvimento de mulheres empreendedoras na América Latina por meio de uma rede de troca e incentivos. 

A ideia é que as participantes recebam o apoio de profissionais e especialistas do mercado, ao mesmo tempo em que ajudam outras mulheres menos experientes do que elas. A iniciativa inclui canais de comunicação para feedbacks, networking e dois encontros individuais por mês. 

Marina Vaz

Marina Vaz (Foto: Divulgação)

Depois de se tornar mãe, Marina Vaz percebeu que as dores da maternidade iam muito além da gestação e do parto. Com o desafio de se reinserir no mercado de trabalho enquanto conciliava os novos cuidados com a família, a empresária decidiu aliviar essa jornada para pelo menos parte das mulheres na mesma situação. Foi assim que nasceu a SCOOTO.

Criada em 2017, a startup de atendimento ao cliente possui um time quase integralmente formado por mulheres e mães. Com isso, a expectativa de Marina é ajudar as profissionais a se conectarem novamente com a própria carreira – sem culpas e com muita empatia. Para tanto, o trabalho é 100% remoto, além de contar com jornadas mais flexíveis e salário compatível com o mercado. 

Atualmente, a SCOOTO impacta diretamente a vida de dezenas de mulheres. Entre os clientes que utilizam o serviço estão companhias como XP Educação, Allura, Ambev e Ri Happy. 

Silvana Bahia

Silvana Bahia (Foto: Divulgação)

Com foco na inclusão de mulheres negras e indígenas no setor de tecnologia, Silvana Bahia é a fundadora do PretaLab. Criada em 2017, a iniciativa busca desafiar as estatísticas nacionais para aumentar a representatividade étnica nas empresas brasileiras de inovação. Para isso, o programa oferece capacitações, assessorias de recrutamento para departamentos de recursos humanos e fortalecimento da rede de conexões entre profissionais. 

Idealizada por Silvana, o PretaLab é atualmente um dos maiores braços da Olabi, ecossistema dedicado à democratização da inovação e da tecnologia. Além das ferramentas de inclusão no mercado de trabalho, a plataforma ainda conta com um banco de dados sobre a representatividade de mulheres não brancas nos ambientes corporativos. 

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“Com o PretaLab, espero impactar a vida de outras mulheres por meio da colaboração para o seu desenvolvimento como ser humano e profissional, ou seja, criando formações, conexões e ampliação de repertórios e, sobretudo, estimulando o protagonismo de mulheres negras nesse setor”, afirma. 

Tati Sadala e Dhafyni Mendes Borges

Tati Sadala e Dhafyni Mendes Borges (Foto: Divulgação)

Após se conheceram no início da pandemia, Tati Sadala e Dhafyni Mendes Borges resolveram colocar a mão na massa para ajudar a comunidade feminina. Com experiência no mercado corporativo brasileiro, a dupla resolveu fundar a Todas Group, plataforma 100% digital que tem como objetivo contornar as estatísticas negativas em relação à presença de mulheres nas grandes companhias. 

A principal meta da edtech é alcançar a marca de 50% das posições de liderança ocupadas por executivas do gênero feminino. Para viabilizar esse número, o grupo oferece mentorias, orientações personalizadas, networking, encontros ao vivo, aulas com metodologia exclusiva e outras ações a depender dos planos de assinatura. No último ano, a plataforma registrou crescimento de 400% e uma taxa de retenção de 98%. 

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