De atleta a CEO: Alexandra Casoni deixou a natação de lado para impulsionar o protagonismo feminino na Flormel

Formada em nutrição, a empresária comanda a empresa familiar de alimentos saudáveis desde 2013
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Divulgação
Alexandra está no cargo de CEO desde 2013 (Foto: Divulgação)

Conhecida por preencher as prateleiras de alimentos saudáveis em farmácias e mercados ao redor do país, a Flormel nasceu de uma iniciativa feminina. Inspirada pelas receitas de sua avó, a jovem Maria Marta de Freitas fazia granolas, pães e balas de mel para vender e pagar a faculdade de publicidade – atitude que virou até tema de projeto durante o TCC. Após a graduação, continuou vendendo os produtos em alguns pontos comerciais. Na época, o pequeno empreendimento localizado em Franca, no interior de São Paulo, ainda não tinha esse nome, mas não demorou muito para que fosse batizado como é conhecido até hoje.

O ponto de virada foi quando o office boy Laerte Casoni saiu para comprar um pão integral e encontrou o pequeno comércio de Maria Marta. Como consumidor, ele adorou a qualidade do produto. Como pessoa, no entanto, o que mais chamou a sua atenção foi a simpatia da empreendedora. “Eles se conheceram, se apaixonaram e logo acabaram engravidando do primeiro filho”, resume Alexandra Casoni, filha do casal e atual CEO da Flormel. “Naquele momento, eles precisavam agir para conseguir renda, então meu pai se juntou à minha mãe na venda dos produtos.” Com o tempo, Laerte focou na área de desenvolvimento criativo, enquanto Maria se encarregou das finanças. Em homenagem à origem da empresa, o negócio finalmente foi batizado de Flormel. E começou a crescer. 

Trinta e cinco anos depois, essa história, amplamente divulgada, já não surpreende mais quem conhece a marca. Mesmo assim, é imprescindível contá-la quando se fala sobre o atual comando da companhia, pautado no protagonismo feminino de Alexandra. “Minha mãe sempre foi uma agente transformadora. Foi ela quem me ensinou a comandar com empatia e a criar uma cultura de valorização da realidade de cada funcionário”, conta.

Desde 2013 no cargo máximo da companhia, Alexandra já conseguiu colocar muito desse ensinamento em prática – para ela, não tinha como ser diferente em uma empresa que nasceu a partir de um ato de sobrevivência feminina. Por ali, temas como maternidade, carreira e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional fazem parte do debate diário. “Não fazemos distinção de gênero, mas levamos em conta que o mercado oferece muito mais oportunidades para os homens. Se você for mãe de uma criança pequena, a realidade é muito cruel, por isso sempre buscamos integrar essa parcela da população ao nosso time.”

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Embora esteja posicionada no maior nível hierárquico da empresa, Alexandra tem ao seu lado outras sete líderes – 50% do quadro total de liderança -, sendo três delas mães. De certa forma, a maternidade sempre foi um assunto sensível para a marca. Antes da pandemia, a Flormel já disponibilizava uma licença maternidade estendida, que durava até dois meses mais do que a lei exige. O incentivo foi pensado para que o retorno ao trabalho fosse mais tranquilo, já que o bebê necessita de tempo para estar adaptado à família e iniciado a introdução alimentar. 

No mundo pós-pandemia, essa preocupação continua, mas também se estende para a flexibilidade de horário de quem tem uma criança pequena em casa – afinal, a responsabilidade não acaba após o puerpério. “Podemos remarcar uma reunião por causa de um imprevisto familiar, assim como podemos trabalhar mais dias remotamente para dar conta dos trabalhos de casa. Gosto de enxergar cada caso com empatia e me colocar no lugar de outras mães”, destaca a CEO. 

“O nosso time é preparado para acolher as demandas dos nossos colaboradores. Seguimos acompanhando e dando o suporte necessário para que a volta ao trabalho seja saudável tanto para a criança, quanto para a mulher e sua família”, diz. Além da forte presença feminina, a diversidade etária também pode ser observada no quadro de funcionários. Em sua estratégia de gestão, estão inseridos profissionais que continuam em idade ativa, mas que passam por dificuldades para retornar ao mercado de trabalho. “Não temos uma idade limite para contratação. Não consigo olhar para uma pessoa com mais de 45 anos e dizer que ela não serve. Quero continuar observando a combinação de gêneros e idades, e saber que todos estão em processo de aprendizagem.” 

Para Alexandra, é essa riqueza de detalhes que faz com que ela se apaixone todo dia pelo mundo corporativo. E é exatamente isso que buscava quando decidiu seguir na empresa de seus pais e deixar a vida de nadadora para trás, fazendo das piscinas olímpicas um espaço apenas para hobbie. 

DE ATLETA A CEO 

“Sou mãe agora, mas nunca brinquei muito de boneca”, diz Alexandra. “Minha mãe sempre foi empreendedora, então eu gostava de brincar de escritório. Organizava papéis por ordem alfabética e treinava assinaturas. Gostava de imitá-la. Acho que a minha aptidão nasceu aí.” 

Nesse meio tempo, como uma criança livre que brincava na rua e praticava esportes, também se apaixonou pela natação – um amor que foi além do hobbie infantil e acabou virando uma carreira de atleta. 

“Eu treinava mais de quatro horas por dia e participava de muitas competições. Para o meu pai, já estava certo que eu seguiria carreira como nadadora profissional”, conta. Até os 15 anos, a jovem pouco obedecia quando a mandavam sair da água – uma atitude que mudou quando arrumou o seu primeiro emprego, como demonstradora e promotora da Flormel. “Eu e meus irmãos sempre vendemos os produtos da marca na escola para pagar as nossas coisas. Era uma forma de criar responsabilidade financeira, mas não chegava a ser um trabalho. Já aos 15, eu viajava de Franca para São Paulo para representar a empresa. Meu papel realmente agregava no crescimento da marca.” 

Ao sentir-se útil e independente, adotou uma rotina de trabalho que acabou por conquistá-la. Pouco a pouco, Alexandra começou a sair da piscina sem que ninguém pedisse. Aos 18 anos, após três anos conciliando o trabalho, a escola e a natação, tomou a sua decisão: faria nutrição para poder contribuir ainda mais com o futuro da Flormel. A natação ficaria como hobbie. “Queria entender a lógica nutricional para levar esse conhecimento ao mundo corporativo”, lembra. 

Logo que começou a faculdade, passou a se envolver na área técnica e no desenvolvimento de produtos da empresa. Em pouco tempo, a Flormel começou a aumentar o seu portfólio por influência de seu trabalho. “Criamos o primeiro creme de avelã sem adição de açúcar da América Latina, além de barras de castanha, chocolates diferentes, bombons e snacks. Além disso, implementei a área de marketing nutricional na companhia, buscando mostrar para o público consumidor que é possível unir saúde e sabor.” 

Em 2012, após impulsionar a empresa a um crescimento anual de 35%, Alexandra recebeu o convite para se tornar CEO – cargo que ela aceitou com empolgação olímpica. “Eu nasci no Dia do Nutricionista, 31 de agosto. Acho que o meu futuro neste mercado de trabalho já estava escrito”, brinca. 

Apaixonada pelo trabalho atual, a executiva reconhece os ensinamentos que a natação deixou para o seu amadurecimento profissional. “O esporte me ensinou muito sobre disciplina e constância. Natação é um esporte de autoconhecimento. Apenas você, sua metragem e seus limites. Isso me ajudou muito a encontrar um equilíbrio pessoal e estar pronta para liderar outras pessoas”, explica. “Hoje, o que eu valorizo é a competência individual. Cada colaborador possui um conjunto de dons, talentos e habilidades. Cabe ao líder ter o olhar apreciativo para isso.”

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