
No Brasil, mulheres que optam pela maternidade precisam lidar com outros tipos de dores além da sentida na hora do parto. De acordo com estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em março de 2021, apenas 54,6% das mães com filhos de até três anos estão empregadas. Entre as negras, essa taxa é ainda menor: menos da metade delas está inserida no mercado de trabalho formal (49,7%), conforme o levantamento.
Já entre as que se mantiveram no emprego, 36% relatam que a gravidez acabou desacelerando a progressão de suas carreiras, segundo estudo realizado em 2006 pela socióloga Louise Marie Routh. Além disso, apenas 6% das mães afirmam não sentirem dificuldades em conciliar a maternidade com sua profissão, de acordo com pesquisa promovida pelo portal “CRESCER”.
Para ajudar a reverter este cenário, as empresas do Movimento pela Equidade Racial (Mover) vem realizando ações de forma estruturada para propiciar um ambiente seguro e acolhedor para essas mulheres. Márcia Silveira, porta-voz da organização e head de diversidade e inclusão da L’Oréal, explica que um dos objetivos do movimento é atuar em defesa da inclusão dessas mães no mercado por meio do comprometimento de grandes companhias. “No meu caso, por exemplo, que sou uma mulher negra e mãe solo, vai ser necessário um esforço de atuação em rede para que eu possa crescer. Ou seja, as empresas precisam estar atentas ao meu posicionamento na sociedade, o que inclui um olhar diferenciado para a maternidade”, afirma.
Ao sentir na pele os desafios de conciliar a ascensão profissional com a criação de um filho, a executiva destaca que as empresas devem atuar como parte da rede de apoio da mãe. “Flexibilidade, apoio do departamento de recursos humanos, metas compatíveis e home office são algumas das ações que promovem esse acolhimento e nos permitem participar mais da vida familiar”, diz. Márcia ressalta, ainda, que a contratação e promoção de colaboradoras grávidas deve ser tratada com mais naturalidade, sem receios em relação à produtividade e entrega.
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“Quando deixei meu último trabalho, fui substituída por uma profissional que estava gestante, e, nos últimos meses, eu mesma promovi uma funcionária grávida. Esse movimento no mercado é muito bonito e importante”, destaca.
Por outro lado, em tempos de ESG, empresas que não estiverem dispostas a mudar o mindset para receber essa parcela de profissionais devem sair perdendo, explica a head de D&I. “Insistir nessa mentalidade retrógrada configura um obstáculo para a equidade de gênero. No entanto, logo essas companhias devem mudar – ou não vão conseguir acompanhar o mercado”, pontua.
Veja, a seguir, as ações em prol das profissionais que são mães desenvolvidas por 5 companhias que integram o movimento:
Cargill
A empresa, que oferece serviços e produtos agrícolas ao mundo todo, vem promovendo uma série de ações em benefício das colaboradoras com filhos – principalmente no que diz respeito à saúde durante a gestação. Um dos exemplos é o serviço de teleatendimento e orientação personalizado, que inclui acompanhamento com médicos e enfermeiros obstetras durante todo o pré-natal e até o primeiro mês de vida do bebê. Além disso, a companhia também promove, duas vezes ao ano, o Encontro Gestações, momento conduzido por especialistas que informam e orientam as funcionárias sobre temas como parto, amamentação, cuidados com o bebê, planejamento financeiro, saúde emocional e carreira.
L’Oréal
No Brasil, a multinacional francesa de cosméticos possui 61% do seu quadro de funcionários composto por mulheres, sendo que, destas, 89% são mães. Segundo a organização, independentemente do cargo, todas elas estão protegidas em seus direitos e benefícios, o que inclui, além da licença-maternidade, outras iniciativas relacionadas ao bem-estar da família. É o caso do programa Mães & Pais a Bordo, que consiste no monitoramento da gravidez por parte de uma equipe de enfermagem, para detectar fatores de risco nessa fase. Desde o último ano, as colaboradoras também podem recorrer à Rede Gaia, grupo de afinidade de equidade de gênero da companhia, em busca de acolhimento e discussões sobre empoderamento e sororidade no ambiente de trabalho.
XP
Não é de hoje que a XP tem incluído uma série de atividades em sua jornada de diversidade, inclusão e representatividade. Nesse cenário, o número de mães contratadas pela corretora cresceu mais de 500% após o início da campanha #XPDeQualquerLugar, que prevê a atuação 100% remota dos funcionários. Dessa forma, se antes apenas 15% das profissionais da empresa tinham filhos, agora elas já somam 26% do quadro feminino da empresa.
Além disso, a XP conta com um coletivo feminino, o MLHR3, que envolve a participação de colaboradoras para discutir e implementar ações direcionadas na empresa. Entre elas, benefícios como o auxílio-creche, que contempla reembolso escolar e de profissionais que cuidam das crianças, e a adesão ao Programa Empresa Cidadã, que oferece 180 dias de licença-maternidade e 20 dias de licença-paternidade, mesmo em caso de adoção.
Heineken
O Grupo Heineken vem realizando no Brasil uma série de iniciativas para acelerar sua agenda interna de diversidade. Com a meta de ter 50% de mulheres em cargos de liderança até 2026, a empresa aposta em mentorias e treinamentos para o desenvolvimento da carreira das profissionais que já fazem parte de seu time. Já em relação ao acolhimento das mães, a fabricante de cerveja promove rodas de conversas mediadas pela equipe de treinamento com o objetivo de debater temas como maternidade, trabalho, gestão e outros temas em pauta. Além disso, as colaboradoras que dão à luz podem usufruir do programa “Nasce uma Estrela”, que oferece assistência médica e psicológica, conduzido pela área de saúde da companhia.
Kraft Heinz
Ao compreender a importância da licença-maternidade, a Kraft Heinz, detentora das marcas Heinz e Quero no Brasil, disponibiliza 60 dias extras para as colaboradoras da equipe, totalizando seis meses de licença remunerada. Após o fim deste período, a companhia ainda permite que a mãe opte pelo regime de trabalho remoto até que o bebê complete um ano de idade. Outros benefícios incluem auxílio-creche para funcionários com filhos de até 36 meses e assistência psicológica, financeira, jurídica, social e nutricional para os familiares dos profissionais.
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