Investimento em negócios femininos é desafio global, diz Regina Noppe, da Dream2B

Fundadora de venture builder focada na internacionalização de startups afirma que o networking é uma das ferramentas essenciais para mulheres empreendedoras
JOB_03_REDES_SOCIAIS_EQL_AVATARES_QUADRADOS_PERFIL_v1-02
Regina Noppe está à frente da venture builder brasileira (Foto: Divulgação)

Em 2015, Regina Noppe fundou a Dream2B, venture builder especializada na criação de pontes entre o mercado de startups brasileiras e canadenses. Integrante do seleto grupo de mulheres à frente de aceleradoras no país, a CEO já auxiliou mais de 50 empresas a expandirem o seu negócio para o exterior, incluindo companhias como Data H, SafeTest e ZeroBank. 

Segundo ela, a opção pelo Canadá se dá devido ao crescimento do polo tecnológico do país. “Por meio dele, muitas portas de entrada são abertas para o mercado internacional dos Estados Unidos, Ásia e Europa”, explica. 

Em março de 2022, a Dream2B recebeu um aporte de US$ 10 milhões realizado pela Victory Square, venture builder canadense de capital aberto que tem em seu portfólio mais de 20 empresas globais. O feito é motivo de celebração para a empreendedora, já que segundo o relatório “Female Report 2021”, da Distrito, apenas 2,2% do volume de investimentos conhecidos no mercado são voltados a startups com fundadoras mulheres. 

Exatamente por isso, uma das missões de Regina é fomentar o empreendedorismo feminino brasileiro, principalmente no que diz respeito à captação de investimentos. “Existe uma grande discussão sobre a dificuldade de mulheres conseguirem recursos para suas empresas em um ecossistema majoritariamente masculino, o que torna ainda mais complicada a ascensão das startups fundadas por elas”, destaca. 

LEIA MAIS

Além de estar à frente da Dream2B, a CEO também faz parte de instituições internacionais como o Startup Lab, iniciativa do Vale do Silício, e o Women In Tech, organização sem fins lucrativos com a missão de diminuir o gap de gênero no ecossistema de startups. “Enquanto mulher à frente de uma venture builder internacional, sinto grande vontade de levar mais fundadoras para conseguirem oportunidades fora do Brasil, não só no Canadá, mas também em outros países, fazendo uma verdadeira ativação do networking global”, finaliza.

Veja, a seguir, a entrevista de Regina Noppe à Elas Que Lucrem:

Elas Que Lucrem: Sabemos que, ainda hoje, as empresas fundadas por mulheres recebem menos aportes quando comparadas a negócios liderados por homens. Na sua opinião, quais as maiores causas atreladas a esse cenário?

Regina Noppe: Infelizmente, a maior causa é uma só: estrutural. A maioria dos fundos ainda é liderada por homens, portanto, eles acabam investindo nos seus iguais…

EQL: Como as empreendedoras podem escapar dessas estatísticas e atrair investimentos – inclusive internacionais – para os seus negócios?

RN: Muito networking – além de não se intimidar e deixar sempre claro que está em busca de apoio e captação. Os empreendedores homens fazem isso o tempo todo e são percebidos como ávidos e ousados, enquanto culturalmente as empreendedoras se sentem mais inibidas. Normalmente, as mulheres só falam que estão captando quando sentem que estão 100 % prontas.

EQL: Como se dá esse cenário de desigualdade de gênero no empreendedorismo em outros países como o Canadá?

RN: É um desafio mundial: a maioria dos países sente o mesmo impacto. Temos cada vez mais empreendedoras, porém os investimentos continuam relativamente baixos. Por isso, é importante se juntar a grupos – inclusive de escala global – que agreguem mulheres empreendedoras. Cada conexão conta positivamente para o aumento da chance de sucesso. 

EQL: Que tipo de medidas podem ser adotadas pelos fundos e investidores com o objetivo de aumentar o número de mulheres à frente de negócios?

RN: Incluir o tema na pauta já ajudaria bastante. Ou seja: comprometerem-se a olhar além da bolha e sair do eixo para o qual geralmente estão acostumados a olharem. O WISE24, por exemplo, foi criado pelo Women Startup Lab no Vale do Silício justamente com esse intuito de mostrar para os investidores ao redor do mundo que, sim, existem empreendedoras incríveis no mundo todo e que precisam de visibilidade. O evento foi criado após a fundadora do Women Startup Lab não aguentar mais escutar de investidores que não o faziam porque não conheciam empresas fundadas por mulheres… Tivemos a oportunidade de fazer a primeira edição aqui no Brasil também e foi um sucesso. Nessa edição nacional, que aconteceu em 2019, investidores de mais de 30 países estiveram presentes para escutar CEOs e fundadoras apresentarem suas ideias para investidores do mundo todo.

EQL: Como uma maior presença de mulheres pode contribuir com a evolução do mercado de inovação brasileiro?

RN: A diversidade aumenta o lucro e as chances de sucesso de qualquer empresa, não somente no Brasil, mas também globalmente. Isso é fato comprovado, portanto é um no brainer [algo sobre o qual não é necessário pensar muito, uma decisão fácil de ser tomada] O ecossistema só tem a ganhar sendo mais inclusivo, já que isso nada mais é do que a base da inovação. 

Fique por dentro de todas as novidades da EQL

Assine a EQL News e tenha acesso à newsletter da mulher independente emocional e financeiramente

Baixe gratuitamente a Planilha de Gastos Conscientes

Conheça a plataforma de educação financeira e emocional EQL Educar. Assine já!

Compartilhar a matéria:

×