Conheça a empreendedora que fez dos muros das favelas um negócio

Outdoor Social, de Emilia Rabello, já reverteu cerca de R$ 14,5 milhões para 6.000 favelas de todo o país
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“O engajamento solidário sempre fez parte da minha vida” (Foto: Divulgação)

Filha de mãe socióloga e pai jornalista, a carioca Emilia Rabello tem um legado familiar de ações de impacto social. Ela viu no jornalismo a oportunidade de dar voz às comunidades, enquanto na publicidade e propaganda desenvolveu o dom criativo e a vocação empreendedora.

Com o tempo, o desenvolvimento dessas características resultou em um empreendimento que já reverteu cerca de R$ 14,5 milhões para 6.000 favelas de todo o país. Foi em uma visita ao morro da Rocinha, uma das maiores comunidades do Brasil, que Emilia observou como a população local se comunicava. Nos muros do gueto carioca nasceu o Outdoor Social. “Somos o primeiro veículo inovador em mídia externa e de impacto social, que apostou tudo – e continua acreditando e investindo -, na potência que é a favela”, explica a empreendedora.

O negócio funciona de forma simples. Cada morador ou comerciante que aluga um muro recebe, em média, R$ 100. “Desde 2012, já instalamos 79.654 mil faces em 36,5 mil pontos geolocalizados em favelas de todo o Brasil”, conta Emilia.

Hoje uma holding, o Outdoor Social engloba outras marcas: o Outdoor Social Inteligência, instituto de pesquisa voltado para a classe C, a rede de wi-fi gratuita Fluxxo, além de projetos especiais, como o Bora Testar, programa de testagem em massa gratuito de doenças, incluindo a Covid-19.

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“Cumprimos com nosso propósito de apresentar ao mercado e empresas a ossatura do vigor econômico das comunidades por um único e grande objetivo: construir um mundo mais justo e igualitário, a partir dos negócios, do empreendedorismo e da empregabilidade. Para isso, conectamos marcas e consumidores, por meio da empatia, seriedade, inteligência e tecnologia, evidenciando a força oculta que existe entre muros e fachadas da favela”, explica.

Os primeiros passos para o empreendedorismo

“O engajamento solidário sempre fez parte da minha vida”, conta Emilia. Antes de fundar o Outdoor Social, ela já levava informações até as fazendas e cidades do interior do país usando apenas um carro de som. “Na Amazônia, as notícias navegavam até chegar às populações ribeirinhas graças ao ‘barco de som’, uma das minhas invenções criativas”, relembra.

Mas foi em 2009 que Emilia começou a traçar os caminhos do empreendedorismo. “Após ler o livro ‘O Banqueiro dos Pobres’, do Prof. Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz em 2006 e criador do conceito de negócios sociais, encontrei inspiração para empreender”, conta. Então, fez as malas e viajou até Berlim e Amsterdã em busca da chancela de Yunus. O plano deu certo e ele aprovou a ideia. 

Com o Outdoor Social, foi possível mapear desde aspectos sociais, dados demográficos e classificação socioeconômica até estilo de vida e preferências. “É essa aproximação e vivência, somada à tecnologia e good will, que dobramos as metas de ROI [retorno sobre o investimento] dos nossos anunciantes, gerando impacto social e renda para milhares de famílias.”

Empreendedorismo feminino e social

Na liderança do Outdoor Social, Emilia representa uma das poucas mulheres no comando de agências do mercado publicitário. Segundo levantamento da “Propmark” em parceria com a startup More Girls, apenas 10% dos cargos de presidência no setor são ocupados por mulheres. Por isso, ela acredita que ainda tem mais um motivo para comemorar – afinal, a trajetória não foi simples. 

“O fato de ser mulher faz com que a jornada seja mais árdua. Quando comecei, em 2012, existiam poucos modelos de mulheres líderes. Até mesmo no mercado publicitário, onde o que prevalece é a criatividade, meus pares sempre foram homens. Cheguei até mesmo a me sentir excluída do ‘clube’, pois havia rodas de conversa das quais eu não conseguia participar”, lembra. 

Naquela época, Emilia tinha que criar o seu próprio modelo, uma vez que não havia em quem se inspirar. Hoje, essa realidade já é diferente, ainda que o caminho a ser percorrido ainda seja longo.

Mas, para além de tudo disso, Emilia ressalta que empresas e marcas precisam unir forças para trabalhar o resgate do feminismo também nas periferias.  “O Outdoor Social trabalha exclusivamente com público das comunidades, onde há carência de apoio, acolhimento, desenvolvimento e formação exclusiva para as mulheres poderosas da favela.”

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