Diante de um mercado de trabalho desigual, em que as mulheres recebem até 20,5% a menos que homens, segundo levantamento da consultoria IDados, o empreendedorismo aparece como uma saída para quem quer escapar da estatística. Somado a outros desafios como a conciliação da maternidade e a dupla jornada de trabalho, se tornar sua própria chefe é a solução encontrada por muitas profissionais que buscam aumentar sua independência e autonomia.
No Brasil, atualmente, de acordo com o Sebrae, existem cerca de 10,1 milhões de mulheres empreendedoras. E entre elas, pelo menos 83% apontam a flexibilidade como uma das principais vantagens da modalidade, conforme mostra uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Mas os benefícios não param por aí. Além da flexibilidade em relação aos horários, existe a liberdade geográfica, a ausência de cobranças de superiores e, caso as coisas dêem certo, um retorno financeiro mais positivo do que a maior parte dos funcionários poderia imaginar.
Nesse sentido, a educadora financeira Dani Coninck destaca ainda a importância dessa dinâmica para a rotina e a autoestima feminina. “O fato de ter o próprio negócio, fazer o próprio horário, ter o próprio dinheiro, permite com que a mulher possa investir mais nela, em se desenvolver para vencer as barreiras emocionais”, afirma.
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Já em relação às finanças, o principal benefício, além do lucro, está na recompensa justa pelo tempo de dedicação – o que resultará em mais liberdade de escolhas e segurança. “Ser dona do próprio dinheiro faz com que as mulheres não aceitem menos que merecem só porque dependem financeiramente do parceiro. Sem contar que a vida financeira equilibrada aumenta a autoconfiança e diminui a tolerância à relacionamentos abusivos”, completa.
Antes de empreender, é preciso planejar
Embora o empreendedorismo seja uma alternativa válida visando a autonomia, principalmente devido às maiores possibilidades de flexibilidade e ganhos financeiros, é preciso pensar e se planejar antes de se aventurar no mercado empresarial.
Para isso, o primeiro passo é realizar uma reserva financeira adequada considerando alguns meses de estagnação do novo negócio. Em seguida, essa mulher dará início, de modo gradativo, a transição do emprego formal para a jornada como empresária. “Não recomendo que ela largue tudo e comece a empreender do zero, porque muitas coisas podem acontecer!”, explica Isabele Moreira, especialista em negócios femininos. “Primeiro a mulher transiciona o tempo e depois o dinheiro. Por isso, durante um período, ela vai desempenhar duas ocupações de forma simultânea”, completa.
Além disso, também é preciso ter consciência em relação às novas exigências que surgirão, bem como a necessidade de capacitações específicas para determinados segmentos. Na posição de empreendedora, a mulher deverá atuar como contadora, vendedora, comunicadora e técnica, exemplifica a especialista.
“A curva de aprendizagem pode parecer extremamente cansativa no início, então a mulher vai precisar abrir tempo, espaço e ambiente para poder empreender. Nesse momento, outras áreas da vida dela, como maternidade, casa e relacionamento vão dar uma sensação de desequilíbrio, mas vale lembrar que isso é passageiro”, destaca Isabele.
As expectativas que serão colocadas em cima daquele negócio também merecem atenção, como chama atenção Dani Coninck. Isso porque, apesar do empreendedorismo aumentar potencialmente a flexibilidade e os ganhos, ainda haverão fases conturbadas em que o resultado pode ser justamente o inverso do esperado, com grandes jornadas de trabalho e baixa remuneração.
“É preciso uma postura de estagiária no início: sendo a que mais trabalha e a que menos ganha”, destaca ela. “Mas se você é a pessoa que mais acredita no seu trabalho, talvez empreender seja um sonho para você. Então paciência, resiliência, horas de estudo e de implementação devem fazer parte do teu dia a dia”, conclui.
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