Considerado o índice oficial de inflação do país, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mede a variação de preços dos produtos no mercado para o consumidor final, como forma de indicar o cenário inflacionário. É calculado desenvolvido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e serve, principalmente, para que o Banco Central possa definir as políticas monetárias para o período.
O indicador, criado em 1979, é essencial para que o país consiga se manter dentro da meta da inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o ano. Por meio das informações trazidas pelo IPCA, o BC faz os ajustes da taxa básica de juros, a Selic, para incentivar ou desestimular o consumo e, assim, controlar os níveis da inflação.
De maneira resumida, o que acontece é que o BC deve garantir que o IPCA não encerre o ano acima ou muito abaixo da faixa esperada para a inflação. Por isso, para alcançar a meta, a instituição realiza mudanças na Selic. Assim, quando a taxa está alta, as pessoas consomem menos e a inflação cai. O contrário também acontece: quando ela está baixa, o consumo sobe e a variação de preços também aumenta, explica Neliane Miguel, CEO da Inv.
Por se tratar de um dado diretamente ligado ao custo de vida e ao poder de compra da população, muitas vezes o índice aparece nos noticiários como um “termômetro” da situação econômica. Neliane explica que as altas ou baixas do IPCA estão totalmente ligadas aos preços praticados no varejo. “Um exemplo prático é que quando os preços nas prateleiras aumentam, o índice também aumenta”, diz.
A CEO também esclarece que o índice varia conforme os mesmo fatores que a inflação – o aumento ou a queda do consumo – justamente por estar atrelado a ela. “Os preços oscilam, basicamente, conforme a oferta e a demanda por produtos e serviços, e essa variação, seja para cima ou para baixo, impacta diretamente na inflação do país. Mas, além desses fatores, muitos outros impactam na precificação dos produtos, como o aumento dos custos de produção e a maior emissão de papel moeda, entre outros”, afirma.
Por isso, quando ocorre uma alta do IPCA, os consumidores passam a não conseguir comprar os mesmos produtos com a quantia que possuíam antes. No entanto, a lógica não vale para o caso contrário. Se os valores dos itens do supermercado aumentam, isso não quer dizer, necessariamente, que a inflação também aumentou, já que essa elevação pode ser apenas de um artigo específico e não de todos os considerados para o cálculo do índice.
Como o IPCA é calculado?
Para medir a inflação, o IBGE coleta dados sobre os preços de cada um dos produtos incluídos em uma cesta estabelecida pela instituição, a partir de uma avaliação dos hábitos de consumo da população. A análise, focada nas famílias que recebem entre um e 40 salários mínimos, utiliza os valores praticados entre os dias 1º e 30 ou 31 de cada mês em estabelecimentos comerciais, lojas, empreendimentos de prestação de serviços, concessionárias de serviços públicos e empresas de telefonia e internet.
As informações são coletadas nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, além do Distrito Federal e da cidade de Goiânia. Vale destacar que, segundo o IBGE, nem todas as cidades são consideradas da mesma maneira para o cálculo do IPCA, por isso, os preços praticados em algumas delas são mais relevantes do que em outras.
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Já a cesta padrão de produtos abarca uma série de categorias, como alimentação, bebidas, habitação, transportes, comunicação, despesas pessoais, vestuário, educação, saúde e cuidados pessoais. Neliane acrescenta que, assim como para as cidades, cada item possui um peso diferente na avaliação realizada para a obtenção do índice. Ela ressalta, ainda, que serviços como internet, streaming e aplicativos de transporte foram incluídos recentemente na análise.
Além do IPCA medido mensalmente, ainda existe o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), no qual o levantamento dos preços é realizado no período entre o dia 16 do mês anterior e o dia 15 do mês seguinte. Também há o IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-Especial), que corresponde ao índice acumulado em cada trimestre conforme os dados do IPCA-15.
Outro termo relacionado ao cálculo do índice é o IPCA Acumulado, que indica o conjunto dos percentuais obtidos em um determinado período. Neliane explica que a comparação mais comum é ano a ano, que se refere aos últimos 12 meses. “Um exemplo é a utilização do índice de fevereiro de 2021 versus o de 2022”, afirma.
IPCA e investimentos
Além de impactar os preços dos serviços e produtos, o IPCA ainda possui grande influência nos investimentos. Um dos principais pontos a serem analisados pelos investidores em relação às variações da inflação é se as aplicações realizadas estão rendendo mais do que o indicador, já que isso demonstrará se os rendimentos estão sendo vantajosos ou não, explica a executiva.
Em resumo, o que deve ser considerado é se a rentabilidade está acima do IPCA, uma vez que o investimento tem que render, no mínimo, o percentual da inflação, para garantir o real poder de compra do investidor, diz Neliane. Por isso, se o rendimento da aplicação é de 6% e a variação de preços corresponde a 7%, por exemplo, o saldo é negativo.
Além disso, a CEO ainda acrescenta que investimentos atrelados ao IPCA, como alguns títulos do Tesouro Direto, Certificados de Depósito Interbancários (CDIs), Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), além de fundos de investimentos de renda fixa atrelados à inflação, são diretamente influenciados pelas variações do índice.
Neliane salienta que essas aplicações podem ser boas maneiras de se proteger das altas da inflação, uma vez que rendem conforme o IPCA. “Esses investimentos são impactados com as flutuações do índice e beneficiados em cenários de alta inflacionária. Diante desses aumentos, eles se tornam boas opções para a proteção de investimentos e de patrimônio.”
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