Quanto custa ser mulher: descubra o que é o imposto rosa e como ele afeta nossas vidas

Da infância à melhor idade, consumir produtos voltados para o público feminino significa pagar mais caro -- enquanto recebemos salários mais baixos
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Twenty20photos/Envato Elements
A Taxa Rosa é a grande responsável por encarecer o custo de vida das mulheres que e endossar a diferença de renda, visto que os homens recebem salários, em média, 30% mais altos do que elas

Você já se deparou com a sensação de que é caro ser mulher? Temos gastos com cabeleireiro, manicure, pedicure, depilação, as mais variadas peças de vestimentas e calçados para diferentes ambientes… Parece que tudo que envolve o universo feminino é um labirinto cada vez mais complexo de produtos para cada tipo de ocasião, enquanto que, para os homens, tudo se resolve com peças e itens que são coringas e multiuso.

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Essa sensação é verdadeira, mas é mais profunda do que você imagina. Sim, nós mulheres agregamos mais produtos, rituais, acessórios e roupas à nossa rotina. Porém, o que talvez você nem imagine, é que, inclusive, produtos que são similares para homens e mulheres possuem valores diferenciados na versão feminina, por uma simples mudança de nome ou cor, mas não de composição — como desodorantes, lâminas de depilação, remédios etc. Sim, pagamos mais caro apenas por sermos mulheres. E esse encargo tem um nome, se chama imposto rosa.

Acompanhe este artigo para ficar muito bem informada sobre:

  • O que é o imposto rosa
  • Como o imposto rosa afeta nossa vida
  • O que podemos fazer enquanto consumidoras
  • O que tem sido feito a respeito

O que é o imposto rosa

O imposto rosa, também conhecido como taxa rosa ou, no inglês, pink tax, não é um encargo propriamente dito. Na verdade, ele é um valor adicional, um sobrepreço, atribuído pelas próprias fabricantes em mercadorias voltadas para o público feminino. Sim, pagamos mais caro apenas por uma cor diferente ou por produtos cujo único diferencial é a palavra “mulher” na embalagem. Mas não para por aí.

A grande lógica por trás do imposto rosa é também parte de uma construção social. Já parou para pensar que a cobrança para que nós mulheres estejamos sempre impecáveis, nos mínimos detalhes, é muito maior do que para os homens? Ou ainda, já reparou que esta mesma cobrança cultural quanto à estética feminina é o que nos leva a consumir mais e optar por produtos que parecem ser desenhados para que nós possamos desempenhar esse papel da feminilidade e autocuidado?

A grande problemática do imposto rosa, além de superfaturar o valor cobrado por produtos similares pela diferença de gênero, é a contradição que existe nele. Apesar de consumirmos mais, as mulheres são profissionalmente remuneradas com salários 30% menores do que os homens, em média, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Logo, a gente pode chegar à conclusão de que o imposto rosa é o preço que pagamos para colocar em prática a própria cobrança social que existe sobre nós, mulheres. Cobrança esta que não foi inventada por nós, percebe?

Como o imposto rosa afeta nossa vida

Quanto custa ser mulher

Parece absurdo para você pagar mais enquanto recebe menos ou tem uma renda menor? Mulher, saiba que a novela não para por aí. A contradição do imposto rosa é ainda maior se pararmos para analisar que as mulheres têm mais dificuldade em conseguir linha de crédito do que os homens — e ainda tem mais: os juros cobrados costumam ser mais altos para nós também.

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Pagamos mais caro por produtos, temos salários e renda menores, mais dificuldade em conseguir crédito e…. adivinha? Os serviços prestados para nós também são mais caros, assim como o acesso a bens de consumo duráveis como um carro, uma casa e até o próprio seguro do automóvel.

Aqui vão alguns dados para você compreender melhor como nossa vida pode ser dificultada financeiramente pela desigualdade econômica de gênero:

Um estudo da Urban Institute analisou 60 milhões de hipotecas entre 2004 e 2014 nos Estados Unidos. A partir dos dados da amostragem, o estudo constatou que mulheres são melhores pagadoras que os homens, honram mais suas dívidas. Entretanto, elas têm acesso a menores linhas de crédito e suas hipotecas custam 0,4% mais caro.

Agora vamos para as ações rotineiras: um estudo do Departamento de Assuntos do Consumidor de Nova York constatou que o custo de ser mulher é mais caro da primeira infância à terceira idade, ou seja, do tip-top rosa às meias de compressão, passando por itens de higiene e beleza e roupas no geral.

Agora imagine que você já pagou mais caro por aquela blusinha linda, por aquela calça jeans muito parecida com a do seu companheiro, por aquele conjunto de lingerie que é até básico (ele custa 29% mais do que as peças íntimas masculinas). Agora insira nesse cenário você indo até a lavanderia mais próxima da sua casa para lavar esses itens e, quando chega lá, descobre que até isso é mais caro. Pois é… O estudo “O Custo da Feminilidade” da Universidade da Flórida Central aponta que lavar uma simples camiseta feminina pode custar quase o dobro quando o assunto é uma peça similar, mas masculina.

O que podemos fazer enquanto consumidoras


Deixar de comprar não é uma opção, mas calma, há alternativas e elas são extremamente importantes para nós, que estamos em um processo de independência financeira e conscientização sobre o que consumimos.

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Uma delas é optar por produtos que não tenham só aquela cara de que foi feito para você, sabe? Deixe de lado as famosas embalagens rosas ou lilás, e até aquelas que vêm com a palavra “mulher” na embalagem e que são muito comuns em produtos farmacêuticos. Sempre que possível, opte por produtos unissex.

Outro ponto importante é: pesquise bastante. Isso mesmo! Sempre compare os preços das versões femininas para saber qual vale mais a pena. Também compare as versões para homens e mulheres para fazer a melhor opção. Mais um truque de pesquisa é estar atenta à composição, material do produtos. Se a fórmula for a mesma para os dois tipos de produto, por que pagar mais caro na versão feminina?

E, por fim, negocie! Peça desconto e opte sempre por pagar à vista para poder pechinchar um pouquinho mais. De grão em grão a galinha enche o papo. Cada centavo vale!

O que tem sido feito a respeito

Visto que o imposto rosa é um grande aliado dos negócios e movimenta muito dinheiro na economia, temos um longo caminho a percorrer.

No Brasil, tivemos um passo em direção ao avanço em março deste ano. Trata-se do Projeto de Lei 950 de 2021 que Institui a Semana Nacional de Mobilização, Conscientização e Estímulo à Adoção da Campanha contra o Imposto Rosa, a ser celebrada todos os anos na semana de 15 de abril.

O projeto tem o intuito promover o debate sobre a necessidade de políticas públicas que possam combater o valor a mais que pagamos por produtos femininos. Como consequência, ele também visa estimular e divulgar iniciativas do setor público que se proponham a combater o imposto rosa. Assim como estimular a independência da mulher por meio de parcerias que fomentem a educação financeira.

Fique de olho e mantenha-se atualizada. Nosso dinheiro vale muito e precisamos garantir que ele será aplicado da melhor forma!

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