7 Dicas para reduzir a ansiedade atrelada às finanças

Estudo aponta que falta de educação financeira contribui para quadros de estresse e mulheres são as mais vulneráveis
JOB_03_REDES_SOCIAIS_EQL_AVATARES_QUADRADOS_PERFIL_v1-02
Mulheres solteiras e jovens adultos foram particularmente afetados pelo aumento da ansiedade e estresse financeiro gerados pela pandemia.

Uma nova pesquisa mostra que o estresse e a ansiedade estão ligados a baixos níveis de educação financeira. Com base nos dados do US National Financial Capability Study, pesquisadores do Global Financial Literacy Excellence Center (GFLEC) chegaram a essa conclusão por meio de entrevistas com grupos de pessoas que eram foco da pesquisa realizada em 2020.

“Mesmo antes da pandemia, mais da metade dos adultos americanos passou por algum momento de ansiedade financeira”, disse a diretora acadêmica do GFLEC, Annamaria Lusardi. Nem é preciso dizer que isso piorou no ano passado.

Durante a primeira fase de isolamento social nos Estados Unidos, o Instituto de Planejamento Financeiro da África do Sul conduziu uma pesquisa para avaliar o impacto da Covid-19 em planejadores financeiros certificados (CFPs na sigla em inglês) e seus clientes. Quase 80% dos CFPs que responderam ao estudo descreveram os níveis de estresse de seus clientes na época como “alto” ou “muito alto”.

Embora era esperado que a pandemia impulsionasse a ansiedade e o estresse financeiros, a pesquisa dos EUA também revelou descobertas menos óbvias: mulheres solteiras e jovens adultos foram particularmente afetados, e quase 60% dos entrevistados em grupos de renda mais alta experimentaram ansiedade financeira. Além disso, há efeitos indiretos entre os que estão financeiramente estressados ​​e ansiosos: eles são mais propensos a contrair dívidas com juros altos e menos propensos a planejar a aposentadoria.

OLHA SÓ: Quer começar a empreender? Siga nosso passo a passo

Os pesquisadores estipularam um nível de alfabetização financeira para o estudo e as três grandes questões em pauta foram juros, inflação e diversificação de risco. Os entrevistados que responderam a essas perguntas corretamente foram “significativamente menos propensos a se sentirem financeiramente ansiosos ou estressados”, reforçando a afirmação dos estudiosos de que “a educação financeira é importante”.

Na África do Sul, especificamente, a educação financeira tem sido um dos focos de política governamental há muito tempo. Claire Klassen, especialista em educação financeira do consumidor da Momentum Metropolitan, diz que em 2013 o Tesouro Nacional do país destacou a necessidade de educar financeiramente o consumidor para capacitar os vulneráveis ​​e marginalizados a participarem com conhecimento e confiança do mercado financeiro. 

Isso foi reconhecido depois que um estudo de  base realizado em 2011, na África do Sul, revelou que uma abordagem mais estruturada para a educação financeira era necessária. E foi então que o país desenvolveu a Estratégia Nacional de Educação Financeira para o Consumidor, com o objetivo de aumentar a capacidade financeira e o bem-estar de todos os sul-africanos.

Desde então, a Autoridade de Conduta do Setor Financeiro da África do Sul tem monitorado os níveis de alfabetização financeira para informar suas políticas e programas de educação do consumidor. Entre 2011 e 2017, a pontuação de conhecimento sobre finanças permaneceu em torno de 54 no índice de 0 a 100.

Em 2018, o Estudo de Alfabetização Financeira do HSRC  (sigla em inglês para Conselho de Pesquisa em Ciências Humanas) foi muito além das três questões do levantamento anterior. O resultado foi que número reduzido dos adultos consultados responderam a uma pergunta baseada na aritmética sobre a inflação corretamente –embora estivessem cientes do aumento do custo de vida– e apenas cerca de um terço foi capaz de realizar um cálculo composto simples.

Além da pesquisa iniciada pelo governo sul-africano, a Unisa e a Momentum firmaram uma parceria em 2012 para pesquisas, que inclui os índices de Riqueza Doméstica, Bem-Estar Financeiro Doméstico e Vulnerabilidade Financeira do Consumidor.

O relatório Estatísticas de Bem-Estar Financeiro Doméstico 2020 aponta para o enriquecimento de conhecimento promovido pela ajuda de consultores financeiros, que poderia mitigar os efeitos da falta de educação financeira. No entanto, esses profissionais são poucos e são considerados caros.

LEIA AQUI: Tabus da saúde feminina e violência médica contra a mulher

Além disso, há a questão da confiança. “Gostaríamos que as pessoas procurassem aconselhamento profissional, mas nossa pesquisa mostra que elas não confiam em consultores financeiros ou prestadores de serviços financeiros, porque pensam que eles cobram comissão, o que não é o caso”, diz Claire. “Estamos tentando mudar essa mentalidade”.

O Índice de Vulnerabilidade Financeira do Consumidor (CFVI) dos Estados Unidos  considera os componentes financeiros que afetam o fluxo de caixa dos consumidores: receita, despesas, poupança e serviço de débito. O CFVI do primeiro trimestre de 2021 mostrou uma melhoria em relação ao quarto trimestre de 2020, embora os consumidores ainda corram alto risco de se tornarem financeiramente vulneráveis ​​ou inseguros. Isso prevalecia em todos os grupos de renda, o que mostra que o comportamento financeiro, não apenas a renda, influencia o bem-estar financeiro.

Apesar da vulnerabilidade financeira contínua dos consumidores, os entrevistados da pesquisa (banqueiros, seguradoras, provedores de crédito, varejistas, municípios, pesquisadores) creditaram aos consumidores “adaptabilidade e resiliência” e até otimismo. No entanto, eles também disseram que a parcela consumidora precisa de apoio com criação de empregos e desenvolvimento de habilidades, especialmente em comunidades mais pobres.

Segundo o estudo dos EUA, cerca de dois terços dos entrevistados para o último CFVI perceberam os jovens como os mais vulneráveis ​​financeiramente e as mulheres como mais vulneráveis ​​financeiramente do que os homens. Klassen diz que as mulheres viram uma perda desproporcional de renda durante a pandemia, já que muitas estão no setor de serviços.

7 Dicas para reduzir a ansiedade atrelada às finanças

1. Aproveite as oportunidades de taxas de juros mais baixas e os gastos reduzidos por conta da pandemia de Covid-19 para eliminar suas dívidas menores. É o mais fácil quitar débitos mais baixos e esse sucesso aumentará a motivação para lidar com as outras dívidas.

2. Quando está estressado financeiramente, você tem maior probabilidade de fazer compras por impulso. Considere se o produto que deseja adquirir traz benefícios para você no longo prazo.

3. Achamos que não somos ricos o suficiente para economizar. Mas R$ 10 por dia leva você para R$ 70 em uma semana. Dinheiro que, em um mês, pode ajudá-la a compor uma reserva de emergência.  

VEJA MAIS: Como a inteligência emocional e financeira podem ajudar no combate à violência doméstica

4. Melhore sua educação financeira acessando o vasto universo de informações disponíveis –até mesmo por meio do Google– mas tome cuidado com os esquemas de enriquecimento rápido. Geralmente, são sistemas de pirâmide que, inclusive, são ilegais no país.

5. Comece um projeto pessoal. Nada é mais motivador do que fazer algo que gostamos.

6. Tenha um plano de aposentadoria. Um consultor financeiro pode ajudá-lo a calcular quanto você precisa poupar e onde deve investir para chegar onde deseja.

7. Inclua um plano de implementação com as ações que você precisa realizar dentro de prazos específicos, pensando em seus objetivos financeiros de longo prazo. Segundo o relatório Unisa-Momentum, isso pode ajudar a aumentar seus níveis de alfabetização financeira e guiar suas emoções em tempos de incerteza.

*Texto de Anna Rich para o portal IOL.

Compartilhar a matéria:

×