Dólar emenda 6 semanas de queda e vai à mínima desde janeiro com exterior e BC

Resultado é resposta à baixa geração de empregos nos EUA e expectativa de que o Fed manterá bilhões de dólares em estímulos por ainda mais tempo, sem subir a taxa de juros
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O dólar voltou a cair hoje (7), fechando numa mínima em quase quatro meses e contabilizando a maior queda semanal desde dezembro, com reação a ingressos de recursos e a um contínuo movimento de desmonte de posições compradas na moeda norte-americana por perspectiva de mais alta de juros no Brasil e de permanência de estímulos globais.

A cotação chegou a operar em alta logo no começo do pregão, indo a uma máxima de R$ 5,2963 (+0,33%), mas às 9h30 despencou e seguiu em queda até bater uma mínima de R$ 5,2047 (-1,40%) por volta de 12h.

A queda drástica ocorreu logo após os Estados Unidos reportarem geração muito menor de vagas de emprego em abril, o que alimentou expectativas de que o banco central norte-americano (Fed) manterá bilhões de dólares em estímulos por ainda mais tempo, sem subir a taxa de juros.

À tarde, o presidente dos EUA, Joe Biden, e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, destacaram a necessidade de mais auxílios para auxiliar na retomada econômica, endossando no mercado expectativa de mais oferta de dinheiro barato.

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O resultado foi o tombo do índice do dólar a mínimas em dois meses e o rali de um índice de moedas emergentes a uma máxima histórica, puxado pelo iuan chinês. Os movimentos ocorreram em linha com a baixa nos rendimentos dos Treasuries, que, contudo, se recuperaram no fim do pregão.

A liquidação do dólar lá fora se estendeu para o Brasil. A moeda à vista caiu 0,97%, a R$ 5,2276 na venda, menor valor desde 14 de janeiro (R$ 5,212).

Na semana –marcada pela sinalização do Banco Central de uma política monetária mais austera–, a moeda caiu 3,75%, mais forte baixa desde a semana encerrada em 4 de dezembro passado (-3,77%).

“O arbitrador vai trazer dinheiro para a renda fixa no momento em que o BC começar a subir mais consistentemente os juros. Haverá fluxo para título de dívida, emissão de empresas… Isso ainda não é uma verdade hoje, mas confirmada a sinalização poderá ser”, disse Carlos Eduardo Tavares, diretor executivo de câmbio do banco BS2.

“Com juro real de 2% você tem a aceleração do desmonte de posições compradas em dólar. A pressão para baixo (no dólar) deve continuar ainda um pouco”, acrescentou.

O dólar já cai por seis semanas consecutivas, mais longa série do tipo desde as mesmas seis semanas de queda findas em 26 de outubro de 2018.

Na atual sequência de baixas, a cotação acumula recuo de 8,94%.

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Para Caio Megale, economista-chefe da XP, os fundamentos da taxa de câmbio indicam que o real poderá continuar em apreciação nos próximos meses. A XP está em processo de revisão de cenários e, por ora, vê o dólar encerrando o ano em R$ 5,30, mas não descarta chances de a moeda bater R$ 5 até lá.

“O viés do dólar no curto prazo é de baixa. (…) As pessoas se preocupam com a CPI da Covid. Sem nada catastrófico, a CPI da Covid tende a tirar foco do Ministério da Economia, alivia o ambiente econômico, tira foco do fiscal”, avaliou Megale.

(com Reuters)

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