O dólar fechou em queda hoje (14), respondendo ao alívio global nesta sessão, mas na semana a moeda ainda acumulou alta, após o rali da penúltima sessão por temores inflacionários nos Estados Unidos.
O dólar à vista caiu 0,78% nesta sexta, para R$ 5,2720, após oscilar entre R$ 5,2978 (-0,30%) e R$ 5,2458 (-1,28%).
No exterior, o índice da divisa norte-americana recuava 0,5%. O dólar perdia terreno contra a vasta maioria de seus principais rivais, com moedas correlacionadas a commodities (assim como o real) em alta de até 1,5%.
A calma nos mercados globais de câmbio veio depois de Christopher Waller, diretor do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), dizer na quinta-feira que o Fed não elevará os juros até ver a inflação acima da meta por um longo tempo ou uma inflação excessivamente alta.
Os mercados experimentaram um solavanco na quarta-feira, depois de dados muito mais fortes de preços ao consumidor nos EUA turbinarem apostas de que o Fed seria levado a apertar mais rapidamente a política monetária. Na prática, isso se traduziria em enxugamento de liquidez, que deixaria de fluir para países emergentes, como o Brasil.
“O mercado já vive há décadas sem uma experiência concreta de inflação nos EUA. Então, não será de um dia para o outro que este cenário irá se entrincheirar no preço dos ativos. Isso levará tempo e novos dados econômicos”, disse Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. “De maneira geral, espero um cenário de maior volatilidade pela frente”, completou.
Na semana, a cotação no Brasil acumulou ganho de 0,85% após seis semanas de queda, sobretudo devido à alta de 1,55% da quarta-feira, quando o dólar disparou em todo o mundo após dados mais fortes de inflação nos EUA.
Em maio, a moeda ainda perde 2,94%, mas sobe 1,55% em 2021.
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Estrategistas do Bank of America ainda avaliam que o consenso é de dólar mais fraco no mundo, mas ponderam que o momento de redução de estímulos nos EUA continua como um fator-chave para a dinâmica dos mercados e que ruídos vindos dos próximos dados podem deixar investidores mais cautelosos ao expressarem suas visões.
No Brasil, o câmbio foi tema de participações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, em eventos virtuais separados.
Campos Neto disse acreditar que a pressão cambial mais forte decorrente do desmonte do “overhedge” (proteção cambial adicional dos bancos) e de pré-pagamentos de dívidas em moeda estrangeira por empresas brasileiras ficou para trás. Já Serra afirmou que o Bacen foi modesto” em sua atuação no câmbio em 2020, como deveria ser, e que suas intervenções nunca tiveram como foco a política monetária.
(com Reuters)