Como o chá e o cafezinho movimentam bilhões no Brasil e no mundo

Se por um lado o café se consolida como o queridinho dos brasileiros, uma outra bebida ganha espaço no mercado nacional: o chá
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Assim como o arroz e o feijão, o café também é uma paixão nacional. Expresso, pingado, capuccino, com leite, tradicional ou até gourmet. Não importa o tipo ou a época, a bebida é a segunda mais consumida no país, perdendo apenas para a água. A constatação faz parte de pesquisa inédita, encomendada pela Jacobs Douwe Egberts (JDE), empresa detentora das marcas Pilão e L’OR, em parceria com a Aocubo Pesquisa. O levantamento sugere ainda que o brasileiro consome, em média, 3 a 4 xícaras de café por dia.

O consumo dos brasileiros pelo famoso pretinho é tão grande que o Brasil também é o segundo país do mundo que mais bebe café, perde somente para os Estados Unidos, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). 

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Para efeitos de comparação, uma pesquisa do IBGE revelou que o brasileiro bebe em média cinco vezes mais café do que cerveja e refrigerante.

Consumo do café cresceu em 2020

Um relatório da Abic mostrou que, em 2020, o consumo no país cresceu 1,34%, ou seja, 21,2 milhões de sacas, entre café torrado, moído e solúvel, uma média de 4,79 kg por pessoa. O item, que é uma prioridade para consumidores brasileiros, está em pelo menos 97% das casas do país, segundo dados da associação.

O mercado do café é tão representativo para a economia brasileira, que estatísticas da Organização Internacional do Café (OIC) mostram que a cada três xícaras de café consumidas no mundo, ao menos uma é brasileira, já que o país domina, igualmente, um terço da produção e da exportação global.

Nos próximos três anos, a expectativa é de que o Brasil se transforme no maior consumidor mundial da bebida. Além disso, o país também está de olho no crescimento do consumo no mundo. 

“As perspectivas futuras continuam boas para o Brasil porque o mundo está aumentando o consumo de café. Países que antes não consumiam café, como os países asiáticos – China, Tailândia, Coréia, Índia – são países que estão começando a aumentar o consumo de café. Então, nos próximos 20, 30 anos, o mundo vai precisar de mais grãos, de mais café, e o Brasil é o país que pode suprir essa demanda mundial”, explicou o diretor-executivo da Abic, Natan Herszkowicz, em entrevista à rádio Câmara.

A maior rede de cafeteria do mundo

A história mais bem sucedida do ramo é a da Starbucks, uma multinacional norte-americana, com a maior cadeia de cafeterias do mundo. O início do império que rende bilhões de dólares todos os anos foi em 1971, em Seattle, nos Estados Unidos, com três amigos, Jerry Baldwin, Zev Siegl e Gordon Bowker. 

Nas últimas cinco décadas, a Starbucks evoluiu de uma pequena cafeteria para uma rede de quase 33 mil lojas licenciadas e espalhadas por mais de 80 países. 

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Com uma capitalização de mercado de US$ 128 bilhões, a Starbucks cresceu e se tornou a segunda maior rede de restaurantes de serviço rápido do mundo, atrás apenas do McDonald’s em termos de vendas, capitalização de mercado e apelo de marca global. 

A empresa, que já tem 128 lojas abertas no Brasil, pretende abrir outras em 2021, em especial no segundo semestre. 

“Nós dizemos que a Starbucks é o seu terceiro lugar, porque ele é o local entre sua casa e o seu trabalho. Neste ano, vamos continuar a crescer em Santa Catarina, Distrito Federal, São Paulo, onde já temos lojas, mas mercados novos. Vamos chegar a Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte, e, com isso, vamos não só levar café para as cidades principais, mas escutar estes mercados”, disse Claudia Malaguerra, diretora-geral da Starbucks no Brasil, à CNN Brasil.

Chá, tradição milenar ganha espaço no Brasil

Se por um lado o café se consolida como o queridinho dos brasileiros, uma outra bebida ganha espaço no mercado nacional: o chá. Um estudo feito pela consultoria Euromonitor mostrou que o consumo brasileiro subiu 25% entre 2013 e 2018, quase o dobro da média mundial. Em 2019, por exemplo, o segmento movimentou R$ 2,2 bilhões no Brasil. 

No país, o setor emprega mais de 450 mil pessoas, segundo dados do Sebrae. Uma das lojas mais tradicionais do Brasil é a Rei do Mate, que conquistou os primeiros consumidores com uma receita de chá própria, consumida pura ou com leite, limão, caju e maracujá. 

Enquanto nos Estados Unidos a Starbucks dava os primeiros passos, no Brasil, poucos anos depois, em 1978, a primeira loja do Rei do Mate foi aberta pelo empresário de origem síria Kalil Nasraui, na esquina da avenida Ipiranga com a São João, no coração da capital de São Paulo.

Inicialmente, o local tinha 20m² e cresceu para sete lojas próprias na década seguinte. 

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Em 1991, o negócio entrou no formato de franquia e, além do chá, novos produtos e novas combinações da bebida foram incluídas no cardápio. Atualmente, a rede tem 305 lojas em 17 estados, com um faturamento de R$ 300 milhões ao ano.

Bebida mais consumida no mundo

Depois da água, o chá é a bebida mais consumida no mundo, principalmente graças às fortes tradições culturais na Ásia e Europa. 

Ao todo, são cerca de 331 bilhões de litros de consumo de chá quente no mundo e 41 bilhões de litros de chá gelado. No ranking mundial, os principais países consumidores de chá quente no mundo em 2016 eram China (1º), Índia (2º), Rússia (3º), Paquistão (4º) e Egito (5º).

Bebida milenar da cultura asiática e popularizada no mundo pela Inglaterra, o chá ainda não está entre as principais preferências dos brasileiros, apesar do crescimento nos últimos anos. 

A média anual de consumo por brasileiro é de apenas 10 xícaras. Mas, há a tendência de ampliação desse mercado no país até 2023, considerando o aumento da procura por alimentos e bebidas saudáveis e o aumento de lojas e estabelecimentos especializados na venda de chás.

Informações da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) preveem que, até 2024, o setor de chá cresça a uma taxa anual de cerca de 4 a 5,5% e alcance US$ 73 bilhões. 

Uma boa oportunidade de negócio

Com pouco mais de um ano da pandemia da Covid-19 no Brasil, ao contrário do que muitos pensam, os brasileiros têm buscado empreender no país. 

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É o que mostra um levantamento realizado pelo Sebrae, responsável por identificar as atividades econômicas que mais atraíram a atenção dos empreendedores brasileiros com oportunidades de negócios.

Entre as atividades econômicas, estão as lanchonetes, casas de chá, sucos e similares. 

Apesar da pandemia, a marca Leão Alimentos e Bebidas, do Grupo Coca-Cola, por exemplo, registrou um crescimento de 55% nas vendas de chás de infusão (sachês, cápsulas, solúveis e ervas a granel), quando comparado com o mesmo período de 2019. 

O crescimento do interesse dos brasileiros por chá é tanto que no Google Brasil a busca por chás saiu do índice de busca 60 em março, para 96 em maio e 100 em julho, sendo a escala de zero a 100.

O bom momento para empreender em um negócio de bebidas quentes também inclui o café. Isso porque o consumo da bebida queridinha dos brasileiros aumentou no país, mesmo as pessoas estando mais dentro de casa.

Com o isolamento social e as restrições de  ir ao local físico, as cafeterias investiram no e-commerce. Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), os associados consultados relataram aumentos de até 49% nas vendas por meio da internet. Outra solução encontrada para sustentar os negócios em meio à pandemia foi o delivery.

Além do café pronto, para levar aos clientes a melhor experiência com a bebida, algumas cafeterias passaram a entregar café, em grão ou moído, para serem preparados em casa.

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