Brasil terá gap de 260 mil vagas na área de TI até 2024; veja como ocupar uma delas

Segundo a Brasscom, lacuna será principalmente em Big Data, Internet das Coisas e desenvolvimento de software
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Mulheres representam apenas 26% dos trabalhadores formais no mercado brasileiro de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Via: This is Engineering/Pexels)

Você já deve ter ouvido falar sobre o “boom” do setor de tecnologia durante a pandemia. Da noite para o dia, milhares de empresas precisaram se digitalizar para manter as operações funcionando de modo remoto. Foi preciso reformular sistemas, sites, bancos de dados e outros inúmeros processos que demandavam especialistas da área. E isso foi só o início. 

A Brassom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, estima em seu último relatório que, até 2024, o gap – ou seja, a falta de profissionais do setor – será de 260 mil. O valor corresponde a mais de três estádios lotados do Maracanã e quase 2% do total de desempregados atualmente no país.

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De acordo com o levantamento, as áreas que mais sofrerão com o gap profissional nos próximos anos são Internet das Coisas (IoT), Big Data e desenvolvimento de software. Juntos, as três somam mais de 200 mil novas vagas no mercado até 2024.

Segundo a associação, as tecnologias relacionadas à transformação digital, mobilidade e conectividade também serão responsáveis por cerca de R$ 845 bilhões em investimentos no Brasil entre 2021 e 2024. Do ponto de vista global, um levantamento da consultoria Gartner mostrou que o mercado de tecnologia da informação deve crescer cerca de 5,3% em 2022. Segundo ele, US$ 557,3 bilhões serão gastos no setor só pelos governos.

Os dados são animadores para aqueles que pensam em conquistar uma vaga no setor. Para Bianca Ximenes, head de inteligência artificial da Gupy, startup de recrutamento digital, esse aumento de contratações pode oferecer oportunidades até para quem não tem experiência. “Há muitas empresas nativas de tecnologia sendo criadas para solucionar diferentes dores do mercado, enquanto outras já estabelecidas estão passando por uma transformação digital para continuar inovando e crescendo”, diz. 

As mulheres, por exemplo, representam apenas 26% dos trabalhadores formais no mercado brasileiro de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, segundo levantamento financiado pelo International Development Research Centre (IDRC) e realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Número que vem mudando a passos lentos: nos últimos dois meses, a Gupy relatou que apenas 12,9% das contratações femininas foram para áreas de TI. Apesar das estatísticas negativas, Bianca explica que é preciso deixar para trás a ideia de que existem profissões de “homens” ou de “mulheres”. “Existem pessoas, e existem habilidades que geram valor para as empresas”, ressalta. 

Habilidades estas que podem favorecer a presença feminina em alguns setores. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Salerno, na Itália, e da Universidade de Zurique, na Suíça, mostrou que equipes de TI que contavam com membros mulheres apresentaram uma comunicação melhor e mais empática do que as demais. “A empatia ajuda as programadoras a captarem melhor as necessidades dos públicos. Por outro lado, uma comunicação mais assertiva ajuda na compreensão e delegação de tarefas, evitando o retrabalho e gerando mais eficiência.” 

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Assim, o gap pode – e deve – ser usado como uma oportunidade para ingressar no mercado de tecnologia. A equipe da Elas Que Lucrem conversou com três especialistas de empresas brasileiras de TI – Nuvemshop, Simpress e TOTVS – para saber mais sobre as exigências e perspectivas dos cargos envolvidos nas áreas de Big Data, IoT e desenvolvimento de software. 

Big Data

Na área do Big Data, a maioria das empresas demanda analistas e administradores de bancos de dados (Via: Vitaly Vlasov/Pexels)

O que é?

O Big Data é a área responsável por obter e analisar dados digitais de maneira segura e eficiente. Nela, o objetivo dos profissionais é utilizar as informações extraídas para criar estratégias e insights voltados aos mercados nos quais as companhias atuam. Com essas informações em mãos, elas devem ser capazes de tomar decisões mais assertivas e personalizadas para seu público. 

Quais são as ocupações disponíveis no mercado?

Atualmente, a maioria das empresas demanda analistas e administradores de bancos de dados. A missão desses profissionais é monitorar as informações e, a partir delas, criar relatórios que otimizem as operações cotidianas, além de auxiliar a liderança nas ações de mercado. Já os engenheiros de dados, por sua vez, são mais requisitados para garantir a segurança e o bom funcionamento da extração do material. 

Qual é a formação necessária?

Os requisitos de contratação variam entre as empresas. Na Simpress, empresa de outsourcing de impressão e gestão de documentos, por exemplo, é exigido ensino superior completo em TI ou afins. Já na TOTVS, companhia especializada em softwares, é possível ingressar em alguns processos seletivos apenas com um curso técnico, como é o caso das posições de analista júnior. Na plataforma de e-commerce Nuvemshop, por sua vez, qualquer profissional que tenha domínio prático do assunto pode se candidatar, mesmo sem especialização formal. 

Entre as habilidades mais requisitadas pelos recrutadores estão o conhecimento em linguagens de programação de análise de dados (R, Python e SQL) e data mining. Capacidade analítica, criatividade, velocidade de raciocínio e interpretação também aparecem como características desejáveis. 

Desenvolvimento de software

O trabalho consiste em construir novos softwares ou fornecer suporte para aqueles já existentes ( Via: This is Engineering/Pexels)

O que é?

O desenvolvimento de software consiste na elaboração de um sistema computacional que atenda à necessidade de um mercado, produto ou serviço. De modo geral, a profissão costuma lidar com automatização de processos, aumentando a produtividade das empresas e reduzindo o volume de trabalho ou a burocracia. 

Quais são as ocupações disponíveis no mercado?

De modo geral, o profissional mais requisitado é o analista de programação ou de sistemas. O trabalho consiste em construir novos softwares ou fornecer suporte para aqueles já existentes, permanecendo atento para o surgimento de novas demandas. A área ainda inclui outras funções em crescimento, como é o caso de especialistas em qualidade de sistema e designers responsáveis pelo visual dos programas. 

Qual é a formação necessária?

Assim como no caso do Big Data, os requisitos variam entre os recrutadores. A Nuvemshop afirma que não exige nenhum grau de formação, desde que o profissional possua uma capacidade técnica de alto nível. Já para a TOTVS e para a Simpress, o ensino superior em cursos relacionados à tecnologia é obrigatório, seja ele em andamento para vagas júnior ou completo para as demais posições. 

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IoT

Os profissionais podem atuar criando e melhorando dispositivos remotos de hardware (Via: Karolina Graboswa/Pexels)

O que é?

A IoT, ou internet das coisas, é a área da tecnologia que cuida da interconexão digital de objetos – como é o caso dos smartwatch e dos assistentes virtuais. Na prática, os profissionais podem atuar criando e melhorando dispositivos remotos de hardware, assim como concebendo soluções. 

Quais são as ocupações disponíveis no mercado?

Nas empresas, as principais cadeiras são para analista de monitoramento. O cargo é responsável por acompanhar a transmissão de dados entre sistemas e dispositivos, garantindo o bom funcionamento da IoT. Outras oportunidades incluem posições de desenvolvedor, área em que o profissional atuará diretamente com a engenharia do mecanismo. 

Qual é a formação necessária?

A formação mais desejada pelos recrutadores é o ensino superior completo em algum curso relacionado a TI, como sistemas de informação e ciências da computação. Experiência em monitoramento remoto (NOC), infraestrutura digital e suporte ao cliente de rede também são bem-vindas. 

Formações complementares, como inglês avançado e pacote Office, também estão entre os requisitos das empresas. Já em relação às soft skills, as habilidades mais requeridas são organização, pensamento analítico e capacidade de resolução de problemas.

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