Entenda por que o número de mulheres contratadas na área de tecnologia quase dobrou em 2021

No Brasil, recrutamento de profissionais do gênero feminino cresceu 48,2% só no primeiro semestre deste ano
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As mulheres são apenas 26% do total de profissionais de tecnologia no Brasil (Foto: Ali Pazani/Pexels)

Quem acompanha os números de contratações do mercado de tecnologia sabe: o momento é delas. Só no primeiro semestre de 2021, nove mil mulheres foram contratadas no setor, segundo levantamento feito pela plataforma digital de aprendizado Gama Academy em parceria com a plataforma de RH Gupy. O valor  corresponde a um crescimento de 48,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. 

Por trás desse “boom” de recrutamento feminino, estão movimentos de diversidade e equidade social, explica Natália Garcia, chief operating officer (COO) da Gama. Na onda mundial de iniciativas de ESG (“ambiental, social e governança”, na sigla em português), relata a executiva, as companhias brasileiras têm procurado promover políticas voltadas para a inclusão de grupos minoritários. O termo pode soar estranho, afinal, as mulheres representam 52,2% da população nacional, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, elas ainda são apenas 26% do total de profissionais de tecnologia, segundo levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas em parceria com o International Development Research Centre (IDRC). 

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Esse interesse é refletido na busca por parcerias, de acordo com a plataforma. Só este ano, a empresa promoveu 10 programas exclusivos para o público feminino na área de tech, incluindo ações com a Magazine Luiza e o Banco BV. “Equipes diversas performam muito melhor. As companhias já perceberam isso e agora usam essas ações para reduzir a lacuna entre homens e mulheres”, explica Natália. Segundo um levantamento feito em 2020 pela consultoria McKinsey em 15 países, a diversidade de gênero é capaz de aumentar em até 15% o lucro de um negócio, além de terem 27% a mais de valores enraizados da cultura empresarial. 

A COO também deixa claro que, apesar de ser um movimento ligado à equidade, a contratação acelerada de mulheres nesse setor deve persistir pelo menos nos próximos cinco anos. Assim, quem estiver considerando as profissões de tecnologia para o futuro ainda terá tempo de se graduar antes de ingressar nesse mercado. “Meu conselho é: estude, estude e estude. Não tem faltado oportunidade para entrar nessa área, seja em empresa grande ou pequena, então a educação é a ponte”, diz. 

Incentivo pode vir das empresas e escolas

Por outro lado, o aumento no número de contratações de mulheres também está ligada às mudanças de diretrizes entre os recrutadores. Como a disparidade de gênero é um fenômeno que vem se propagando por várias décadas, Natália Garcia acredita que não basta que a presença feminina seja incentivada nos processos seletivos. “Será sempre mais fácil encontrar um homem com mais experiência”, diz. Dessa forma, o que muitas companhias vêm adotando é uma adaptação do perfil das vagas: em vez de exigir o mesmo nível de qualificação e bagagem dos demais candidatos, os departamentos de RH diminuem o nível de aptidão para garantir a inclusão de mulheres. Assim, o passo seguinte é investir nas novas profissionais para que elas alcancem o mesmo patamar do restante da equipe. 

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Além disso, é preciso desenvolver uma cultura interna que faça essas novas colaboradoras permanecerem em seus trabalhos. Segundo um estudo da Accenture e do Girls Who Code, metade das jovens que trabalham em tecnologia deixam o setor antes dos 35 anos. “É importante preparar o ambiente para que ele seja acolhedor”, destaca Natália. “Se a mulher for a única entre 10 homens, é claro que ela não se sentirá à vontade”, completa. Nessa esfera, programas de aceleração de carreira, crescimento e suporte também podem ajudar na formação de uma rede de apoio para as profissionais. 

Por fim, outro ponto que merece atenção é a lacuna de gênero nos cursos de graduação relacionados à tecnologia. O IBGE aponta que apenas 35% dos estudantes matriculados em cursos de TI no ensino superior são mulheres; enquanto o último Censo mostra que elas representam 28,3% dos alunos de engenharia do país. “Existe essa ideia de que homens são melhores em exatas”, explica a COO. “Mas as mulheres se destacam em coisas muito importantes para a programação, como a organização e a atenção”. Assim, uma das formas de mudar esse viés é iniciar o trabalho de inclusão ainda no período escolar. A adoção de disciplinas voltadas para robótica e computação, por exemplo, é vista com bons olhos pelas empresas de capacitação. “Os alunos precisam entender que aquilo é uma possibilidade de carreira para o futuro”, conclui.

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