12 investimentos para se proteger da inflação

A EQL ouviu quatro especialistas sobre as melhores aplicações para obter bons rendimentos com a inflação em vez de deixá-la corroer a renda
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A inflação oficial saiu do controle em 2021 e, possivelmente, isso acontecerá também em 2022, conforme as próprias estimativas do Banco Central.

No ano passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 10,06%, bem acima do limite da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional que era de 5,25%.

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Pressionam a alta dos preços alguns fatores internos como a alta da energia elétrica, transportes, alimentos e matérias-primas escassas e mais caras. Há também a chamada ‘inflação importada’ que vem com a alta do petróleo e de outras commodities – produtos com cotação internacional.

A EQL, que está sempre preocupada com o bem-estar financeiro das leitoras e seguidoras, foi buscar com economistas e analistas as alternativas para não deixar a inflação corroer a renda. Pelo contrário, virar o jogo, e ganhar com a inflação através de investimentos.

A economista Cristiane Mancini, mestre pela PUC-SP, afirma que, com a inflação a gente perde a real noção do valor de um produto e serviço, algo negativo não só para o consumidor, mas também para o empresário. “Quem acaba sofrendo mais é a camada mais pobre da sociedade por não ter acesso à instrumentos mais robustos e acaba refém da alta dos preços”.

Cristiane explica que uma forma de se proteger é escolher investimentos com maior rendimento pela variação da inflação. Ela recomenda:

  • Tesouro IPCA: investimento mais conservador e, por isso, mais seguro. É vinculado ao estado e o risco de inadimplência é extremamente baixo. É o mais indicado para proteger contra as oscilações de inflação. A rentabilidade é calculada com base no índice oficial de inflação, o IPCA. A taxa fixa é previamente acordada e, assim, a proteção ao risco de perda é garantida ao investidor. “É o mais recomendado neste momento tão instável que atravessamos no país”.

  • LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio): protege o capital do investidor da desvalorização.  Essas aplicações contam com investimentos do governo federal brasileiro por serem isentos de imposto de renda “Isso deve ser levado muito em consideração porque de nada adianta um rendimento extremamente alto, mas, lá na frente, no próximo ano, por exemplo, ter que incorrer com um imposto extremamente elevado no pagamento de IR”. Em alguns títulos, esse rendimento também é indexado ao IPCA acrescido de uma taxa fixa. Apenas dessa forma, é garantido que a rentabilidade oferecida não tenha perda diante da inflação. “É um tipo de investimento bastante positivo em um momento adverso”.

  • Debêntures (títulos emitidos por empresas) e debêntures híbridas: investimento de renda fixa. As debêntures híbridas ainda têm um componente pós-fixado e um pré-fixado, simultaneamente, pois tendem a remunerar o investidor à taxa pré-fixada acrescidas da correção pelo IPCA.

  • Fundos de investimentos: oferecem um risco um pouco maior que as aplicações mencionadas acima e devem ser pensados com um pouco mais de cautela porque propõem rendimento sempre acima da inflação, replicando determinado índice de variação. “É necessário sim pensar um pouco mais antes de optar por este tipo de investimento”.

  • Moedas estrangeiras: costumam ser mais estáveis, mas também exigem maior cautela, principalmente se a investidora é novata. Em um primeiro momento, dependendo do momento em que o país está, a moeda pode estar sendo politicamente manipulada de acordo com algum acordo comercial ou alguma política monetária e, por isso, é necessário ter um pouco mais de conhecimento. “Mas eu vejo com muito bons olhos porque muitos investidores tiveram bons rendimentos em diversos momentos investindo em moedas estrangeiras”.

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Cristiane ainda explica quais investimentos devem ser evitados neste momento da economia quando o objetivo é superar a inflação. “A caderneta de poupança deve ser evitada por ter o rendimento negativo porque vem perdendo constantemente para a inflação, além dos fundos DI com as taxas altas por serem atrelados ao CDI”.

A economista também alerta sobre a necessidade de se pensar bem antes de fazer qualquer investimento e estar atenta às taxas de administração ou qualquer taxa a ser paga neste momento.

A EQL também ouviu a planejadora financeira Daniela Lopes, sócia da HCI Invest, que lembrou sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central nos dias 1 e 2 de fevereiro que traz a expectativa da taxa básica de juros ser elevada em 1,5 ponto percentual para 10,75% ao ano, o que já vai pressionar um pouco a queda da inflação.

“A gente vem de um cenário de transição de política monetária global em que as curvas de juros estão se abrindo para uma taxa de juros mais alta para tentar conter a inflação”.

Daniela ainda chama a atenção para o risco fiscal no Brasil em um ano eleitoral em que se sabe que a turbulência deve continuar. Por isso, ela recomenda os papéis de renda fixa atrelados à inflação como a melhor opção para o momento. “Historicamente, eles sempre foram uma boa opção e continuam sendo”. São eles:

  • Papéis atrelados à NTN-B: são papéis de títulos públicos que oferecem ‘zero’ risco de crédito por serem títulos do governo sempre atrelados ao IPCA mais um prêmio. “A gente vê aí os papéis para 2023, ou seja, curtíssimo prazo, pagando um bom prêmio e você também não tem o risco de crédito”.

  • Renda fixa crédito privado: é uma boa opção, mas deve ser olhada com bastante cautela. “É importante ser bastante seletiva nos papéis high grade, ou seja, com baixo risco, pelo vencimento destes papéis ser mais curto de, no máximo, cinco anos. Estes papeis têm pago um bom preço e são uma boa opção”.

  • Papéis pré-fixados: é outra boa opção porque são mais ‘curtos’, ou seja, têm vencimento mais próximo. “Quando a gente olha um ano, vê papel pagando 12,5%, então, é outra boa opção”.

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Sydne Vieira, assessora da Aplix Investimentos, destacou a importância de ter uma carteira diversificada com várias classes de ativos e colocar em prática o velho conselho do ‘não colocar todos os ovos em apenas uma cesta’.

“Ao diversificar o dinheiro em várias classes, você protege mais os investimentos ao mesmo tempo em que fica posicionada para obter mais rentabilidade na carteira”, explica.

Sydne ressalta que, com a diversificação, a investidora diminui a volatilidade da carteira sem ficar de fora das oportunidades que aparecem ao longo dos ciclos econômicos. Ela recomenda:

  • CDBs atrelados ao IPCA, LCA e LCI, debêntures e debêntures incentivadas, títulos do Tesouro (NTNB ou NTNB Principal) incentivadas e fundos de investimentos: “O interessante dessas aplicações é que você tem uma modalidade híbrida, pois a taxa é pós-fixada, por exemplo, ao IPCA, mais a pré-fixada que é a taxa já contratada no dia da aplicação”.

A analista explica que, atualmente, estes investimentos estão pagando IPCA mais 5% ou 6%. “Uma rentabilidade que traz ainda mais atratividade, pois você pode travar essas taxas para prazos mais longos, como três, quatro, cinco anos ou mais mesmo que a taxa de juros caia nos próximos anos. Você fica com essa taxa garantida”.

Sydne destaca a isenção de IR de algumas dessas aplicações – como o LCI, LCA e debêntures incentivas – e alerta sobre os fundos de investimentos atrelados à inflação que, por estarem carregando papéis mais antigos de quando as taxas estavam mais baixas, podem ser impactados pela alta da taxa básica de juros e “talvez não sejam melhores do que os outros papéis”.

Ela ainda sugere:

  • Ativos atrelados ao dólar: fundos de investimentos, ETFs (fundos negociados em bolsa), BDRs (recibos de ações negociados na B3 de empresas listadas fora país) e ações de empresas brasileiras com atuação em exportação. Esses ativos também protegem a carteira de investimentos contra a inflação.

Patrícia Palomo, economista, gestora de recursos CFP® e conselheira da Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro, explicou que alguns ativos acompanham a evolução da inflação e remuneram juros adicionais. Eles podem ser encontrados em aplicações tanto de renda fixa, quanto de renda variável.

A economista alerta que, no caso da renda fixa, a investidora só vai conseguir a taxa contratada na data do vencimento. “É importante avaliar, antes de investir, se existe a disponibilidade de tempo para a investidora manter o recurso aplicado até o vencimento do título”. Um exemplo são os títulos do governo, como o Tesouro IPCA.

Os títulos privados podem ser os CDBs – Certificados de Depósitos Bancários – emitidos pelos bancos e instituições financeiras – que contam com o benefício de serem garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até um determinado valor e podem ser indexados à inflação.

Já os ativos incentivados não têm incidência de imposto de renda. Palomo recomenda:

  • CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio): embora esses ativos tenham a isenção fiscal, não contam com a cobertura do FGC. “É importante, antes de investir nestes ativos, avaliar a capacidade do emissor do título em honrar os pagamentos a que se comprometeu”.

  • Fundos Imobiliários: ativos de renda variável que possuem em carteira contratos de aluguéis ou contratos de dívidas que são corrigidos por algum índice de inflação como o próprio IPCA, ou o IGP-M que subiu quase 18% em 2021. “O rendimento destes ativos consegue acompanhar a variação da inflação, embora o valor da cota do fundo – por onde o investidor investe – varie de acordo com as condições de mercado”.

Luciene Miranda é repórter especial e colunista na Elas Que Lucrem

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