6 insurtechs que estão mudando a maneira como as pessoas contratam seguros no Brasil

Digitalização e desburocratização dos serviços oferecidos são os principais pilares das startups do setor que desejam revolucionar o mercado
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Hoje, os produtos oferecidos por essas empresas são diversos e vão desde seguros de automóveis, saúde, vida e residencial até funeral (Foto: EnvatoElements)

O Brasil é apontado como o oitavo país do mundo com maior potencial para crescimento do setor segurador, de acordo com o Índice Global de Potencial Segurador (GIP), desenvolvido pela Mapfre Economics, que faz pesquisas e análises da área. O resultado da pesquisa, que analisou 96 mercados, foi divulgado em outubro de 2020, em plena pandemia de Covid-19. 

E, apesar do resultado promissor, a cobertura de seguros ainda é baixa no país, o que significa que há muito espaço para crescer. É o que mostra uma pesquisa da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg). De janeiro a junho do ano passado, o mercado brasileiro cresceu 19,8% e movimentou R$ 145,1 bilhões, ultrapassando o volume do segundo semestre de 2019, antes da pandemia, que atingiu R$ 144,7 bilhões.

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Uma das apostas para o setor continuar crescendo são as insurtechs. O nome é uma junção de insurance (seguro) e technology (tecnologia). Em resumo, são startups que estão revolucionando o mercado segurador, com a aposta na desburocratização na hora de contratar um plano, seja ele um seguro de vida, de imóveis, de veículos, de saúde ou qualquer outro. 

Se antes as pessoas levavam horas para acionar um seguro, entender o funcionamento e ainda tinham problemas no momento do cancelamento ou de mudança de produto, a ideia é que agora a tecnologia sirva como aliada para tornar esse processo muito mais simples e, consequentemente, atrair mais usuários. 

Segundo dados do estudo Latam Insurtech Journey, atualmente existem mais de 350 empresas desse tipo na América Latina. O Brasil aparece na liderança, com 32% de participação e 129 insurtechs.

Oferta mais diversificada de produtos e serviços

O CEO e cofundador da insurtech 180° Seguros, Mauro Levi D’ancona, explica que o mercado de seguros no Brasil é muito subpenetrado, ou seja, ainda existe muito espaço para crescer. “O número de clientes hoje deveria ser o dobro do que é”, diz.

Para desburocratizar o mercado, em 2020, a 180° lançou o primeiro seguro com cobertura intermitente da América Latina, em parceria com o Zul+, aplicativo que viabiliza pagamento e compra de créditos de estacionamento rotativo e de diversos outros serviços automotivos.

D’ancona explica que o produto foi desenvolvido por meio da observação do comportamento do brasileiro que, por vezes, opta por não estacionar o carro na rua por uma série de fatores, seja pela falta de segurança, seja pelo medo de deixar algo dentro do veículo.

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Com contratação 100% digital e uso imediato, o Seguro Zul+ | Powered by 180° é garantido pela Tokio Marine Seguradora e inclui cobertura de roubo ou furto de itens como smartphones, carteira, óculos e cosméticos, por exemplo, ao custo de R$ 0,49 por hora, garantindo indenização máxima de R$ 1.000.

O CEO argumenta que esse modelo faz parte do plano da insurtech de mudar a forma de distribuir e consumir seguros no Brasil. “Como a gente faz para oferecer seguros de forma acessível, quando e como as pessoas precisam? A maioria dos brasileiros consegue fazer tudo pelo celular, então, a ideia é unir seguros, tecnologia e facilidade. É um desafio, a linguagem precisa ser simples. Por isso, estudamos bastante os modelos existentes e as possibilidades que estão surgindo com as mudanças instituídas pela Susep.”

Uma pesquisa realizada pela fintech norte-americana Intuit QuickBooks reforça a ideia da importância da digitalização nesse processo. O estudo identificou que 49,7% das pequenas empresas brasileiras estão mais digitais hoje por conta da Covid-19.

Ainda no setor automotivo, a insurtech Thinkseg, fundada por Andre Gregori em 2016, inaugurou no Brasil o modelo “pay per use”. A ideia é que o cliente só pague pelo serviço quando for usar. O seguro funciona por meio de uma assinatura mensal mais um valor em centavos por quilômetro rodado.

No segundo semestre do ano passado, a empresa também fechou parceria com a Qualicorp, administradora brasileira de planos de saúde. O objetivo é distribuir digitalmente o seguro auto pay per use em um grande marketplace, um hub integrador que reúne seguros e serviços financeiros, com foco no cliente. “Esse modelo de plataforma tem sintonia com a nossa estratégia de crescimento de escalabilidade nas vendas”, afirma Gregori. Para o CEO da Thinkseg, com a distribuição pelo marketplace, a expectativa é de que o seguro seja visualizado por mais de 2 milhões de clientes da Qualicorp. 

A busca por seguros de vida também cresceu durante a pandemia de Covid-19. A Confederação Nacional de Seguradoras (CNSeg) registrou aumento de 19,3% na procura do modelo nos primeiros seis meses de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, movimentando R$ 10,9 bilhões. 

O mais recente report da Distrito mostrou que já foram investidos mais de US$ 349 milhões em empresas de tecnologia focadas em seguros no país desde 2011. Em 2020, o total de investimentos foi US$ 92 milhões. 

“A pandemia impactou o setor de seguros de diferentes formas. O seguro de vida, especificamente, sofreu com um aumento acelerado no número de sinistros pagos. As seguradoras ignoraram a cláusula de risco excluído de pandemia dos seus contratos de seguro e optaram por pagar nos casos de morte por Covid-19. Por outro lado, a crise sanitária fomentou a conscientização do brasileiro médio de contratar uma proteção de patrimônio e renda para sua família em casos de eventualidade”, diz Rafael Cló, CEO da Azos, insurtech que oferece seguro de vida.

Bárbara Possignolo, head de legal e compliance na Pier, primeira insurtech a virar seguradora no Brasil, acrescenta que como as pessoas ficaram muito mais tempo em casa, a percepção de riscos patrimoniais, como por exemplo de seguro de celular e de automóvel, diminuiu. “Por isso, muita gente começou a avaliar a necessidade de ter um seguro nesse período e preferiu contratar produtos de duração mais curta  e que permitam um cancelamento simplificado. A pandemia intensificou também a necessidade da experiência digital. Como sair de casa significava risco de contaminação, contratar um seguro de maneira totalmente online nunca fez tanto sentido.”

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A especialista continua: “A tecnologia possibilita também a diversificação de produtos, como, por exemplo, o intermitente ou liga-desliga, que permite que o cliente ative o seguro só quando for utilizar o carro. Outro diferencial promovido pela tecnologia são os pagamentos de indenização instantâneos, isso porque, neste novo cenário, as pessoas dependem muito de seus smartphones, e ter um aparelho celular roubado e receber a indenização segundos depois é um grande diferencial”.

Hoje, os produtos oferecidos por essas empresas são diversos e vão desde seguros de automóveis, saúde, vida e residencial até funeral. E as soluções para atrair cada vez mais público passam por vistorias online, plataformas interativas, atendimento humanizado e 100% do processo digital.

Veja, a seguir, 6 insurtechs que estão revolucionando o mercado brasileiro de seguros:

180° Seguros

Os fundadores da 180º Seguros: Alex Körner, Mauro Levi D’Ancona e Franco Lamping (Foto: Divulgação)

A empresa foi fundada em 2020 pelo trio Mauro Levi D’Ancona, Alex Körner, e Franco Lamping, que têm experiência em tecnologia, seguros e startups. 

Hoje, a startup atua em um modelo B2B2C com produtos de seguros e suportes, conectando seguradoras e empresas de assistência aos consumidores com tecnologia. O objetivo é mudar o modelo de distribuição de produtos com comunicação simplificada, menos burocracia e atendimento humanizado.

Em 2021, fechou sua primeira rodada de investimento, no valor de R$ 44 milhões, liderada pelos fundos Canary, Dragoneer e Rainfall. O aporte foi o maior já registrado em startups no setor de seguros no Brasil e na América Latina.

A ideia é que o investimento dê o suporte necessário para a insurtech impulsionar a consolidação de seu modelo de negócio insurance as a service, com foco no desenvolvimento de produtos e na melhor experiência dos clientes.

A 180° hoje conta com mais de 20 clientes, incluindo empresas consolidadas e listadas em bolsa, startups e unicórnios, de setores como imobiliário, financeiro, benefícios e varejistas, entre outros.

Azos

Rafael Cló, CEO da Azos, e os outros dois sócios fundadores: Renato Faria e Bernardo Ribeiro (Foto: Divulgação)

A insurtech foi fundada em 2020 pelos empresários Rafael Cló, Renato Farias e Bernardo Ribeiro. A ideia da empresa surgiu enquanto Cló morava nos Estados Unidos. Na época, ele teve dificuldade com a apólice do seguro de vida que havia comprado no Brasil. O cartão que fazia o pagamento automático da apólice venceu e ele não conseguiu resolver a questão de forma digital. O corretor que tinha vendido o produto não trabalhava mais na empresa e o departamento financeiro da companhia demorou oito semanas para realizar a mudança e ainda cobrou taxa de atraso e multa. A experiência negativa com uma grande seguradora se somou com a vontade de empreender e a percepção de que podia oferecer um produto com qualidade e flexibilidade, além de atendimento focado no consumidor. 

Hoje, a startup de seguro de vida está com mais de R$ 3 bilhões de capital segurado e tem crescido em ritmo acelerado. A empresa preferiu não revelar o número de clientes e o faturamento, mas informou os aportes: R$ 350 mil na primeira rodada, em abril de 2020; R$ 12,5 milhões, em outubro do mesmo ano, da Kaszek, Maya, Propel e alguns outros investidores dos mercados de tecnologia e seguros; e mais R$ 55 milhões, em novembro de 2021, da Kaszek Capital, Maya Capital e Propel. 

O desafio, agora, é aumentar a penetração do seguro de vida no Brasil, que ainda é muito baixa: 15%, atrás até de outros países da América Latina, como Chile, Colômbia e México.

Minuto Seguros

Marcelo Blay, CEO da Minuto Seguros (Foto: Divulgação)

A Minuto Seguros foi criada em janeiro de 2011 e é uma das principais corretoras de seguros online no Brasil. No projeto da empresa, o intuito principal do modelo, bem comum em mercados de países mais desenvolvidos, era trazer a praticidade da tecnologia para um ramo que oferecia poucas inovações. Após um plano detalhado de negócios, a Minuto começou a integração de sistemas com as seguradoras. 

“A grande vantagem desse modelo de corretora é permitir unir o sistema com diversas seguradoras do mercado brasileiro de maneira automatizada e integrada. Como resultado, oferecemos uma experiência rápida, eficiente e transparente para o consumidor que busca fazer sua cotação de seguro de um jeito prático”, explica Marcelo Blay, VP de seguros da Creditas, CEO e fundador da Minuto Seguros.

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Atualmente, a companhia oferece seguros para pessoas físicas (auto, imóvel, viagem, vida e acidentes pessoais) e jurídica (patrimonial, vida, saúde e odontológico), e atinge 98% do mercado nacional por meio das seguradoras parceiras. Já vendeu mais de 740 mil seguros e conta com mais de 160 mil clientes. O CEO da insurtech diz que prefere não abrir dados de crescimento e de faturamento, mas garante que a empresa já contabiliza R$ 250 milhões em prêmios anuais.

A empresa recebeu três rodadas de aporte de capital, em 2012, 2014 e 2016, feitas pela Redpoint e pela Intact, no total de US$ 47 milhões. E, a partir de agosto de 2021, passou a integrar a Creditas, plataforma de crédito e soluções para consumidores na América Latina. “A ideia é integrar um pacote completo de produtos e serviços que a fintech já oferece, possibilitando, além do acesso ao seguro, a redução do custo de crédito”, esclarece Blay. 

Ele acrescenta que o desafio é escalar ainda mais o negócio e pensar em novas soluções que complementam as verticais já existentes na fintech: imóvel, automóvel e salário. “Hoje, a Minuto conta com 11 tipos de seguros, que continuarão existindo para atender todas as necessidades da população.”

Pier

Equipe da Pier (Foto: Divulgação)

A Pier foi fundada em 2018, depois que Igor Mascarenhas, Lucas Prado e Rafael Oliveira perceberam que o mercado segurador é um oceano azul a ser explorado no Brasil. Além do potencial comercial, eles sentiram que poderiam descomplicar a maneira como o brasileiro lida com o tema. 

A empresa começou com a distribuição de seguros para smartphones e, em 2020, ampliou a oferta para automóveis, mercado com potencial enorme, uma vez que cerca de 70% da frota nacional não está protegida.

Atualmente, a Pier tem mais de 40 mil membros ativos no seguro celular e mais de 50 mil membros no seguro auto. Os fundadores não revelam o faturamento. “Nosso próximo passo é protocolar o pedido da licença definitiva junto à Susep, que vai permitir que nos tornemos a primeira insurtech do Sandbox a solicitar essa autorização. Esta nova licença, no curto prazo, remove as limitações de itens e importância segurada e, no longo prazo, traz flexibilidade para expansão de produtos de seguro, como vida e residência”, explicou a companhia por meio de nota. 

Planetun

Henrique Mazieiro, Natália Cunha e Osvaldo Saldeado (Foto: Divulgação)

A insurtech, fundada em 2006 por Osvaldo Saldeado, Henrique Mazieiro e Natália Cunha, é voltada para os setores automotivo, de vida e previdência, patrimonial, náutico e de transporte. Atua nos processos de vistoria prévia de veículos, inspeção, sinistros e previdência privada. A startup já realizou mais de 1,2 milhão de autovistorias e entre os principais clientes estão Liberty Seguros e Mapfre. 

Embalada pelo cenário de isolamento social, a empresa cresceu 157% de 2019 para 2020, mas não revela o faturamento. Entre os principais desafios estão se tornar uma referência na aplicação da inteligência artificial nos processos que envolvem seguradoras e segurados no mercado nacional e internacional.

Thinkseg

André Gregori, fundador e CEO da Thinkseg (Foto: Divulgação)

A Thinkseg foi criada em 2016 por André Gregori com a ideia de revolucionar o mercado tradicional de seguros e oferecer uma experiência totalmente digital ao consumidor. 

Hoje, em parceria com as principais seguradoras, a Thinkseg disponibiliza produtos customizados, de acordo com o perfil de cada cliente, ao utilizar telemetria e inteligência artificial.

Em 2018, foi a primeira insurtech a realizar uma transação no Brasil com a aquisição da plataforma digital de seguros e produtos financeiros Bidu.

Um ano depois, em 2019, fechou parceria com a seguradora italiana Generali, de atuação mundial, para a comercialização do primeiro seguro por assinatura mensal no país, o chamado modelo pay per use.

Atualmente, o Grupo Thinkseg é composto pela plataforma digital Bidu, pela área do pay per use e pela área de seguro garantia.

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