Dólar cai ao menor nível desde setembro; veja quais são as perspectivas

Especialistas explicam fatores que estão ajudando a derrubar a cotação da moeda norte-americana
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Depois de pouco mais de quatro meses cotado acima do patamar dos R$ 5,30, o dólar voltou a viver um movimento de desvalorização no início de 2021. No fechamento de ontem  (8), por exemplo, a moeda norte-americana terminou vendida a R$ 5,26, o menor nível desde 16 de setembro do ano passado, após fechar o dia com leve alta de 0,12%.

Uma queda no preço do dólar – ou, como explica a chefe de economia da Rico, Rachel de Sá, a valorização da nossa taxa de câmbio – faz com que o real, a moeda brasileira, tenha maior poder de compra frente a outras moedas estrangeiras. No entanto, mesmo com essa recente baixa, o real continua bastante depreciado, segundo os especialistas. 

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Rachel afirma que, levando em conta diversas variáveis macroeconômicas, como taxa de juros, o risco fiscal brasileiro e o saldo das contas externas do Governo Federal, os modelos matemáticos demonstram que o preço justo do dólar no mercado brasileiro seria entre R$ 4,20 e R$ 4,70, bem distante dos atuais R$ 5,26.

Mas por que o dólar está caindo?

De acordo com Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, a queda observada na moeda norte-americana no pregão desta terça se deu em decorrência do tom um pouco mais duro adotado na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. 

O Copom é responsável por fazer a manutenção da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira que serve como referência para todas as taxas de juros praticadas no mercado: do parcelamento de compras aos financiamentos de imóveis. Na última semana, o comitê elevou a Selic a 10,75% ao ano e sinalizou que o ciclo de altas deve continuar, mas com incrementos menos expressivos nas próximas reuniões, realizadas a cada 45 dias.

Na ata divulgada nesta terça, entretanto, o Copom demonstrou que, apesar dessa expectativa de uma redução no ritmo de altas, a Selic pode viver um período de elevação mais longo do que o esperado anteriormente pelo mercado. O comitê enfatizou, ainda, que fará o necessário para assegurar que a inflação volte para o mais próximo possível da meta do Banco Central nos próximos meses.

Carla explica que, com essa postura adotada pelo Copom, analistas e investidores anseiam por novas informações para entender até quando o ciclo de altas de juros deve durar e, principalmente, até que patamar a Selic pode chegar. 

Dólar X Taxa de juros

“Com a taxa Selic subindo por aqui, fica relativamente mais atraente para os investidores colocarem dinheiro no Brasil, dado que os juros nos outros países continuam mais baixos”, pontua Rachel.

Vale lembrar que, por ser a taxa básica, a Selic serve como referência para os juros (ou rendimentos) oferecidos pelas instituições financeiras para boa parte dos investimentos da renda fixa brasileira. Assim, os títulos nacionais são opções mais atrativas, inclusive, para os investidores estrangeiros. “Com mais moeda estrangeira entrando, maior o valor da nossa moeda”, afirma a economista da Rico.

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Quais são as perspectivas para o dólar?

Para a economista da Rico, apesar da queda recente, o dólar deve continuar bastante volátil ao longo de 2022, principalmente tendo em vista que este é um ano eleitoral, repleto de incertezas políticas e econômicas. Rachel projeta que a moeda norte-americana deve fechar o ano cotada em torno de R$ 5,70 e cair para cerca de R$ 5,30 em 2023.

“Embora a taxa de câmbio seja uma variável econômica, ela também é um instrumento financeiro. Assim, é precificada como os outros ativos: de acordo com a percepção de risco [de se ter aquele ativo na carteira]. Neste caso, o risco é comprar reais e ativos que são precificados em reais”, destaca Rachel.

A economista ressalta, ainda, que é justamente nessa conta que entram “Brasília, os ruídos políticos e, em especial, o risco fiscal”. Um ambiente político cheio de incertezas e a preocupação de que o Governo Federal não pague suas contas são fatores que tendem a afastar os investidores do mercado brasileiro.

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O risco dos juros nos Estados Unidos

Além do cenário macroeconômico brasileiro já bastante instável, as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) eleve a taxa de juros nos Estados Unidos também trazem uma perspectiva de alta no preço do dólar nos próximos meses.

Atualmente, os juros nos EUA estão estáveis entre 0% e 0,25%, o que faz com que os títulos públicos norte-americanos, que são considerados os mais seguros do mundo, não entreguem uma rentabilidade tão atrativa para os investidores. 

Porém, o Fed já sinalizou que deve elevar essa taxa de juros nos próximos meses para controlar o avanço da inflação no país. Dessa forma, os títulos públicos passarão a ter uma rentabilidade maior, com tendência de que os investidores migrem suas alocações, retirando dinheiro do Brasil e, por fim, valorizando o dólar.

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