Pantys expande vendas no exterior e entra no mercado de NFTs

Fundada em 2017, empresa nasceu como a primeira marca brasileira especializada em calcinhas absorventes
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Divulgação
Emily Ewell e Maria Eduarda Camargo são cofundadoras da Pantys (Foto: Divulgação)

A engenheira química norte-americana Emily Ewell e a administradora Maria Eduarda Camargo começaram 2022 com metas desafiadoras: expandir a venda de calcinhas absorventes de sua marca, a Pantys, no exterior e inaugurar novas lojas físicas pelo Brasil. “O mercado de produtos menstruais ficou parado no tempo. O potencial de crescimento e impacto é enorme”, afirmam. 

Lançada em 2017, a Pantys foi criada para oferecer às mulheres um produto confortável e de menor impacto no meio ambiente. A sociedade começou no ambiente familiar. Emily é casada com o tio de Maria Eduarda e, durante uma conversa de almoço, elas perceberam que suas experiências se complementavam e resolveram empreender. Emily trabalhou em multinacionais de produtos farmacêuticos e de higiene pessoal. Maria Eduarda tinha vivência em empresa familiar no setor de lingerie e experiência em uma boutique de investimentos e consultoria financeira em São Paulo. 

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“Na época, eu era muito insatisfeita com as opções do mercado porque eu tinha muita alergia a absorventes. Sentia, como muitas mulheres, essa dor na pele no dia a dia”, conta Maria Eduarda, explicando por que decidiram criar uma calcinha absorvente. 

Estima-se que só no Brasil são descartados 500 milhões de absorventes ou 4 milhões de quilos de lixo por mês (6 bilhões de absorventes ou 48 milhões de quilos por ano). Das 70 milhões de mulheres no país que menstruam, cerca de 90% usam absorventes descartáveis. A maioria afirma estar insatisfeita com os produtos disponíveis no mercado e certamente buscaria uma opção mais confortável e sustentável. “Entendemos que seria uma oportunidade, não só de negócio, mas também de impacto ambiental e social”, completa Maria Eduarda. 

Depois de muitas pesquisas e testes, as sócias chegaram ao modelo ideal. A Pantys tem atualmente 20 modelos de calcinhas, uma linha praia com maiôs e biquínis absorventes, sutiã absorvente para amamentação, linha fitness e uma cueca absorvente para homens transexuais. “Nossa linha atende à demanda de clientes. Eles nos trazem suas necessidades e criamos”, explica Emily. 

A marca de Emily e Maria Eduarda é certificada pelo Sistema B por ter como proposta oferecer uma alternativa sustentável de consumo. O Sistema B é um movimento global que identifica empresas que usam seu poder de mercado para apresentar soluções para temas sociais e ambientais. 

No âmbito social, a Pantys mantém um cadastro de ONGs em seu site para realizar doações. Também entrou no mercado das NFTs, no metaverso. A cada transação, uma peça é doada para mulheres em situação de vulnerabilidade. A intenção é ajudar a combater a pobreza menstrual no Brasil. “Direitos menstruais são direitos humanos”, diz Emily. 

Em entrevista à Agência EY, após receberem a homenagem como destaque na categoria Emerging, na 24ª edição do Programa Empreendedor do Ano da EY Brasil, Emily e Maria Eduarda falam sobre a Pantys. 

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Como vocês tiveram a ideia de criar a Pantys? 

Emily Ewell – Queríamos empreender e vimos que havia uma oportunidade com calcinha absorvente, já fabricada por outras marcas fora do Brasil. A diferença é que, nos Estados Unidos e em vários países na Europa, o consumo maior é de absorvente interno, e, no Brasil, 90% do mercado de absorvente é externo. Deu um clique: temos uma boa oportunidade de criar um produto que traga qualidade de vida para as mulheres, com conforto diferenciado e, também, com mais sustentabilidade. No mundo inteiro, Brasil e Índia são os dois países com maior consumo de absorventes descartáveis, que demoram quase 500 anos para se decompor. Entendemos que seria uma oportunidade, não só de negócio, mas também de impacto ambiental e social.  

Maria Eduarda – Eu era muito insatisfeita com as opções do mercado porque eu tinha muita alergia a absorventes. Sentia, como muitas mulheres, desconforto na pele no dia a dia. Quando começamos a estudar um pouco mais a categoria, não só os comportamentos do mercado brasileiro, achamos que o produto fazia sentido. Tivemos muito apoio na concepção. Estudei administração de empresas no Insper, e usamos o corpo docente para estruturar uma pesquisa mais elaborada para entender essas dores do mercado e a razão pela qual havia uma insatisfação tão grande das mulheres. Essa insatisfação vinha da sensação do desconforto, da questão de proteção (vazamentos), da falta de sustentabilidade – motivo que a gente nem imaginava que apareceria na época – e da questão econômica, porque são produtos que mensalmente é preciso adquirir. Então não só investimos para ter um produto com muita qualidade e muita funcionalidade, mas também confortável e com sustentabilidade. O fato de ser reutilizável tem impacto positivo na geração de lixo e na questão da economia. A gente sabe que o desembolso no curto prazo é maior, mas quando se faz alguns cálculos, vê-se que o produto se paga a médio prazo.  

Quais as dificuldades em desenvolver um produto como uma calcinha absorvente? 

ME – Tínhamos dois desafios na época. Um era em relação ao lançamento, não só de uma empresa, mas de uma nova categoria no mercado. Era algo muito disruptivo. Não existia no Google busca por calcinha absorvente, por exemplo. A gente criou isso. Outro desafio foi que existia, e ainda existe, muito tabu no mercado. Muitas mulheres não dialogam sobre menstruação, não trocam dicas de produtos – diferentemente do mercado de moda. O que a gente viu desde o início era que nós teríamos de investir muito numa parte educacional e falar de conteúdo por meio da marca. Como explicar essa categoria, como explicar que ela é funcional, que é mais sustentável, que é mais confortável, que é tão boa para saúde quanto outros produtos. Existia muito preconceito na época. Tinha gente que dizia que era um paninho melhorado. Tentamos investir nesse caminho de educação desde o início. Não posso dizer que isso deixou de ser uma realidade, mas já vimos muitos avanços, não só porque estamos trabalhando essas questões desde o início, mas também por meio de pautas e tendências que têm se criado aqui no Brasil e no mundo com relação ao empoderamento feminino, à sustentabilidade, à inovação. Tudo isso contribuiu para que a Pantys ganhasse um espacinho especial na vida de todo mundo. 

EE – Tivemos de construir e definir esse novo espaço. Não era um produto só de saúde, mas também de moda e de sustentabilidade. Somos a primeira e única marca clinicamente aprovada globalmente. A gente entende que o mercado sempre está atrás de regulação e achamos muito importante trazer a comprovação de segurança e funcionalidade. Isso mostra que a gente vê novidades e tecnologia com responsabilidade. Depois de quase 5 anos, temos muitos consumidores e confiança na qualidade. 

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Vocês começaram no online e depois abriram a loja física. Qual é a estratégia do negócio? 

ME – A Pantys nasceu online, mas a loja física surgiu como uma oportunidade de marketing. Por ser um produto que, em uma primeira reação, causa uma estranheza e dúvida, recebíamos pedidos de pessoas que queriam ver e tocar. Foi uma forma de, não só de levar um pouco da nossa identidade ao mundo físico, mas como uma forma de experiência do cliente com o produto e de ajudar na aquisição.  

EE – Esperamos abrir mais lojas físicas este ano. Nesse novo modelo de varejo não precisa ter uma loja em cada shopping, mas em um modelo flagship (espaço que permite uma experiência de compra especial que encanta o cliente. No mercado internacional, temos dois novos pontos na loja de departamento francesa Galeria Lafayette, em Paris, e outro na Oxford Street, em Londres. Também estamos investindo no e-commerce internacional, então será possível encontrar os produtos nos sites Zalando, Amazon, AboutYou, Selfridges, Sancho’s, Otto.de e Kaufland.de. 

Vocês vendem um produto pensado no impacto ambiental. Qual é a importância de as empresas terem esse foco? 

EE – Sustentabilidade é um compromisso e uma jornada. Seja no produto, nos processos, na matéria prima, na logística. Exatamente um ano depois do lançamento, nos cadastramos no sistema B. Trocamos os tecidos comuns para tecidos biodegradáveis, uma tecnologia brasileira desenvolvida pela Rhodia e que está à frente de muitos mercados fornecedores. Em 2020, lançamos a primeira etiqueta do Brasil de carbono neutro, que traz transparência em toda a emissão de carbono em cada modelo da Pantys. Temos muito orgulho de estar puxando esse mercado e trazendo mais informação para o consumidor. Daqui uma década, as pessoas vão tomar a decisão de suas compras de roupas, por exemplo, baseada no impacto ambiental. A ideia da etiqueta é mostrar de uma forma muito simples o impacto daquela peça para o consumidor entender. 

ME – Está no papel da sociedade e do consumidor fazer escolhas mais conscientes. As marcas têm de ser mais conscientes de como constroem os produtos, como colocam no mercado. Constantemente a gente tenta se desafiar, sair fora da caixa porque o caminho para evoluir nesse sentido é enorme.  

A Pantys tem um programa de doação de peças com o intuito de ajudar a acabar com a pobreza menstrual no país. Como é esse trabalho? 

EE – O impacto social também é nosso foco. No mundo inteiro, tem mais de 500 milhões de mulheres e meninas sem acesso a produtos menstruais e, no Brasil, a conta é de uma em quatro meninas. Esse é um número chocante e entendemos que a menstruação é um direito humano. Direitos menstruais são direitos humanos. Apoiamos muitos projetos de doação. Temos trabalho com ONGs que podem se cadastrar no site para doações. Fazemos projetos com parceiros também. Lançamos um programa ano passado, ainda em fase de piloto, que leva educação sexual às escolas. As meninas não precisam de acesso só ao produto, mas também à informação. Empoderá-las com produto e informação é a melhor solução possível. 

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Por que vocês decidiram entrar no mercado de NFTs, no metaverso? 

EE – Com uma marca que sempre teve visão para o futuro, tínhamos muita curiosidade sobre o metaverso. E muitas marcas estão usando comunidades para fazer uma transição de members para owners. Em vez de só fazer parte de uma comunidade, você pode ter uma parte da marca. Queríamos fazer como tudo o que fazemos: ter um impacto ambiental e social. Achamos uma tecnologia para fazer neutralização de carbono das NFTs da coleção que a gente lançou e, com a transação, fazer uma doação. Ainda estamos estudando. A educação no mercado no Brasil é básica sobre NFTs 

Pode-se dizer que a Pantys é uma “femtech fashion-heath”?

 EE – Brincamos que é femtech fashion. Esse mercado ainda não foi criado. A Pantys é muito mais que uma empresa de moda, de saúde ou family care. A entrada da Pantys no mercado é para dar um chacoalhão e criar um novo espaço de moda com tecnologia, moda com sustentabilidade, moda com funcionalidade e moda com saúde.

(Com Agência EY)

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