No início da noite de ontem (28), o Ministério de Minas e Energias confirmou a demissão de Joaquim Silva e Luna do cargo de presidente da Petrobras. Para assumir a presidência da petroleira, Jair Bolsonaro indicou o economista Adriano Pires, especialista do setor de óleo e gás com bom relacionamento político em Brasília.
O Governo Federal e o Congresso Nacional vinham, há algum tempo, tecendo críticas à gestão da Petrobras em decorrência da série de aumentos nos preços dos combustíveis. Entretanto, especialistas explicam que a troca de cadeiras na presidência da estatal não deve ter um impacto significativo na política de preços, que é atrelada ao mercado internacional.
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Diante das incertezas em relação ao comando da petroleira, os papéis da companhia fecharam em baixa acentuada de 2,2% ontem, levando a bolsa de valores brasileira, a B3, a registrar desvalorização no fechamento do pregão. No entanto, às 15h45 de hoje (29), a Petrobras já recuperava as perdas da véspera, com alta de 1,87%, enquanto a B3 avançava 1,09%.
Por que o presidente da Petrobras foi substituído?
Essa não é a primeira vez no governo Bolsonaro que mudanças são promovidas no comando da companhia. No início de 2021, Silva e Luna passou a ocupar o cargo deixado por Roberto Castelo Branco pelo mesmo motivo: a pressão sobre os preços dos combustíveis. O general, após sua entrada, ainda tentou segurar os reajustes e adiar o repasse dos preços, mas não teve como segurá-los por muito tempo.
Os valores praticados pela Petrobras acompanham a variação da cotação do petróleo nas bolsas de valores globais. Com o conflito no Leste Europeu envolvendo Rússia e Ucrânia, importantes exportadoras da commodity, os preços do petróleo dispararam em nível mundial, impactando também os combustíveis no Brasil.
Quem é o novo presidente da Petrobras?
Adriano Pires, a nova escolha do presidente da República, é conhecido por ser bastante liberal e ter defendido com frequência a flutuação dos preços da Petrobras. Mais recentemente, o economista tem apregoado a ideia de que o consumidor brasileiro não pode arcar com “o preço da guerra”.
Para evitar isso, o novo CEO da petroleira sugere uma medida diferente: criar um fundo para subsidiar os preços dos combustíveis, caso o preço do barril de petróleo ultrapasse o valor de US$ 95 nos mercados internacionais. O dinheiro para esse fundo viria de uma parte dos dividendos pagos pela companhia à União, ou seja, recursos do próprio Tesouro Nacional.
Segundo os especialistas no assunto, no entanto, medida semelhante já foi proposta – e aprovada – no Senado Federal, por meio do Projeto de Lei 1472. O relator do PL foi Jean Paul Prates, do PT, mas a medida não teve o apoio da equipe econômica e, por isso, ainda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
A mudança vai ter algum efeito prático sobre os preços dos combustíveis?
“A demissão de Joaquim Silva e Luna não deve mudar a política de preços da estatal, já que o nome escolhido para assumir o cargo, Adriano Pires, é um defensor vocal da paridade internacional – modelo em que o preço dos combustíveis no mercado interno segue a variação de itens como o preço do barril de petróleo no exterior e a cotação do dólar”, afirma a equipe de análise do Banco Original.
Já para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a nomeação de Pires tem como objetivo acelerar a privatização da estatal e fazer com que o executivo assuma o eventual desgaste pela crise no preço dos combustíveis no lugar do presidente Bolsonaro.
Analistas do mercado consideram, ainda, que o anúncio da demissão de Silva e Luna foi feito em um momento estratégico para o governo: no mesmo dia em que Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, pediu exoneração de seu cargo após polêmica envolvendo a atuação de pastores na pasta.
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