No primeiro trimestre de 2022, o mercado financeiro brasileiro registrou forte recuperação, com ações a preços convidativos e taxas de juros mais altas, atraindo investidores estrangeiros. Com mais dinheiro sendo destinado aos ativos do país, o real vive um movimento de valorização acentuada frente ao dólar, que recuou 14,61% nos primeiros três meses do ano e encerrou o primeiro pregão de abril cotado a R$ 4,66.
A queda da moeda norte-americana, no entanto, vem suscitando questionamentos sobre o preço da gasolina. Afinal, se o petróleo é uma commodity negociada em dólar nos mercados internacionais e a taxa de câmbio vem caindo, por que o preço da gasolina continua tão alto?
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Antes de entender os impactos da taxa de câmbio no preço da gasolina, vale lembrar que, embora seja um país exportador de petróleo, o Brasil não é um produtor tão expressivo da gasolina, uma vez que não tem refinarias suficientes para essa operação. Assim, boa parte do combustível vendido aos consumidores brasileiros é importada de outros países.
Por que a gasolina está tão cara?
De acordo com especialistas da Valor Investimentos, para entender o preço em que a gasolina chega ao Brasil, é necessário levar em consideração não apenas o valor do dólar, moeda em que o combustível é vendido, mas também a cotação do barril de petróleo. “Se o dólar cai, mas o preço do barril sobe, os efeitos se anulam”, explicam.
Nesse sentido, é importante ter em conta a atual situação do petróleo nos mercados internacionais. Com a pandemia de Covid-19, os períodos de isolamento social e, posteriormente, a acelerada retomada econômica, principalmente em países desenvolvidos, a demanda por petróleo, que é fonte de combustível e energia para diversas indústrias e setores, subiu num ritmo muito maior do que a oferta.
Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia, região com importantes reservas da commodity, também reduziu consideravelmente a disponibilidade do produto no mundo todo. Com menos oferta e uma demanda que não arrefece, o preço cobrado pelo barril de petróleo subiu e continua oscilando, tendência que pode durar enquanto o conflito no leste europeu não tiver um fim.
Papel da Petrobras no preço da gasolina
Desde 2016, a política de preços da Petrobras acompanha o Preço de Paridade de Importação, ou seja, o preço da gasolina e de outros combustíveis acompanha a variação da cotação nos mercados internacionais.
No entanto, com as fortes altas das commodities nos primeiros meses do ano, a estatal, que ainda era presidida por Joaquim Silva e Luna, ficou quase dois meses sem reajustar os preços dos combustíveis, a fim de mitigar os efeitos da inflação. A Valor Investimentos explica que, quando o reajuste veio, foi de uma vez, o que o tornou bastante expressivo
Apesar do aumento, as estimativas são de que o preço da gasolina distribuída pela Petrobras ainda esteja defasado em cerca de 7%. Para entender a defasagem, especialistas comparam o preço do petróleo no Brasil com o preço no Golfo Pérsico, maior produtor de petróleo do mundo.
Dadas as circunstâncias, especialistas consideram que o preço da gasolina não deve cair, mas que a tendência é se estabilizar. Em contrapartida, com a proximidade das eleições, a cotação do dólar pode voltar a subir em breve, o que impactaria, uma vez mais, todos os produtos que são importados no Brasil.
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