Alta no preço do combustível faz brasileiros apostarem em bicicletas e scooters elétricas

Segundo estimativas mundiais da Quince Market Insights, setor de bicicletas e scooters elétricas crescerá 32,5% em média ao ano até 2030
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bicicleta elétrica da Caloi
A venda de bicicletas elétricas cresceu 18% no Brasil no primeiro trimestre do ano (Foto: Divulgação Caloi)

No final de abril, o preço da gasolina nos postos brasileiros atingiu o valor médio de R$ 7,270 o litro, o mais alto já registrado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O recorde anterior tinha sido na semana de 13 a 19 de março, quando o combustível era vendido a R$ 7,267, a primeira vez acima de R$ 7. Em algumas cidades, a gasolina chegou a valer mais de R$ 8. 

O cenário tem sido assim – recorde atrás de recorde – desde março de 2021, quando o litro da gasolina comum ultrapassou a barreira dos R$ 5. A política de Preço de Paridade Internacional (PPI) da Petrobras adotada em outubro de 2016 fez com que o valor dos derivados de petróleo no país fossem calculados com base nas variações do mercado internacional. O preço passou, então, a ser fortemente influenciado pelas mudanças no valor do dólar e do barril de petróleo e sujeito a reajustes mais frequentes, que chegaram a ser diários.

Em um período de crise mundial por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, que impactou o preço do petróleo no mundo todo graças à relevância de ambos os países no setor, o Brasil vem sendo impactado pela volatilidade no mercado internacional e sofrendo as consequências do aumento desenfreado. Isso não significa, no entanto, que os brasileiros precisam ficar de braços cruzados esperando o cenário melhorar. Para muitos, a solução está em transportes clássicos, porém modernizados: bicicletas e motos elétricas. 

Segundo Cyro Gazola, vice-presidente do segmento de bicicletas da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) e presidente da Caloi, a venda de bicicletas elétricas cresceu 18% no Brasil no primeiro trimestre do ano. Embora ainda represente uma parcela pequena – apenas 2% do número de bicicletas em circulação no país -, o crescimento do setor é um alerta de tendência para os próximos anos. 

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“Na Europa, o segmento chega a representar até 40% do mercado total. Ainda temos muito espaço para crescer”, destaca Gazola. Sem a necessidade de colocar combustível, a economia para quem precisa se locomover para o trabalho ou para resolver as pendências do dia a dia é muito maior. Além disso, o executivo ressalta a praticidade desse tipo de veículo. 

“As bicicletas elétricas têm pedal assistido. Você pedala para ajudar a impulsionar o motor, mas não precisa fazer grande esforço, principalmente em ladeiras. O produto ajuda o condutor a manter uma velocidade média mais alta e chegar aos lugares sem estresse ou cansaço excessivo”, explica. 

No caso das bicicletas, que possuem uma velocidade média de cerca de 25 km/h por conta das regras de segurança do país, não é preciso nem se preocupar com emplacamento ou carteira de habilitação específica. Feita para andar nas ciclovias, o veículo não pode pegar estrada ou se arriscar no trânsito da cidade grande. “Não deixam de ser bicicletas. A única diferença é o apoio do motor”, completa Gazola, que já enxerga o impacto desse novo mercado na Caloi. 

No início de 2022, a Caloi Mobylette, um fenômeno nas décadas de 1970 e 1980, foi relançada pela marca com algumas mudanças importantes: antes movida a gasolina, a bicicleta motorizada agora é 100% elétrica. De certa forma, essa foi uma maneira de homenagear o passado com os olhos voltados para o futuro. 

O CRESCIMENTO DAS SCOOTERS

No que diz respeito às motocicletas, o flerte com a tendência também está acelerado – afinal, algumas pessoas não podem depender apenas das ciclovias para se locomover. Já em 2021, antes da guerra no Leste Europeu, houve um aumento de 68,4% no número de scooters e triciclos elétricos emplacados em comparação a 2020. Foram registradas 1.615 unidades de ciclomotores elétricos ante 959 no ano anterior, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). 

No primeiro bimestre de 2022, com a crise mundial em seu auge, já foram emplacados 951 desses veículos contra 162 em janeiro e fevereiro do ano passado. Isso representa uma elevação de 487% na comparação entre os bimestres. A tendência, segundo a opinião de especialistas, é a contínua aceleração da presença de veículos elétricos nas ruas do mundo todo. 

A empresa de consultoria Quince Market Insights estima que o mercado mundial de motocicletas elétricas, incluindo scooters e triciclos, crescerá em média 32,5% ao ano até 2030. A companhia indica o movimento como parte da procura por uma economia mais sustentável e com menor custo – um automóvel zero quilômetro custa, atualmente, mais de R$ 70 mil, enquanto motos elétricas podem ser encontradas a partir de R$ 6.900. 

Diferente das bicicletas, no entanto, é preciso prestar atenção às regras de emplacamento – obrigatório desde 2015 – e carteira de habilitação. A direção de scooters e triciclos exige do condutor a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A, a mesma exigida para pilotar motos tradicionais. Já a falta de emplacamento pode levar à apreensão. 

No caso das bicicletas elétricas, Gazola alerta que os veículos motorizados são mais caros que as bicicletas convencionais, com preços que variam entre R$ 7 mil e R$ 50 mil. Mesmo assim, sem a necessidade de emplacamento e carteira, o valor pode compensar no final do mês. Um estudo realizado pela Emotive, Programa de Mobilidade Elétrica da CPFL Energia, mostrou que a economia do uso de veículos elétricos pode chegar a mais de 80% em relação aos gastos com combustíveis tradicionais. 

Para Gazola, o desafio para os próximos anos é popularizar os veículos elétricos e deixá-los ainda mais acessíveis. “O processo de abastecimento de peças e componentes aqui no Brasil é difícil, o que faz com que os preços aumentem. Os elétricos ainda são vistos como um produto de classe A, então estamos tentando massificar esse mercado e lançar produtos mais acessíveis”, conclui.

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