Bolsas de luxo: modelos da Chanel e Hermès podem valorizar mais de 50% em 18 meses

Marcas francesas sabem como tirar proveito da lei da oferta e da procura para manter o valor de seus produtos em alta  
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A grife francesa aumentou os preços durante a pandemia de Covid-19, indo na contramão de outras marcas de luxo. (Foto: Hans/Pixabay)

Comprar um item de luxo pode ser considerado supérfluo para alguns, mas muitos consumidores enxergam o mercado second hand – de produtos usados – como um negócio promissor. E, nesse cenário, as bolsas são os produtos preferidos quando o assunto é luxo. Segundo dados do Art Market Research, elas acumularam valorização de 83% em 10 anos. 

Mas, claro, não é qualquer bolsa que faz parte deste seleto grupo, capaz de render um bom retorno financeiro no longo prazo. Na liderança do ranking da valorização estão modelos das grifes Chanel e Hermès. A Chanel Double Flap média, por exemplo, comercializada em 2017 por R$ 28 mil aqui no Brasil, atualmente não é encontrada por menos de R$ 70 mil nas lojas. Nos brechós de luxo, o acessório também se valorizou significativamente, já que custava R$ 12 mil há cinco anos e, hoje, pode facilmente ser vendida por R$ 35 mil.

“Nós temos lista de espera para comprar a Double Flap e, quando elas aparecem, são vendidas em tempo recorde. A última foi arrematada em três minutos”, conta Leilane Sabatini, CEO do brechó de luxo Cansei Vendi. Segundo ela, apesar de até ser considerado um investimento, esse tipo de produto tem sua compra motivada por outros fatores – na grande maioria das vezes, o desejo pela marca. O valor agregado, segundo a executiva, aparece em segundo plano.

As Hermès Birkin, clássicas atemporais da grife francesa, comandam a lista de desejo dos consumidores. Os modelos mais básicos podem ser encontrados por R$ 60 mil, enquanto os mais raros – como a versão adquirida pela esposa do jogador Cristiano Ronaldo, a modelo Georgina Rodríguez -, podem chegar a € 340 mil, o equivalente a mais de R$ 1,7 milhão na cotação atual. A marca de luxo só confecciona duas Birkin Himalayan Crocodile por ano.

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Este é um indicativo de que o mercado de luxo sabe tirar proveito da lei da oferta e da procura para manter o alto valor de seus produtos. Além de serem difíceis de encontrar, os itens dessas grifes passam longe de campanhas de liquidação e de descontos. Isso evita a depreciação ao longo do tempo e, mais do que isso, aumenta o desejo dos consumidores e, consequentemente, o preço do produto.

Chanel Classic Flap Jumbo: valorização acima de 50%

De acordo com um levantamento do The RealReal, e-commerce de peças de luxo de segunda mão, os preços da Chanel Classic Flap Jumbo, outro clássico da grife da estilista francesa de mesmo nome, cresceram 52% entre junho de 2020 e dezembro de 2021. O desempenho é maior do que o do índice norte-americano S&P 500, que acumulou alta de 48% no mesmo período. 

“É um investimento rentável, uma vez que você tem um ativo dque pode usar e ainda consegue vender pelo dobro do valor que pagou. Isso é algo raro”, pontuou Leilane. 

Em um exemplo prático, a proprietária dos brechós Jords e Nova Rica, Jordana di Paula, conta que comprou, em 2019, uma Chanel por R$ 19 mil e, se quisesse vender hoje, conseguiria R$ 40 mil sem muito esforço. “Isso não acontece com quase nenhum produto usado. Ocorre algumas vezes com carros, mas com as bolsas essa valorização tem sido recorrente.” 

Durante a pandemia de Covid-19, a alta foi ainda maior, sob alegação de aumento dos preços das matérias-primas e escassez de mão de obra. A marca francesa chegou a aumentar o valor de seus produtos em até 60%, indo na contramão de marcas como a Gucci, que congelou os preços durante determinado período para manter seus consumidores.

Reserva financeira

Jordana sempre encarou as bolsas como um investimento. Para a empresária, a valorização dos produtos funciona como uma válvula de segurança caso precise do dinheiro numa emergência. “As peças que eu vendo no brechó são baseadas no meu gosto pessoal e, como eu enxergo as bolsas como um investimento, todas as que estão disponíveis vão se valorizar com o tempo. Eu sei que a consumidora não vai perder dinheiro. Na pior das das hipóteses, ela consegue vender pelo preço que pagou”, explica.

Apesar da valorização significativa da Chanel, são as bolsas da Hermès que apresentam maior ganho no curto prazo. De acordo com a empresária, é possível ganhar dinheiro com a venda mesmo que a compra tenha sido recente. “Se você for hoje à loja e comprar uma Hermès por R$ 90 mil, é bem provável que consiga vendê-la por R$ 120 mil logo em seguida. Claro que depende do modelo, tamanho e material, mas este é realmente um mundo à parte.” A valorização anual da Hermès Birkin fica entre 5% e 10%, mas o índice pode ser maior dependendo da versão.

Jordana explica, ainda, que essa é uma demanda que funciona de maneira diferente nas lojas e nos brechós. “Enquanto nos estabelecimentos second hand as menores são mais caras, porque são mais procuradas, nas lojas quanto maior a bolsa, mais alto o valor.”

Tábua de salvação

Foram as bolsas de luxo que salvaram a vida financeira da produtora de eventos Juliana Cury, que teve seu trabalho altamente impactado pelo isolamento social provocado pela crise sanitária. Em 2019, ela havia comprado cinco bolsas Chanel da mãe, por R$ 20 mil. “Ela as tinha adquirido nos anos 1990, algumas no exterior, outras na Daslu”, conta, referindo-se ao templo do luxo localizado na capital paulista e fechado em 2016.

Em 2020, durante a pandemia, para conseguir manter o padrão de vida, Juliana optou por vendê-las. “Eu arrecadei R$ 24 mil”, conta, explicando que o estado de conservação dos produtos não era dos melhores. A produtora diz que não se arrependeu de ter se desfeito das bolsas. “Eu me arrependo de ter comprado. Onde já se viu gastar R$ 20 mil em bolsas?”, pergunta, rindo. “Hoje eu penso muito diferente.”

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