O dólar engatou a terceira alta consecutiva e fechou o pregão no maior patamar em quase dois meses hoje (9), acima de R$ 5,15, com investidores começando mais uma semana em favor da moeda norte-americana, considerada porto seguro em tempos de inflação alta, juros para cima e risco de baixa econômica no mundo.
Numa clássica dinâmica de aversão a risco, as bolsas de valores tiveram fortes quedas, os juros dos títulos de países seguros caíram, assim como as commodities, enquanto moedas emergentes como o real perderam valor.
O dólar spot fechou em alta de 1,62%, a R$ 5,1554, máxima desde 15 de março (R$ 5,1584).
Durante os negócios, a cotação foi a R$ 5,1613 (+1,73%), maior preço intradiário também desde 15 de março.
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O real sentiu o baque que aplacou vários pares. Um índice do JPMorgan para a classe de moedas emergentes também caiu por uma terceira sessão (cerca de 0,9%), para o patamar mais baixo desde meados de março.
Os catalisadores para o movimento da taxa de câmbio nesta segunda foram de forma geral os mesmos dos últimos dias. Com a inflação batendo recordes em todo o mundo, investidores temem que os bancos centrais das principais economias (sobretudo EUA) precisem subir mais rapidamente os juros.
Com o BC norte-americano na dianteira desse movimento, o dólar poderia ganhar ainda mais força, enquanto taxas mais elevadas de empréstimos teriam potencial de afetar o crédito e prejudicar uma retomada econômica já ameaçada por repetidos surtos de Covid-19 na China, voraz consumidora de matérias-primas e destino primeiro das exportações brasileiras e de outros países emergentes.
“A ação de preço e a elevada incerteza nos sugerem que, apesar da inflação alta, o retorno do dólar parece favorável em relação aos ativos financeiros de risco no momento”, disseram estrategistas do Bank of America em relatório.
Em nota recente, o Commerzbank disse considerar que os níveis em torno de R$ 4,60 por dólar vistos semanas atrás não são “justificáveis”, em boa parte também pelas incertezas à frente com a eleição presidencial.
Com a turbulência externa dando a tônica mais recentemente nos preços do câmbio, a pauta local tem ficado mais à margem nas conversas pelas mesas de operações, a despeito de notícias sobre pressões por mais flexibilização nos gastos e medidas semelhantes.
Para Roberto Secemski, do Barclays, e equipe, a reação tem sido mais silenciosa em parte porque discussões mais profundas sobre a sobrevivência do teto de gastos são esperadas para o segundo semestre de 2022, quando o debate eleitoral deverá estar mais aquecido. Estrategistas do banco veem a depreciação recente do real como superior à cotação sugerida pelos fundamentos e recomendam estrutura no mercado de derivativos que ganha com o dólar abaixo de R$ 4,83 nos próximos dois meses.
“Escolhemos o vencimento de dois meses uma vez que o processo eleitoral (no Brasil) e o jogo final do Fed ganharão foco no verão (no Hemisfério Norte) e podem trazer notícias de risco”, disseram profissionais do banco.
(Com Reuters)
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