Dólar fecha em R$ 4,8713 e marca segundo recuo semanal seguido acompanhando exterior

Moeda norte-americana finalizou sessão com queda de 0,98%, chegando ao menor patamar desde abril
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O dólar fechou em forte queda contra o real hoje (20), marcando sua segunda semana seguida no vermelho, movimento que especialistas disseram acompanhar o recuo recente da divisa norte-americana frente a picos em duas décadas no exterior.

O dólar à vista registrou queda de 0,98%, a R$ 4,8713, seu menor patamar para encerramento desde 22 de abril (R$ 4,8065).

A baixa veio depois de a moeda já ter recuado 1,24% na véspera, ajudando a consolidar uma desvalorização de 3,69% em relação ao fechamento da última sexta-feira – pior desempenho semanal do dólar desde o tombo de mais de 5% visto no período findo em 25 de março passado.

A divisa norte-americana fechou abaixo de sua média móvel linear de 50 dias, de R$ 4,8919 reais, um patamar técnico importante.

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Na B3, onde as negociações vão além das 17h (de Brasília),o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,23%, a R$ 4,8885.

Parte dos mercados apontou como fator de impulso para moedas arriscadas a notícia de que a China cortou uma taxa de juros de referência para hipotecas nesta sexta-feira –conforme tenta reanimar o setor habitacional e a economia –, já que a perspectiva de apoio à demanda do país asiático elevou o preço de várias commodities, como o minério de ferro.

O anúncio de estímulo na China vem na esteira de lockdowns prolongados em algumas cidades importantes, incluindo o centro financeiro de Xangai, que foram adotados enquanto o país enfrentava uma nova onda de casos de Covid-19.

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, por sua vez, disse à Reuters que a queda do dólar nesta última semana refletiu principalmente o grande alinhamento do mercado doméstico ao internacional, onde o índice da moeda norte-americana contra uma cesta de rivais fortes recuou de picos em duas décadas atingidos mais cedo neste mês, acompanhando um arrefecimento dos rendimentos da dívida soberana dos Estados Unidos.

Depois de chegar a superar a marca de 105 na semana passada, pico desde 2002, o índice do dólar era negociado em torno de 103,03 na tarde desta sexta-feira. “Esse movimento é reproduzido nos mercados emergentes também”, explicou Argenta.

Em relatório, estrategistas do Bank of America compartilharam visão semelhante. “Embora as narrativas idiossincráticas de mercados emergentes eventualmente devam começar a desempenhar um papel mais significativo como motores dos preços dos ativos, são os fatores globais que permanecem responsáveis ​​pela maior parte de sua reprecificação recente.”

Segundo o BofA, sinais de deterioração do crescimento da China em meio aos lockdowns da Covid-19 e a retórica mais agressiva do Federal Reserve no combate à inflação explicam o desempenho superior do dólar visto mais cedo em maio, com a recente liquidação da moeda norte-americana sendo de “natureza mais técnica”, um ajuste após salto expressivo.

A China é a principal parceira comercial do Brasil, que por isso costuma ser bem sensível a qualquer sinal de alerta da segunda maior economia do mundo. Já o aperto mais forte da política monetária norte-americana tende a afetar os ativos locais ao aumentar a atratividade da renda fixa dos EUA, que é bem mais segura que a brasileira.

“Apesar de o posicionamento estar muito mais limpo nos mercados emergentes após a correção recente (para baixo no preço dos ativos locais) e muitas curvas já estarem precificando uma alta agressiva dos juros (nos Estados Unidos), esperamos que a volatilidade permaneça alta, pois os piores cenários, como uma estagflação nos EUA ou uma recessão global, não estão totalmente precificados”, alertou o BofA no relatório.

Com o desempenho desta sessão o dólar passa a acumular queda de 12,6% contra o real em 2022, embora ainda esteja 5,7% acima do menor valor de encerramento deste ano, de R$ 4,6075, atingido no início de abril.

A maior parte das perdas da moeda norte-americana neste ano se concentrou no primeiro trimestre, quando caiu 14,5%, seu pior desempenho trimestral desde meados de 2009.

Esse movimento havia sido alimentado principalmente pelo patamar elevado dos juros brasileiros, depois que a taxa Selic chegou a dois dígitos, e por uma disparada internacional nos preços das commodities como consequência da guerra na Ucrânia.

Argenta, da CM Capital, disse que esses fatores continuam presentes, apesar da devolução das perdas do dólar em relação aos menores patamares do ano contra a moeda brasileira. Segundo ela, o que aconteceu foi que as alocações realizadas para aproveitar a atratividade do Brasil já foram feitas, e, embora não tenham sido totalmente revertidas, também não tiveram continuidade suficiente para seguir promovendo uma apreciação sustentada do real.

(Com Reuters)

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