Conheça as mulheres que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922

Três artistas brasileiras fizeram parte do evento que entrou para a história do país
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(Foto: Arte/EQL)

O movimento modernista brasileiro está repleto de nomes masculinos. E a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada entre os dias 13 e 17 de fevereiro no Theatro Municipal de São Paulo, não foi diferente. Mesmo assim, as mulheres tiveram sua importância na manifestação artístico-cultural que, por meio da proposta de uma nova visão de arte, inspirada na vanguarda europeia, entrou para a história do país.

São várias as artistas que deixaram seu legado na arte moderna brasileira, entre elas, Pagu, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Regina Graz e Zina Aita. Mas apenas quatro delas participaram da semana que chocou a população da época ao pregar a liberdade de expressão, a ruptura com o passado e a renovação da linguagem. Anita, Regina e Zina foram as únicas artistas femininas que apresentaram suas obras no evento. A quarta, a pianista Guiomar Novaes, foi convidada a se apresentar, apesar de estar distante do movimento e ainda atrelada à música clássica.

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Hoje (13), a Semana de Arte Moderna completa um século. Para celebrar a data, vamos relembrar as mulheres que participaram do evento histórico, que mudaria o modernismo brasileiro para sempre:

Anita Malfatti

Retrato de Anita Malfatti (Foto: Domínio Público)

Ao pensar em Anita Malfatti, muita gente se lembra imediatamente de seus desentendimentos com Monteiro Lobato, que criticou uma de suas exposições alegando que sua arte era muito influenciada pelo artista espanhol Pablo Picasso. Mas quem era Anita Malfatti pelos olhos das outras pessoas?

Nascida em São Paulo, filha de pai imigrante italiano e mãe norte-americana, Anita Catarina Malfatti teve uma infância difícil. A pintora nasceu com uma deficiência congênita no braço direito, que tentou ser corrigida em uma cirurgia, sem muito sucesso. Por isso, com a ajuda da alemã Miss Browne, governanta da família, a futura artista desenvolveu os movimentos da mão esquerda para escrever e pintar. 

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A Boba, de Anita Malfatti (Foto: Reprodução/Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo)

Porém, sua história poderia ter sido muito diferente. Na verdade, poderia nem ter sido, afinal, aos 13 anos, Anita tentou o suicídio ao se deitar nos trilhos do trem na Barra Funda, zona oeste da capital paulista, onde morava. Foi naquele momento que decidiu se dedicar à pintura. 

E a empreitada deu certo. Mesmo assim, a pintora ficou um tempo sem produzir e se dedicar às obras. Ao retomar os estudos, conheceu Tarsila do Amaral, de quem se tornou muito próxima. Foi graças ao incentivo da amiga que Anita aceitou participar da Semana de Arte Moderna de 1922. Ao lado de Tarsila, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti De Picchia – o chamado Grupo dos Cinco – Anita revolucionou a arte moderna para sempre. 

Hoje, a artista é considerada uma das pintoras mais importantes do modernismo brasileiro, com obras consideradas clássicas, como “O Homem Amarelo”, “A Boba” e “A Estudante Russa”. Anita deixou um legado de dezenas de telas, e foi reconhecida internacionalmente pela sua arte. 

Regina Graz

Retrato de Regina Gomide Graz, ao centro (Foto: Domínio Público)

Ela pode ter um nome menos conhecido, mas sua participação na Semana de Arte Moderna de 22 foi tão importante para o movimento quanto a de grandes personalidades artísticas. Regina Graz foi pintora, decoradora e tapeceira – chegou a ser considerada a responsável pela introdução das artes têxteis modernas no Brasil. Além disso, foi tida como uma das artistas mais produtivas do país durante a primeira e segunda gerações do modernismo brasileiro.

Irmã do também pintor Antonio Gomide, Regina Gomide Graz nasceu em 1897 na cidade de Itapetininga, interior de São Paulo, mas se mudou para Genebra, na Suíça, por conta de um cargo diplomático do pai. Lá, conheceu o pintor suíço-americano John Graz, com quem se casou. 

Retrato de Regina Gomide Graz, de Regina Graz e Antonio Gomide (Foto: Reprodução)

De volta ao Brasil, trouxe na bagagem diversos estudos baseados na ascensão de movimentos artísticos modernistas, entre eles o cubismo e o dadaísmo. No início da década de 1920, Regina passou a se dedicar profissionalmente à arte, fazendo parte da sociedade intelectual da época. Foi assim que conheceu o poeta, escritor, ensaísta e dramaturgo Oswald de Andrade e que foi convidada para expor na Semana de Arte Moderna suas obras de tapeçaria, que já traziam elementos do movimento Art Déco.

No ano seguinte, 1923, a artista realizou uma pesquisa sobre tecelagem indígena do Alto Amazonas, fato que a tornou uma das pioneiras no interesse pela tradição dos povos originários brasileiros.

Mesmo com grande participação no movimento artístico da época, ainda é difícil encontrar registros sobre a história de Regina que não seja atrelada ao seu papel de “colaboradora”, “irmã” ou “esposa”.

Zina Aita

Retrato de Zina Aita (Foto: Domínio Público)

Também pouco reconhecida pelos seus trabalhos, Zina Aita, pintora, desenhista e ceramista, participou da Semana de Arte Moderna de 1922 com oito telas, que apresentaram sua tendência decorativa e preferência pela figura humana. As obras também deixaram evidente sua forte ligação com outro movimento artístico: o impressionismo.

Zina foi a pintora que levou o modernismo para Belo Horizonte, sua cidade natal.  Filha de empresários italianos imigrantes, morou por muito tempo na Itália – foi lá, inclusive, que passou seus últimos anos de vida. Mas a artista ficou no Brasil o bastante para deixar um legado. Dizem que Zina foi para Minas Gerais o que Anita Malfatti foi para São Paulo: as principais faces do modernismo. Curiosamente – ou não -, as duas foram, na época, muito criticadas por seus trabalhos.

HOMENS TRABALHANDO, ZINA AITA
Homens Trabalhando, de Zina Aita (Foto: Reprodução)

Apesar de ter feito obras importantes em tela, Zina também estudou cerâmica no exterior, com o designer italiano Galileo Chini, uma referência no setor. Em Nápoles, dirigiu uma fábrica de cerâmica e, a partir de então, trocou a pintura pelas artes industriais, sendo reconhecida internacionalmente e ganhando vários prêmios.

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