O dólar emendou a quarta queda e fechou a R$ 5,2732 hoje (1), menor valor em quatro meses e meio, com os mercados domésticos aproveitando o novo dia de recuo global da divisa norte-americana para seguir desarmando posições, na véspera da decisão de juros pelo Banco Central.
O dólar à vista caiu 0,62% no fechamento, aprofundando a baixa na série de quatro pregões para 3,04%. O valor da cotação é o mais baixo desde 16 de setembro do ano passado (R$ 5,2654).
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No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de moedas de países ricos acelerou a queda para 0,4%. Um índice do JPMorgan para divisas emergentes subia 0,16%, para máximas desde 24 de dezembro do ano passado. O dólar perdia valor contra 27 de 33 importantes pares nesta sessão, com moedas de perfil de risco, como o real, liderando os ganhos.
A moeda tem sentido o aumento de dúvidas sobre quão longe o banco central norte-americano (Fed) pode ir no processo de aperto monetário, conforme falas de autoridades do Fed indicam uma abordagem mais cautelosa à medida que mais dados apontam desaceleração da economia dos EUA.
Para comparação, alguns no mercado chegaram a citar sete altas de juros nos EUA neste ano, enquanto a maioria dos formuladores de política monetária do Fed fala em quatro.
Esse ajuste de expectativas – que atinge o dólar em cheio – ocorre ao mesmo tempo que o Banco Central do Brasil caminha para novo e agressivo aumento dos juros, de 1,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano, aumentando os retornos oferecidos por contratos de taxa de câmbio a termo da moeda brasileira.
A taxa de um ano desses contratos segue perto de 11,8%, nas máximas desde 2016. A alta volatilidade da taxa de câmbio reduz a taxa final quando ajustada, mas ainda assim o real aparece com juros acima de boa parte das demais moedas emergentes.
Isso pode reforçar um movimento recente de fluxo para mercados emergentes que estavam mais baratos em relação à média, com o Brasil aparecendo como ainda mais descontado num cenário em que as matérias-primas se valorizam e o mercado aguarda a eleição presidencial.
“O real já vem de um patamar fraco, num momento em que os preços das commodities estão altos e o ‘carry’ (retorno) das taxas reais de juros é o mais elevado entre (as moedas de) mercados emergentes, o que poderia ajudar a evitar uma grande depreciação normalmente observada no período de seis meses (antes de eleições presidenciais)”, disseram estrategistas do JPMorgan em nota.
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As eleições presidenciais de outubro têm sido citadas por vários analistas como fonte de volatilidade para a taxa de câmbio nos meses que a antecedem.
“De um ponto de vista qualitativo, sabemos pouco em termos de direção de política (econômica), mas, depois de analisarmos todas as eleições brasileiras do século 21, consideramos que a diferença de política entre o candidato A e B pode ser muito menor do que a distância entre A e Z, embora também existam exceções a esta norma”, completaram.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) têm sido os mais citados em pesquisas de intenção de voto para Presidência da República, com o petista na liderança.
O Bradesco baixou de R$ 5,70 para R$ 5,50 sua previsão para o patamar do dólar ao fim de 2022, citando o aumento dos juros locais, mas ponderou riscos vindos da política monetária norte-americana e da situação fiscal brasileira. “As projeções para a taxa de câmbio seguirão sendo desafiadas pelos cenários global e doméstico”, resumiu o departamento de pesquisa econômica da instituição em relatório de cenário.
(Com Reuters)
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