Dólar se mantém abaixo de R$ 5 e cai após três altas

Moeda norte-americana recuou 0.43%, finalizando a sessão a R$ 4,96
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O dólar até chegou a renovar máximas em um mês durante o pregão de hoje (27), mas os picos além de R$ 5,04 chamaram vendas, e a moeda fechou em queda pela primeira vez em quatro sessões, mantendo-se abaixo de R$ 5 em dia sem intervenção do Banco Central.

A melhora do humor externo e a tentativa de estabilização de algumas divisas duramente castigadas nas últimas sessões, assim como o real, respaldaram a correção no preço do dólar no Brasil.

Ao fim dos negócios no mercado interbancário, a cotação caiu 0,43%, a R$ 4,9682 na venda. O dia foi de vaivém, no entanto, com o dólar indo de alta de 1,03% (para R$ 5,0412, maior nível desde 18 de março) a queda de 1,23% (para R$ 4,9284).

A desvalorização do dólar nesta quarta veio depois de a moeda engatar três pregões de ganhos, ao longo dos quais acumulou salto de 8,04% – o mais forte nessa base de comparação em quase cinco anos.

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A escalada foi tamanha que impulsionou uma medida de quão fora da curva estão os movimentos do mercado (o IFR-14) a um pico desde dezembro passado e fez a moeda superar sua média móvel de 50 dias pela primeira vez desde janeiro.

No exterior, o dólar seguia sua marcha de alta nesta quarta-feira, batendo os maiores patamares em cinco anos frente a uma cesta de moedas de países ricos. Contra emergentes, porém, a divisa se estabilizou, após quatro altas consecutivas. Outros ativos de risco, como ações, também mostraram alguma recuperação após os tombos da véspera.

Apesar do alívio por aqui, o dólar ainda acumula ganho de 7,57% desde o último dia 20, quando fechou em R$ 4,6186.

“Acredito que o real vá ficar ‘dançando’ entre o valor fundamental de R$ 4,5, R$ 4,6 (por dólar) e o valor mais estressado –quando o Fed fala mais grosso ou há algum problema político aqui – em torno de R$ 5, R$ 5 e pouco”, disse o economista-chefe da XP, Caio Megale.

O economista não vê o dólar voltando a patamares a partir de R$ 5,50, que ele enxerga como “muito descolados”, considerando sobretudo a valorização das commodities nos últimos meses.

Por ser exportador líquido de matérias-primas, o aumento dos preços desses insumos fortalece a perspectiva de mais ingresso de capital ao Brasil, aumentando, assim, a oferta de dólar, o que potencialmente baixaria o preço da moeda.

Analistas defendem que o dólar não teria muito mais espaço para alta, conforme o custo de se vender reais está mais caro –o investidor abriria mão de um retorno nominal de cerca de 10% ao ano, “yield” que salta ainda mais aos olhos considerando o ponto de partida de uma nova operação de “carry trade” com o dólar a R$ 5.

Isso, contudo, não é unanimidade.

“Não tenho interesse em vender a descoberto o dólar norte-americano agora, e certamente não o faria em relação ao real. Sim, reconheço que ainda estamos tecnicamente em uma tendência de baixa, mas o dólar norte-americano pode ser como uma bola de demolição contra tudo quando quer”, disse em nota Christopher Lewis, do DailyForex.

Em abril, o dólar sobe 4,31%, reduzindo as perdas no ano para 10,86%. Apesar da forte pressão cambial das últimas sessões, o real está apenas no meio da tabela dos piores desempenhos globais do mês –o rand sul-africano lidera com queda de 8%– e ainda ostenta com larga margem o posto de moeda com maior valorização em 2022.

(Com Reuters)

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