Da guerra contra piratas ao combate à extinção: 16 brasileiras que lutam pela causa animal

Elas protegem de baleias a coelhos e dedicam suas vidas a defender quem não tem voz
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Neiva Guedes, Luisa Mell e Juliana Camargo são algumas das brasileiras que defendem a causa (Foto: Arte)

No final de outubro, a bióloga brasileira Neiva Guedes, de 58 anos, entrou para o seleto “hall da fama” da ONU Mulheres – divisão das Nações Unidas destinada a promover a empoderamento feminino e a igualdade de gênero -, graças à sua atuação para salvar as araras-azuis da extinção. 

Há quase 40 anos estudando o comportamento da espécie, a brasileira fundou o Instituto Arara Azul e foi responsável pelo desenvolvimento de técnicas para a criação de ninhos artificiais, nos quais as aves podem se reproduzir e lutar naturalmente contra seu desaparecimento. Além de integrar o grupo de mulheres cientistas da ONU, Neiva também virou personagem da “Turma da Mônica”, uma maneira de homenagear sua luta de décadas. 

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Assistir ao reconhecimento de mulheres que dedicam suas vidas à causa animal é inspirador. Por isso, a Elas Que Lucrem fez uma seleção de brasileiras que, assim como Neiva, lutam ativamente pela proteção animal. De denúncias sobre maus tratos ao combate da caça de baleias, a lista é diversa e traz representantes do país inteiro.

Veja, a seguir, 16 mulheres que dedicam suas vidas a defender os animais:

Neiva Guedes, Instituto Arara Azul 

A bióloga Neiva Guedes é mestre em ciências florestais e doutora em zoologia (Foto: Divulgação)

A bióloga Neiva Guedes nasceu em Ponta Porã, município de Mato Grosso do Sul, um dos principais lares da arara-azul. Mestre em ciências florestais e doutora em zoologia, ela atua como pesquisadora e professora de mestrado em meio ambiente e desenvolvimento regional da Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal) e é fundadora e presidente do Instituto Arara Azul, que já existe há 30 anos.

Seu trabalho é voltado para a conscientização da população contra a caça ilegal da arara-azul, bem como sobre as mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento global e o desmatamento em alta escala, dado que essa espécie se reproduz apenas quando encontra boas cavidades naturais nos troncos das árvores, algo cada vez mais raro, principalmente em áreas urbanizadas. Ao perceber esse padrão, Neiva desenvolveu técnicas para a criação de ninhos artificiais para que as aves pudessem se reproduzir naturalmente. Uma ação simples que salvou uma espécie inteira da extinção. 

Fernanda Abra, Via Fauna

Fernanda foi reconhecida internacionalmente por seu trabalho de preservação da vida silvestre (Foto: Reprodução/ Instagram)

De acordo com levantamento do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), a cada 15 segundos um animal é morto por atropelamento nas estradas brasileiras. Foi observando essa realidade que a bióloga Fernanda Abra decidiu criar, em 2014, a consultoria ambiental Via Fauna, que oferece serviços como levantamento e monitoramento da fauna, estudos de impacto ambiental, mapeamento e identificação de pontos críticos nas estradas brasileiras, elaboração de plano de manejo e resgate. Uma das soluções estudadas por Fernanda para diminuir os atropelamentos são as passagens de fauna, como túneis sob as estradas, para que os animais possam fazer a travessia sem correr riscos. Aos 32 anos, com graduação em biologia e mestrado em ecologia, a brasileira foi reconhecida internacionalmente pela premiação Future for Nature por seu trabalho de preservação da vida silvestre. 

Luisa Mell, Instituto Luisa Mell 

Luisa Mell fundou seu instituto em 2015 (Foto: Reprodução/ Instagram)

Nascida em uma família judia de São Paulo, Marina Zatz de Camargo Zaborowsky, mais conhecida pelo nome artístico Luisa Mell, é uma ativista, apresentadora, atriz e escritora brasileira formada em direito e teatro. Após a estreia em 2002 de seu programa “Late Show”, da RedeTV!, passou a se envolver com os direitos e defesa dos animais. 

Em 2015, fundou o Instituto Luisa Mell, uma ONG de proteção animal e do meio ambiente que atua no resgate de animais feridos ou em situação de vulnerabilidade, além de promover a recuperação dos bichinhos e colocá-los para adoção. Em fevereiro de 2019, o instituto fez o maior resgate de cães do mundo. Mais de 1,5 mil deles, sendo 100 cadelas prenhas, de diversas raças em estado de maus-tratos foram resgatados do canil Céu Azul, na cidade de Piedade, interior de São Paulo.

Juliana Camargo, Marcele Becker e Cassiana Garcia, Ampara Animal e Ampara Silvestre

Juliana Camargo, Marcele Becker e Cassiana Garcia são as cofundadoras da Ampara (Foto: Divulgação)

As amigas Juliana Camargo, Marcele Becker e Cassiana Garcia são as fundadoras da Ampara Animal (Associação de Mulheres Protetoras dos Animais Rejeitados e Abandonados). Criada em 2010 com o intuito de mudar a realidade dos animais abandonados do Brasil, a ONG se tornou referência no assunto ao financiar ração, medicamentos, vacinas e atendimento veterinário para abrigos parceiros, além de promover eventos de adoção e ajudar a profissionalizar a gestão desses locais. Atualmente, são mais de 450 abrigos parceiros espalhados pelo país, que somam cerca de 10 mil animais impactados todos os meses. 

Para Juliana, idealizadora do projeto, o amor pelo tema surgiu durante a graduação de turismo, quando as aulas de ecologia e sustentabilidade despertaram seu interesse pela preservação da natureza. Pouco tempo depois, ela se tornou ativista na AILA (Aliança Internacional do Animal), onde percebeu que queria dedicar sua carreira às espécies resgatadas. 

Em 2016, foi fundada a Ampara Silvestre, braço da instituição destinado ao cuidado de espécies selvagens, como as onças. O projeto tem como objetivo resgatar os animais de cativeiros e áreas urbanas, reintroduzindo-os na natureza e auxiliando na preservação da biodiversidade brasileira.  

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Silvia Pompeu, Rancho dos Gnomos 

Silvia Pompeu criou o projeto em 1991 ao lado do marido, Marcos Pompeu (Foto: Divulgação)

Mês passado, Úrsula, uma ursa de 22 anos que vivia no zoológico Parque Dois Irmãos, em Recife, Pernambuco, foi transferida para o interior de São Paulo. O motivo: Úrsula estava fora de seu habitat natural. O mesmo aconteceu com Mizar, uma ursa-parda resgatada em 2019 de um circo que viajava o nordeste. A ursa desenvolveu uma artrose, doença degenerativa que afeta as cartilagens nas articulações, e ganhou em setembro deste ano uma adaptação de “cadeira de rodas” para ajudar nas sessões de fisioterapia. 

Esse é o trabalho do Santuário Rancho dos Gnomos, que fica em uma área montanhosa de Joanópolis, em São Paulo, com temperaturas amenas, entre 9ºC e 16ºC, e por isso se aproxima ao habitat natural dos ursos e outros animais silvestres. O projeto foi criado em 1991 por Silvia Pompeu e o marido Marcos Pompeu, e, em 2000, ganhou o status de ONG. Hoje, o santuário abriga de cães a ursos, uma vez que prima pela preservação, conservação e recuperação das faunas silvestre, exótica, nativa, doméstica, domesticada e migratória. Os animais que chegam ao santuário foram vítimas de maus tratos, queimadas, desmatamentos e cativeiro e, muitas vezes, estão mutilados, cegos e até doentes. Por isso, a ONG é focada na recuperação plena dos bichos e não permite a visitação pública ao espaço. 

Nina Rosa Jacob, Instituto Nina Rosa

Nina é a autora do documentário “A Carne É Fraca” (Foto: Reprodução/ YouTube)

Nina Rosa Jacob fez de uma experiência dolorosa a porta de entrada para o ativismo. Com o falecimento da sua cadela, carinhosamente chamada de Chica, em 1994, ela ingressou como voluntária em ONGs que defendiam os direitos e a vida dos animais. Seis anos depois, fundou o Instituto Nina Rosa, projeto que visa sensibilizar e educar a população para o tema. 

Foi com esse olhar de conscientização que ela produziu o documentário “A Carne É Fraca”, longa que aborda os impactos da dieta carnívora para a saúde humana, para os animais e para o meio ambiente. A produção é considerada pelos vegetarianos como um dos conteúdos mais completos sobre o tema, além de ser voltado para a realidade da pecuária brasileira.

Bárbara Veiga

Bárbara é autora do livro “Sete Anos em Sete Mares” (Foto: Bárbara Veiga/Divulgação)

A jornalista, fotógrafa e documentarista iniciou sua trajetória como ativista ambiental em organizações como Greenpeace, Amazon Watch, Institute Labour Organization,  Avaaz e Sea Shepherd. Passou sete dos seus 38 anos de sua vida viajando em alto mar por 84 países em defesa dos animais marítimos. A experiência rendeu um livro, “Sete Anos em Sete Mares”, além de quatro prisões, abordagens por piratas africanos, tempestades em alto mar e enfrentamento de pescas ilegais. 

Em um dos seus episódios mais conhecidos como ativista, em 2011, infiltrou-se em uma comunidade da Ilhas Faroe, território dinamarquês entre a Escócia e a Islândia,  para a produção de um documentário sobre o massacre das baleias. A região é conhecida por abrigar um ritual de origem viking (conhecido por “grindadráp”) que envolve a matança de 1.600 animais da espécie todos os anos. Suas imagens rodaram o mundo  e conseguiram impedir a violência. 

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Gabriela Toledo, PEA

Gabriela também fundou o ProBicho Centro Veterinário (Foto: Reprodução/ Instagram)

A designer e veterinária é fundadora do PEA – Projeto Esperança Animal, uma organização brasileira sem fins lucrativos que luta contra o uso de animais em laboratórios, para o entretenimento, como em circos ou rodeios, e em qualquer tipo de comércio. A PEA disponibiliza uma lista de empresas nacionais que não possuem testagem animal em todo o processo de fabricação de seus produtos, que vão de cosméticos a produtos de limpeza.

A instituição recebeu, em 2005, a qualificação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fornecida pelo Ministério da Justiça. Fundada em 2003, conta com mais de 12 mil ativistas ao redor do Brasil e não é o único trabalho de Gabriela com os animais. Ela também fundou o ProBicho Centro Veterinário, que realiza ações comunitárias para animais domésticos, além de atendimento a animais silvestres e exóticos. 

Adelita Santiago, Glayce Ingracia de Carvalho, Roberta Vano, Santuzza Andrade de Affonseca, Thais Paula Souza e Jacqueline N. Cunha,  GAC – Grupo de Apoio aos Coelhos

Santuzza é uma das fundadoras do GAC (Foto: Divulgação)

Criada em 2016 pelas amigas Adelita, Gleyce, Roberta, Santuzza (foto), Jacqueline e Thais, o GAC (Grupo de Apoio aos Coelhos) é a primeira ONG destinada ao bem-estar desses animais no Brasil. O projeto atua na região metropolitana de São Paulo e Campinas, impactando cerca de 800 animais que sofreram com abandono, maus tratos ou debilidades físicas. O trabalho também inclui a educação da população, que muitas vezes não está ciente sobre os cuidados necessários na hora de adotar um “orelhudo”. 

Uma vez recolhidos do local, os coelhos do projeto são atendidos por veterinários e abrigados em lares temporários da região, passando por banho, tosa, vermifugação e castração. A GAC também é mediadora de processos de adoção, garantindo que os coelhos sejam entregues para bons adotantes e permaneçam seguros. 

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