25 personagens femininas que marcaram os 70 anos das telenovelas brasileiras

De mocinhas desavisadas a vilãs sem escrúpulos, atrizes protagonizaram momentos inesquecíveis na televisão
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Betty Faria foi a Tieta em novela de mesmo ano, exibida em (Foto: Divulgação)

As novelas, gênero mais popular da televisão brasileira, completam hoje (21) 70 anos da primeira transmissão no país. Contadas em doses homeopáticas, em capítulos que podem se estender por meses ou até anos, essa categoria de entretenimento caiu no gosto do brasileiro e ganhou o mundo. Muitos títulos da TV Globo, a principal produtora desse tipo de conteúdo, foram exibidos em outros países, com legendas para o idioma local.

A origem das novelas remete ao teatro da década de 1930. O radioteatro começou na Rádio Nacional três meses após a sua inauguração, com transmissão de diálogos humorísticos e números musicais, em dezembro de 1936. Já a primeira radionovela – “Em Busca da Felicidade” – foi transmitida pela mesma emissora em 5 de junho de 1941.

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“Sua Vida me Pertence”, de Walter Forster, é considerada a primeira telenovela brasileira. Exibida na TV Tupi duas vezes por semana, ao vivo, a obra tinha apenas 20 capítulos de 15 minutos de duração cada. A estreia ocorreu em 21 de dezembro de 1951, com Vida Alves – famosa por protagonizar o primeiro beijo da televisão brasileira ao lado de Walter Forster nesta mesma obra -, Lia de Aguiar, Dionísio de Azevedo e Lima Duarte no elenco.

Já “2-5499 Ocupado”, da TV Excelsior, foi a primeira produção a ser transmitida diariamente, com 30 minutos de duração. Com estreia em julho de 1963, a novela contava com Tarcísio Meira e Glória Menezes como o casal romântico da trama. Na Globo, a primeira produção de folhetins foi em 1965 – ano de sua fundação. “Ilusões Perdidas”, que estreou no dia 26 de abril, ficou no ar até 30 de julho do mesmo ano. No total, foram exibidos 56 capítulos. Leila Diniz e Reginaldo Faria formavam o par romântico da novela.

Para comemorar a data, relembre 25 personagens do gênero feminino que marcaram a história da teledramaturgia brasileira:

(Foto: Reprodução/TV Globo)

Gabriela

Novela: “Gabriela” (1975 e 2012)

Atrizes: Sônia Braga na primeira versão e Juliana Paes na segunda

A história baseada no livro “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado, se passa em 1925, quando Gabriela e seu tio deixam o sertão nordestino para fugir da seca. Durante a retirada, o tio morre e a menina prossegue com dois homens que conhece no caminho até o mercado dos retirantes, em Ilhéus, na Bahia. Lá, ela conhece o “turco” Nacib (Armando Bógus na primeira versão e Humberto Martins na segunda versão), proprietário do bar Vesúvio, que lhe oferece um emprego de cozinheira. A relação entre os dois, no entanto, evolui para muito além do vínculo trabalhista.

(Foto: Reprodução/Memória Globo)

Helenas (de Manoel Carlos)

Novelas: “Baila Comigo” (1981), “Felicidade” (1991), “História de Amor” (1995), “Por Amor” (1997), “Laços de Família” (2000), “Mulheres Apaixonadas” (2002), “Páginas da Vida” (2006), “Viver a Vida” (2009) e “Em Família” (2014)

Atrizes: Lilian Lemmertz, Maitê Proença, Regina Duarte, Vera Fischer, Christiane Torloni, Taís Araújo e Julia Lemmertz

A primeira Helena de Manoel Carlos, Lilian Lemmertz, deu vida à uma dona de casa que conviveu com o segredo de ter separado os filhos gêmeos. Já Maitê Proença, a segunda personagem de mesmo nome, conquistou o público com o jeito doce da personagem em “Felicidade”. Regina Duarte foi Helena em três obras diferentes do autor: “História de Amor”, quando formou um quadrilátero amoroso; “Por Amor”, dois anos depois, trama na qual mostrou o amor incondicional pela filha Eduarda (Gabriela Duarte) ao trocar seu bebê pelo filho morto da herdeira no hospital; e “Páginas da Vida”, em que sua personagem adota Clara (Joana Mocarzel), portadora de Síndrome de Down, assim que sua mãe biológica morreu no parto.

Já a Helena de Vera Fischer ficou conhecida por abrir mão de uma paixão pela filha Camila (Carolina Dieckmann) em “Laços de Família”. Christiane Torloni foi a mulher que se separou do marido, Téo (Tony Ramos), após 15 anos de casamento para viver uma nova paixão em “Mulheres Apaixonadas”. Coube a Taís Araújo interpretar a modelo internacional que abandonou a carreira no auge para se casar com o empresário Marcos (José Mayer) em “Viver a Vida”. A última Helena foi interpretada por Julia Lemmertz, filha de Lilian – a primeira protagonista com esse nome de Maneco, como o autor é conhecido. Ela viveu a paixão dos primos Helena e Laerte (Gabriel Braga Nunes) na novela “Em Família”.

(Foto: Reprodução/TV Globo)

Charlô 

Novela: “Guerra dos Sexos” (1983 e 2012)

Atrizes: Fernanda Montenegro na primeira versão e Irene Ravache na segunda

Feminista, Charlô, herdeira de 50% da cadeia de lojas de departamentos Charlô’s, tolerou o machismo e a prepotência do primo Otávio (Paulo Autran), com quem tinha que dividir o império varejista, ao longo de quase toda a trama. Para se livrar dessa obrigação, fez uma grande aposta, provou ao primo que era capaz e venceu. Mas ficou sensibilizada ao descobrir o segredo de Otávio e começou a enxergá-lo de outra maneira – até que a relação entre ambos muda completamente e eles acabam se casando. Após a união, ambos descobrem que teriam que dividir a herança com outros dois primos de Portugal. Muito elogiada, a novela escrita por Silvio de Abreu e direção de Jorge Fernando e Guel Arraes, foi uma das mais divertidas de todos os tempos, com cenas que, pela primeira vez na história da teledramaturgia brasileira, remetiam aos pastelões, à comédia rasgada e às cenas de aventura.

(Foto: Reprodução/TV Globo)

Viúva Porcina

Novela: “Roque Santeiro” (1985)

Atriz: Regina Duarte

A viúva Porcina ganhou prestígio em Asa Branca após fazer todos os habitantes acreditarem que tinha sido casada com Roque Santeiro (José Wilker), a quem teria conhecido em uma das viagens feitas por ele para vender seus santos. Segundo a versão da protagonista, eles teriam se casado poucos dias antes de Roque Santeiro voltar à cidade natal e morrer. Porcina, amante de Sinhozinho Malta (Lima Duarte), tinha uma das maiores fazendas da região e ostentava sua riqueza e poder. Tida como santa, tinha comportamento muito duvidoso. A novela – uma sátira à exploração política e comercial da fé popular – foi a primeira de Dias Gomes exibida no horário das oito. Até então, o autor era exclusivo das tramas das dez horas da noite.

(Foto: Divulgação)

Odete Roitman e Heleninha

Novela: “Vale Tudo” (1988)

Atrizes: Beatriz Segall (Odete Roitman) e Renata Sorrah (Heleninha)

Com vários apartamentos espalhados pelo mundo e residência fixa em Paris, Odete Roitman odiava o Brasil. Presidente do grupo Almeida Roitman desde a morte do marido, a autoritária executiva vivia em conflito com a filha Helena, a quem não perdoava por sua fraqueza (o alcoolismo), e com o filho Afonso (Cássio Gabus Mendes), que preferia seu país de origem à capital francesa. Manipuladora, humilha os subordinados e todos que estão em posições inferiores à dela. Irmã de Celina (Nathalia Timberg) e amante de César (Carlos Alberto Riccelli), é assassinada nos capítulos finais, levando o país todo a repetir o bordão “quem matou Odete Roitman?”. 

Além das personagens de Odete Roitman e Heleninha, a novela escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor  Bassères e direção de Dennis Carvalho e Ricardo Waddington, ressaltou outras personagens femininas de muita expressão, como Raquel (Regina Duarte) e Maria de Fátima (Glória Pires). Esta última, uma humilde guia de turismo, vivia com a filha, uma jovem ambiciosa e sem escrúpulos, um dos principais conflitos da novela: honestidade x desonestidade. 

(Foto: Divulgação/TV Globo)

Tieta e Perpétua 

Novela: “Tieta” (1989)

Atrizes: Claudia Ohana (Tieta na fase jovem), Betty Faria (Tieta mais velha) e Joana Fomm (Perpétua)

Mais uma novela inspirada na obra de Jorge Amado, o enredo de Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn conta a história da bela e apaixonada pela vida Tieta, expulsa de Santana do Agreste aos 18 anos por ser livre, desbocada e, principalmente, rebelde. De volta 20 anos depois, rica graças à suposta ajuda de um comendador, ela só tem uma coisa em mente: vingança.

Irmã mais velha de Tieta, Perpétua vivia de luto, frustrada e era claramente uma falsa cristã. Ela, que odiava a irmã e tinha responsabilidade direta sobre a expulsão de Tieta da cidade, passou a bajulá-la ao saber de sua conta bancária. 

(Foto: Reprodução/TV Globo)

Maria do Carmo

Novela: “Rainha da Sucata” (1990)

Atriz: Regina Duarte

Filha de Onofre (Lima Duarte) e Neiva (Nicette Bruno), Maria do Carmo era uma empresária de sucesso, que fez fortuna graças à operação de um ferro velho – negócio que lhe originou o apelido de Rainha da Sucata. Ela percorre um longo caminho de mudanças e adaptações até conquistar o bairro dos Jardins, em São Paulo, em mais uma obra com enredo de Silvio de Abreu.

(Foto: Divulgação/TV Manchete)

Juma Marruá 

Novela: “Pantanal” (1990)

Atriz: Cristiana Oliveira

Uma das poucas novelas de sucesso a ser produzida por outra emissora, “Pantanal”, exibida pela TV Manchete e escrita por Benedito Ruy Barbosa, conta a história de Juma Marruá, uma mulher que se transformava em onça-pintada quando se sentia ameaçada, assim como acontecia com sua mãe, Maria Marruá (Cassia Kiss). A protagonista vivia uma história de amor com Jove (Marcos Winter). A novela ganhará um remake na Globo, programado para 2022, com Alanis Guillen no papel principal.

(Foto: Divulgação/TV Manchete)

Xica da Silva

Novela: “Xica da Silva” (1996)

Atriz: Taís Araújo

Xica da Silva foi inspirada em uma história real. A novela, escrita por Walcyr Carrasco e exibida na TV Manchete, conta a saga de Xica, uma escrava que virou rainha em pleno século 18. Ela conquistou um marido rico e branco, deixou de ser escrava e escandalizou a sociedade hipócrita de sua época. Com a personagem, Taís Araújo se tornou a terceira atriz negra a protagonizar uma telenovela brasileira, depois de Yolanda Braga em “A Cor da Sua Pele” (1965), da TV Tupi, e Ruth de Souza, em “A Cabana do Pai Tomás” (1968), na Globo.

(Foto: Divulgação/TV Globo)

Catarina Batista 

Novela: “O Cravo e a Rosa” (2000)

Atriz: Adriana Esteves

Filha de Nicanor Batista (Luís Melo) e irmã de Bianca (Leandra Leal), Catarina jurou jamais se casar, pois não queria ser dominada por um homem. Ela tinha ideias modernas para a época, como dirigir, escrever artigos sobre direitos femininos, participar de movimentos pró-mulheres, mas sem ser uma feminista de carteirinha. Com uma personalidade forte, cria situações divertidas para afastar pretendentes. No entanto, ela se apaixona por Julião Petruchio (Du Moscovis), com quem vive em constante pé de guerra. Primeira novela de Walcyr Carrasco na Globo, a obra – uma adaptação de “A Megera Domada”, de William Shakespeare, conquistou o público das seis por seu humor.

(Foto: João Miguel Júnior/TV Globo)

Maria do Carmo e Nazaré Tedesco

Novela: “Senhora do Destino” (2004)

Atrizes: Carolina Dieckmann (Maria do Carmo na fase jovem) e Susana Vieira (Maria do Carmo na fase mais velha); Adriana Esteves (Nazaré Tedesco na fase jovem) e Renata Sorrah (Nazaré Tedesco na fase mais velha)

A novela de Aguinaldo Silva narra a história de Maria do Carmo, que teve a filha Lindalva (Carolina Dieckmann) sequestrada ainda bebê. A partir daí, seu principal objetivo era reencontrar a filha. Solidária, segura de si e disposta a tudo para manter a família unida, vivia um romance com Dirceu de Castro (José Mayer) e passou quase toda a trama recusando as investidas de Giovanni Improtta  (José Wilker). Já Nazaré era a vilã da história, que fingiu uma gravidez para segurar o namorado casado. Louca para abandonar a prostituição, apostou todas as fichas na relação que mantinha com Luís Carlos Tedesco (Tarcísio Filho) – para isso, sequestrou a filha de Maria do Carmo e a apresentou ao amante como fruto de sua relação com ele. 

(Foto: Estevam Avellar/TV Globo)

Nina/Rita e Carminha 

Novela: “Avenida Brasil” (2012)

Atrizes: Mel Maia (Rita quando criança) e Débora Falabella (Rita/Nina na fase adulta); Adriana Esteves (Carminha)

Filha de Genésio (Tony Ramos), Rita perdeu o pai na infância e foi abandonada pela madrasta, Carminha, no lixão. Lá, foi criada por mãe Lucinda (Vera Holtz) até mudar para a Argentina, onde aprendeu gastronomia. De volta ao Brasil, a jovem, que passa a adotar o nome de Nina, cria um disfarce para se vingar da madrasta. Infiltrada na mansão de Tufão (Murilo Benício), um famoso ex-jogador com quem Carminha se casou depois da morte de Genésio, Nina se vê às voltas com a paixão de infância com Jorginho (Cauã Reymond), que pode colocar tudo a perder.  Escrita por João Emanuel Carneiro, a novela levou a atriz Adriana Esteves a outro nível na teledramaturgia brasileira graças à falta de escrúpulos e maldades de sua personagem.

(Foto: Divulgação/TV Globo)

Lurdes 

Novela: “Amor de Mãe” (2019)

Atriz: Regina Casé 

Mãe de Magno (Juliano Cazarré), Ryan (Thiago Martins), Érica (Nanda Costa) e Camila (Jéssica Ellen), Lurdes passa a vida procurando seu quinto filho, Domênico (Chay Suede), vendido pelo próprio pai para uma traficante de crianças do Rio de Janeiro. A novela de Manuela Dias foi interrompida pela pandemia de Covid-19 após a exibição de 102 capítulos, em março de 2020, e só voltou para a programação da TV Globo em março do ano seguinte. A performance de Regina Casé como a mãe humilde e sofrida que não desiste do filho fez com que a atriz fosse ovacionada no red carpet do Emmy. Infelizmente não deu para a novela brasileira, que foi preterida por uma produção chinesa.

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