Dia Internacional do Voluntariado: conheça 6 brasileiras que dedicam suas vidas às causas sociais

De Luisa Mell a Gabriela Mansur, elas fazem parte dos 7,2 milhões de pessoas que praticam o voluntariado no país
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Imagem de Madre Teresa de Calcutá na Basílica de São Pedro, no Vaticano, para cerimônia de canonização (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)

No dia 4 de setembro de 2016, quando já fazia quase duas décadas de sua morte, Madre Teresa de Calcutá foi oficializada como santa pelo Vaticano. Frequentemente listada entre as personalidades mais conhecidas do século 20, ela ficou conhecida pelo impacto de suas iniciativas em prol da sociedade. Após fundar a congregação Missionárias da Caridade, em 1950, a cristã ajudou populações desfavorecidas ao longo de 133 países – incluindo o Brasil. 

Hoje, seu projeto continua ativo e conta com cerca de 4.500 membros. A sede fica em Calcutá, capital do estado de Bengala Ocidental, na Índia, local onde a congregação foi fundada – foi daí que o complemento ao nome religioso nasceu. No entanto, embora a região seja muito importante para a sua história, os atos de voluntariado não ficaram restritos ao país. Foi com ações mundiais que Madre Teresá começou a ser reconhecida pela sua intensa caridade, recebendo o Prêmio Nobel da Paz em 1979. 

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Quando se trata de voluntariado, é difícil não lembrar dela, um grande espelho para quem se dedica às causas sociais. No Brasil, a atividade é praticada por, aproximadamente, 7,2 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020. Esse número é equivalente a 4,3% da população acima dos 14 anos. 

Para honrar essas – e tantas outras pessoas pelo mundo – a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu, no dia 5 dezembro de 1985, o Dia do Voluntariado Internacional, com o objetivo de promover ações de caridade em todas as esferas da sociedade. Nesta data comemorativa, a Elas Que Lucrem decidiu listar seis brasileiras que fizeram do voluntariado suas vidas em prol das mais variadas causas. Veja, a seguir, quem são elas:

1. Alcione Albanesi – Combate à fome 

Alcione Albanesi, fundadora da FLC (Foto: Divulgação)

Alcione Albanesi, 59 anos, era proprietária de uma das maiores empresas brasileiras do segmento de lâmpadas, a FLC,  quando passou a dividir seu tempo entre o escritório e as comunidades carentes do sertão nordestino. Impactada pela realidade daquelas famílias,  ela fundou, em 1993, a ONG Amigos do Bem, com o objetivo de levar moradia, educação, renda e alimentação aos moradores da região. 

Quase 20 anos após a fundação do projeto, a executiva decidiu vender 80% do seu negócio e emprestar a sua habilidade de gestão integralmente à expansão da organização. A decisão deu certo: atualmente, a rede conta com mais de 9.000 voluntários e consegue impactar diretamente a vida de 75 mil pessoas todos os meses. 

Além da doação mensal de 100 mil cestas básicas, a Amigos do Bem também fornece cerca de 30 mil atendimentos médicos por ano no sertão. Já o ônibus escolar do projeto chega a percorrer 250 mil quilômetros por ano para auxiliar 10 mil estudantes que precisam chegar até a escola. À frente do combate à seca, uma das maiores mazelas da região, a ONG também é responsável por distribuir 400 milhões de litros de água para os domicílios. 

2. Regina Moraes – Proteção aos idosos

Regina Moraes (Foto: Divulgação)

Filha caçula de Antônio Ermínio de Moraes, antigo presidente do Grupo Votorantim, Regina Moraes cresceu rodeada de familiares mais velhos. Caçula de nove irmãos, ela chegou de surpresa, quando todos pensavam que a árvore genealógica da família Moraes havia estagnado. Sua proximidade com os familiares mais velhos, no entanto, foi uma via de mão dupla: ela os alegrava, enquanto eles eram fonte de aprendizado e respeito. 

Já adulta, todos os assuntos que envolviam a terceira idade emocionavam Regina, que ficou extremamente chocada quando descobriu que nove entre 10 iniciativas sociais eram voltadas para jovens e crianças. Seu questionamento inicial foi: e quanto aos idosos? O incômodo não foi passageiro. Realmente abalada pela constatação, ela decidiu fundar o  Instituto Velho Amigo, que promove a melhoria da qualidade de vida de mais de 1.300 idosos pelo Brasil.

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Há 21 anos à frente do Instituto, hoje Regina também é idealizadora e apresentadora do Retrato Social, uma websérie que narra a trajetória de pessoas que se dedicam às causas sociais. Para ela, a filantropia sempre foi um caminho almejado. Seu pai, falecido em 2014, trabalhava arduamente em prol da Cruz Verde da Beneficência Portuguesa. Por meio de eventos, angariava fundos para as instituições, comportamento que Regina cresceu assistindo e que a inspirou a seguir em frente com o voluntariado. 

3. Luisa Mell – Defesa dos animais 

Luisa Mell (Foto: Divulgação)

Luisa Mell nasceu Marina Zatz de Camargo Zaborowsky. A paulista de família judia começou sua carreira na TV como apresentadora no programa “Late Show”, da RedeTV!, em 2002. Desde então, é um dos principais nomes na defesa dos direitos dos animais. 

Em 2015, a ativista, apresentadora, atriz e escritora fundou o Instituto Luisa Mell, uma ONG de proteção animal e do meio ambiente que atua principalmente no resgate de animais feridos ou em situação de vulnerabilidade, promove a recuperação e coloca os bichinhos para adoção. Em fevereiro de 2019, o instituto foi responsável pelo maior resgate de cães do mundo: foram mais de 1.500 resgatados, sendo 100 cadelas prenhas.

4. Maria Terezinha Braga – Educação 

Aos 66 anos, Maria Terezinha Braga abandonou a escola aos 13 para trabalhar como cabeleireira em São Paulo e montou seu próprio salão de beleza. No entanto, provou que nunca é tarde para recomeçar e, aos 42 anos, voltou aos estudos. Após finalizar seu magistério aos 44 anos, Terezinha se tornou pedagoga e passou a dar aulas.

Ela já atuava junto à entidade Seicho-No-Ie, Movimento Internacional de Paz Pela Fé, como palestrante da sede no Brasil, levando a ideia do movimento para o restante do país. A iniciativa surgiu no Japão em 1930 e tem como missão promover a iluminação da sociedade.

Em 2008, idealizou a abertura de um curso para alfabetizar adultos da fundação. Segundo ela, a maioria de seus alunos são japoneses que imigraram para o Brasil, mas não haviam aprendido o português. Por meio de suas aulas, a professora inspira autoconfiança nos adultos para que eles possam atingir o seu potencial, sem importar a idade.

5. Rebeca Pelosof – Saúde  

Rebeca Pelosof realiza atendimento na rua (Foto: Divulgação)

A estudante de medicina Rebeca Pelosof e sua mãe, a médica Adriane Graicer Pelosof, participaram de uma ação de Natal da ONG SP Invisível no final de 2019, organização que ajuda pessoas em situação de rua. Depois desse dia, Rebeca decidiu que também queria ajudar outras pessoas mais necessitadas, mas, na época, ainda não sabia como. 

Em maio de 2020, em plena pandemia de Covid-19, teve a ideia de criar um projeto social. Batizado de Saúde da Rua, a iniciativa tinha como objetivo rastrear casos do novo coronavírus em moradores de rua. Para tirar a ideia do papel, Rebeca contou com a ajuda da mãe, de uma amiga do curso de medicina, Cibele Akaki, e do primo Gustavo Gracier.

Ao longo de 2020, nos primeiros seis meses de atuação do projeto, o grupo realizou 17 ações, com a participação em três eventos da ONG Human Day, que atua desde 2017 repensando o acesso a serviços essenciais para as pessoas que vivem nas ruas de São Paulo.

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Em 2021, o Saúde da Rua ganhou corpo e já realizou mais de 13 ações. Na cidade de São Paulo, atua pelo menos duas vezes por mês, nas duas comunidades do bairro do Grajaú: Comunidade da Toca e Comunidade Anchieta. 

“Percebemos que a Covid-19 era só a ponta do iceberg, pois muitos tinham problemas mais urgentes a serem tratados. Começamos realizando duas ações por semana. Em um mês, não sei nem como explicar, tivemos um boom. Uma estudante de medicina de Campinas falou com a gente e abriu uma filial do projeto na cidade. A Human Day nos convidou para ser o braço de saúde da ONG e tivemos mais de 200 pessoas interessadas em ser voluntárias, sendo 150 delas estudantes da área da saúde e 79 médicos formados”, disse numa entrevista.

Rebeca conta que o grupo vai além do atendimento médico, com a distribuição de kits de higiene pessoal, remédios e até encaminhamento de pacientes com casos graves a hospitais. 

Além da capital paulista, o programa também faz ações em Campinas,  São José do Rio Preto e São Carlos, no interior de São Paulo, e Itajaí, em Santa Catarina.

6. Gabriela Manssur – Violência contra a mulher 

Gabriela Manssur (Foto: Divulgação)

Ganhadora da Medalha Ruth Cardoso – reconhecimento às mulheres que atuam na luta pelos direitos femininos – , Gabriela Manssur é promotora de justiça do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid), em São Paulo e um dos principais nomes do enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil. 

Agora com 44 anos, Gabriela iniciou a trajetória de atendimento às mulheres violentadas em 2007, quando auxiliava essas pessoas na cidade de Embu-Guaçu. Mais tarde, a promotora desenvolveu o Tem Saída, em parceria com a prefeitura de São Paulo, o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e a ONU Mulheres, que ajuda as vítimas a entrarem no mercado de trabalho. 

Gabriela também é uma das idealizadoras do Projeto Justiceiras, que acolhe meninas e mulheres vítimas de violência doméstica e orienta, promove ações, debates e auxilia essas pessoas a ter acesso à justiça para enfrentar os casos de agressão. No programa, há suporte gratuito de profissionais das esferas jurídicas e da saúde, como médicos e psicólogos. 

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