O dólar fechou o penúltimo pregão do ano em forte alta contra o real, em movimento exacerbado pela baixa liquidez, após novas mobilizações de funcionários públicos por aumentos salariais levantarem temores sobre mais gastos da União em 2022.
Depois de chegar a tocar R$ 5,7010 no pico da sessão, o dólar à vista fechou em alta de 0,97%, a R$ 5,6939 na venda, seu maior patamar desde o dia 21 deste mês (5,7394).
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Na B3, às 17:35 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,15%, a R$ 5,6930.
Servidores das carreiras típicas de Estado decidiram hoje (29), em assembleia, promover dias de paralisação das atividades em janeiro e avaliar a realização de uma greve geral em fevereiro, em protesto pela falta de uma política de reajuste salarial do governo do presidente Jair Bolsonaro.
O anúncio dessas categorias – que vem depois de auditores da Receita Federal e fiscais agropecuários já terem iniciado mobilizações – é mais uma reação à decisão do Executivo Federal de conceder aumentos no próximo ano apenas para categorias vinculadas às forças policiais, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.
A pressão do funcionalismo por ajustes salariais têm gerado receios entre investidores sobre mais despesas da União no ano que vem, depois de o governo já ter aberto espaço fiscal – por meio da PEC dos Precatórios, que altera a regra do teto de gastos – para financiar um programa de transferência de renda à população de R$ 400 por família.
“Alertamos para o risco de aumentos nos salários de servidores ainda no início deste quarto trimestre, em meio às discussões sobre a abertura de espaço fiscal em decorrência da PEC dos Precatórios”, disseram em nota analistas da Levante Investimentos.
“Esse deverá ser, além das eleições, um tema de estresse para os mercados – em especial, nos primeiros meses de 2022. À medida em que os riscos para o quadro fiscal brasileiro vão escalando, a tendência é de reação negativa por parte dos investidores.”
A credibilidade fiscal é um fator analisado por investidores estrangeiros na hora de direcionar recursos para um país, e, portanto, tem forte impacto na atratividade da moeda local.
Neste pregão, a baixa liquidez – com muitos operadores e investidores ausentes devido à aproximação do Ano Novo – exacerbou as movimentações no mercado de câmbio, segundo Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank.
A “briga” entre posições compradas e vendidas antes da formação da Ptax de fim de ano – que será amanhã (30) e, tradicionalmente, traz volatilidade aos mercados – também está no radar de agentes do mercado.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de derivativos. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições.
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Com o desempenho desta sessão, a penúltima do ano, o dólar acumula agora alta de 9,68% em 2021.
Weigt, do Travelex, disse que o mercado de câmbio doméstico deve enfrentar desafios em 2022, principalmente a partir do início da corrida eleitoral, mas afirmou que o ciclo de aperto de juros do Banco Central deve dar suporte ao real.
“É muito caro ficar vendido em real com a taxa de juros tão alta”, afirmou. A taxa Selic está atualmente em 9,25% ao ano, e a expectativa na mais recente pesquisa semanal Focus, do BC, é de que ela chegue a 11,50% em 2022.
Juros mais altos elevam a rentabilidade do mercado doméstico de renda fixa, o que tende a elevar o ingresso de recursos no Brasil e, consequentemente, beneficiar o real.
(Com Reuters)
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