Dólar fecha em queda de 0,70%, a R$5,385

Semana atormentada por riscos políticos-fiscais no Brasil e expectativa de fim dos estímulos à economia norte-americana fez a moeda acumular
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dólar fechou em queda nesta sexta-feira (20), mas não sem antes superar a barreira dos R$ 5,47, o que atraiu vendas, e a moeda acumulou firme alta na semana, sinal da maior exigência de prêmio de risco diante do aumento do burburinho político-fiscal doméstico e da leitura de que os EUA podem cortar estímulos antes do esperado.

O dólar à vista caiu 0,70%, a R$ 5,385 na venda, maior queda desde o dia 10 de agosto (-0,96%).

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O alívio depois da alta de quase 3% nas duas sessões anteriores não veio sem volatilidade. Entre a máxima (R$ 5,4765, alta de 0,98%) e a mínima (R$ 5,3711, queda de 0,96%), a cotação variou mais de R$ 0,10 centavos.

Hoje, o dólar também ensaiou um ajuste de baixa no exterior, embora mais tímido. O índice da moeda norte-americana frente a uma cesta de divisas recuava 0,14% no fim da tarde, após mais cedo renovar máximas em nove meses e meio.

Aqui, o dólar futuro negociado na B3 chegou ao fim da tarde em baixa de 0,65%, a R$ 5,3900, após cravar R$ 5,4840 pela manhã, maior patamar desde o começo de maio.

Em agosto, a moeda à vista ganha 3,39%, elevando a alta no ano para 3,73%.

Semana Turbulenta

O mercado já havia tempos que reagia mal ao noticiário de Brasília, com briga entre os Poderes e pressão por mais gastos, mas foi nos últimos dias que a “ficha caiu”, o que provocou uma onda de “stop-loss” (ordens automáticas de negociação de ativos para redução de perdas), o que fez o dólar disparar e levou os juros futuros a um salto de mais de 40 pontos-base em alguns vencimentos.

A sangria foi generalizada. O dólar subiu 2,65% na semana, valorização mais forte desde a semana finda em 9 de julho (+4,01%); o Ibovespa perdeu 2,6% em cinco dias; e os preços dos títulos públicos medidos pelo índice IMA Geral Total, da Anbima, caíram a mínimas desde abril.

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“Os investidores já estão colocando nos preços riscos de maior desancoragem das contas públicas, em um ambiente em que Lula segue ganhando espaço em pesquisas (de intenção de voto para presidente) em detrimento dos números de Bolsonaro”, disseram profissionais do Citi em nota.

Para o câmbio, há fatores adicionais que podem justificar contínua pressão sobre o real. Os termos de troca (razão entre preços de exportação e importação) sofreram um tombo com as fortes quedas do minério de ferro e já pouco dão suporte à taxa de câmbio.

Além disso, de forma geral o posicionamento indica apostas favoráveis ao real por parte de investidores domésticos, e num ajuste mais forte essas posições podem ser desfeitas, o que teria efeito de compra de dólar e impulsionaria ainda mais a moeda norte-americana.

E esse movimento poderia ser acelerado caso operadores passassem a enxergar valor no mercado de DI (depois dos tombos recentes nos preços dos contratos), o que os estimularia a abandonar posições de alta no real em benefício de caça a pechincha na renda fixa.

Toda a turbulência do contexto doméstico tem como pano de fundo um ambiente externo de cada vez mais intenso debate sobre se os EUA cortarão estímulos monetários ainda neste ano. Segundo o Barclays, o dólar poderia subir perto de 2% ante o real caso um salto de 30 pontos-base no juro real de cinco anos dos EUA provocasse uma queda de 5% no índice MSCI global para os mercados de ações.

No cômputo geral, a semana que vem começará já com a tônica do conservadorismo, com investidores à espera do simpósio anual do Fed de Kansas City em Jackson Hole, nos EUA, em que o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, falará na sexta-feira e poderá oferecer pistas sobre o futuro dos estímulos monetários.

(Com Reuters)

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