Não entre em pânico: a economia é cíclica e a crise vai passar

Períodos de instabilidade são, quase sempre, seguidos de recuperação
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Inflação alta, desemprego, dólar caro… O cenário parece desesperador, tanto para os brasileiros, que precisam absorver todos esses impactos no seu dia a dia, quanto para o governo, que busca soluções para melhorar a situação econômica. Claro que não é fácil manter a calma, principalmente quando o nosso dinheiro termina antes do fim do mês. Mas precisamos ter em mente que a economia é cíclica, ou seja, possui diversas fases que acabam se repetindo, como num looping.

Mas, afinal, como funciona esse ciclo? Desde os primórdios dos sistemas econômicos – do antigo Egito e do feudalismo europeu ao capitalismo atual -, quatro fases principais integram o curso da economia: declínio, crise financeira, recuperação e estabilidade.

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A fase de declínio é quando uma economia, que até então vivia um período de estabilidade, começa a dar sinais de que algo não está funcionando bem. No ano passado, por exemplo, ela começou logo após a quarentena, quando, obrigados ao isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19, os estabelecimentos comerciais viram suas vendas desabarem. O consumo, de forma geral, caiu drasticamente, afetando pequenos e grandes negócios e gerando, como consequência, mais desemprego.

Passado o período de declínio, a crise se instaura, ainda que o governo tente medidas para impedir essa progressão. Muitas vezes, ela é inevitável. É o caso, por exemplo, da Alemanha, que logo após o fim da Primeira Guerra Mundial sofreu terrivelmente com os impactos do conflito, que durou pouco mais de quatro anos, e com o Tratado de Versalhes, que impôs rigorosas sanções ao país. Na época, a produção industrial alemã caiu 57%, o setor agrícola recuou 50% e a inflação chegou a níveis elevados, como em novembro de 1922, quando atingiu 103,86%.

A história mostra, no entanto, que as crises costumam ser seguidas por períodos de recuperação. Uma das maiores tensões do sistema capitalista, em 1929, aparentava ser o fim do mundo, principalmente para os norte-americanos. O crash da bolsa de Nova York, em 24 de outubro – que ficou conhecido como a quinta-feira negra – provocou uma queda de 30% no índice e desencadeou o que até hoje é considerada a mais devastadora crise econômica na terra do Tio Sam. As turbulências duraram até 1933 e aproximadamente 25% da população do país ficou desempregada. No entanto, com a eleição de Franklin Roosevelt e a implantação do New Deal – plano para recuperar a economia e ajudar os mais atingidos pela Grande Depressão – o PIB norte-americano saiu de -1,4% naquele mesmo ano para 10,8% em 1934. Ou seja, exceto em condições que envolvam outros tipos de conflitos capazes de afetar a economia – como religiosos ou territoriais – as crises terminam, inevitavelmente, em recuperação.

Em seguida, vem a fase da estabilidade, como a vivida no Brasil em 2016. Com a nova matriz econômica implementada pelo governo de Dilma Rousseff em 2011, o governo passou a adotar a redução da taxa de juros e a elevação dos gastos públicos. O resultado foi alta da inflação, perda da credibilidade do Banco Central e queda do PIB, negativo em 3,8% em 2015. A mudança da política econômica após o impeachment da presidente, em 2016, que incluiu a implementação do teto de gastos, deu origem a um período de crescimento e de estabilidade interrompido no ano passado pela pandemia. 

Cada uma dessas fases possui um determinado tempo de duração, que varia em função do cenário e da gestão governamental de cada país. Ao longo da história, as crises duraram meses e até anos. Por outro lado, em algumas nações, os períodos de estabilidade permanecem até os dias atuais.

No Brasil, o principal problema é que os períodos de crescimento e estabilidade são curtos se comparados aos períodos de declínio e crise – reflexo do problema de gestão que o país enfrenta desde os primórdios de sua história econômica.

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No entanto, é necessário entender que, apesar da crise que enfrentamos atualmente, existirá um período de recuperação. A conclusão, portanto, é aproveitar as fases de crescimento e estabilidade para criar formas de se proteger de crises futuras, como, por exemplo, criar uma reserva financeira.

Carol Proença é estudante de economia e especialista de investimentos certificada

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